sábado, 19 de setembro de 2009

A “MULHER” das revistas femininas

Coluna Lara Carlette

Lavar, passar, cozinhar, cuidar do marido, dos filhos e da casa. Rainhas do lar, as mulheres foram, por bastante tempo, categorizadas socialmente no âmbito doméstico e submisso.

A mulher desta recente história assemelha-se aos modelos femininos presentes na família patriarcal, que é parte da história da colonização brasileira. Apesar do distanciamento temporal, as mulheres brasileiras representaram papéis subjugados até, praticamente, meados do século XIX e início do século XX.

Nesta época, rumores hollywoodianos já corriam pelo Brasil. A representação cinematográfica de mulheres românticas e sensuais começava a instigar o público feminino, que além de funções domésticas, desejavam ser sensuais e belas. Junto à popularização dos filmes, veio à indústria de massa oferecer, por meio das publicidades, formas para realizar todos os desejos e aspirações femininas.

Na década de 30, foi-lhes permitido o voto e, posteriormente, a Segunda Guerra Mundial abriu espaço no mercado de trabalho, espaço este preenchido prontamente pelas mulheres. Não tardou muito para que os bancos das universidades também fossem preenchidos pelo público feminino.

Em paralelo a essas transformações sociais, acontecia o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa no Brasil, as publicações se ampliaram tanto no número, como em conteúdo. O público feminino, que crescia e se diferenciava, também demandou publicações direcionadas.

As revistas femininas, em especial, têm papel decisivo nessa integração entre os desejos e as necessidades das mulheres e as imagens retratadas nessa mídia, norteando normas e padrões socioculturais.

O fenômeno da revista feminina nasceu e cresceu na Europa, em meados do século XVIII, mas no Brasil chegou apenas por volta de 1827. Aqui, começou com os jornais, primeiramente com a participação de mulheres na redação, e depois, com a direção das mulheres em publicações direcionadas a este público. Uma das publicações mais marcantes foi o Jornal das Senhoras, que lutava pela emancipação feminina.

A Família Echo das Damas, Sexo Feminino, Revista Feminina, Brasil Feminino, Fonfon, Lady, Cláudia, foram algumas das publicações femininas lançadas a partir de então.

Esta segmentação jornalística, no entanto, não aconteceu apenas para este público. O Jornalismo especializado eclodiu na década de 80, como conseqüência das exigências do público, que assim como as mulheres, necessitava de publicações endereçadas aos seus interesses específicos.

Mas não apenas os interesses ideológicos justificam a segmentação das publicações, mas também os interesses econômicos, já que cada veículo impresso era considerado uma mercadoria.

A prosperidade das revistas femininas tanto no contexto ideológico quanto econômico, influenciou o surgimento de revistas voltadas para assuntos cada vez mais inseridos no contexto da mulher independente e contemporânea, como saúde, forma física e a beleza, contribuindo para a formação de uma nova identidade.

Queridos blogueiros, esta é só uma “palhinha” de um estudo que desenvolvo sobre o a Utilização da Ciência no discurso pedagógico da mídia em Revistas femininas. Você pode conhecer tudo, no Congresso Lecomciência, que acontecerá entre os dias 9 e 11 de novembro, na Unesp de Bauru- SP.





















Lara Carlette escreve quinzenalmente no ContemporARTES.
laracarlette@gmail.com

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