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Exposição Instâncias (sub) instância: ocupação fotográfica
Ser professora de fotografia de artistas visuais é uma experiência indescritível. Criativos, pesquisadores de materiais plásticos, sonoros, táteis, visuais, eles se lançam num mergulho, sem medo, em águas profundas. A entrega é imediata, a cada nova asa, obturador e diafragma, a ideia, a luz, uma cor ou um devaneio.. uma objetiva normal, grande angular, um novo olhar. Nada é técnica sem antes ser sentir, ser estar, ser lugar, ser instâncias, (sub) instância.
O processo criativo nos fez aportar em lugares compatíveis com nossa metrópole, São Paulo, para exercermos o direito da ocupação fotográfica. Buscas na Avenida Paulista e na Bienal Internacional de Artes de São Paulo, nos colocou diante do outro, e nós, firmes no propósito de estar e ocupar a (sub) instância daquilo que era apenas lugar. No estúdio fotográfico, fomos ao encontro do retrato compartilhado, em que fotógrafo e fotografado são autores na mesma foto.
Longo processo criativo que ganhou novas configurações a medida que crescia em cooperação e descobertas. Parte do processo pode ser visualizado em: #visuais006 do Instagram.
A Coluna AS HORAS, retoma, após nosso recesso, com um texto da aluna Dalila Borba do 6º semestres de Artes Visuais, sobre a exposição que aconteceu no Espaço Cultural "Prof. Luiz Rogério Telles Scaglione", da Faculdade Paulista de Artes, no final de 2016.
Da exposição “Lugares: instâncias (sub) instância”
Texto de Dalila Borba
Uma instância é uma imagem que reserva um lugar no espaço, como reflexo de um original. A ideia de ocupar espaços abre diversos caminhos entre o consumo da cidade, da imagem, dos sonhos e dos anseios. Diversos são os lugares que desejamos ocupar, mas as instâncias são aquelas que se nutrem das características de uma substância e se modificam de acordo com o lugar.
Aqui os lugares se consolidam pelo seres presentes. Substâncias que modificam suas características, e levam a outros lugares as novas instâncias atribuindo valores aos espaços ocupados. Quais as possibilidades de uma substância em um lugar? A resposta está em quantos lugares nossas instâncias são capazes de ocupar.
Instáveis, como artistas, buscamos na nova linguagem as semelhanças e segurança que, até então, estavam no controle das nossas mãos. A fotografia se revelou ferramenta tão fluída quanto os pincéis, tintas, argilas e esmaltes. A intimidade permitiu que nossa substância permanecesse intocada, enquanto os retratos nos colocaram como instâncias vivas em cada cenário e cada nova experiência da linguagem que abusa da luz para mostrar cada parte que era importante naqueles momentos e naqueles lugares.
Mais do que retratos, a exposição Lugares: Instâncias [Sub] Instância imprimiu as novas possibilidades visuais, novos olhares sobre quem podemos ou queremos mostrar. Mas, como toda nova experiência proporciona transformações e reflexões, esses lugares não foram revelados apenas em papel. O brilho de cada espaço se tornou, também, luz nos túneis que pareciam sem fim para as expectativas, e alterou além do mostrar: modificou o ser.
Dessa experiência saímos artistas com uma peça a mais. Nos tornamos substâncias capazes de tornar concreto os abstratos dos sentimentos e das necessidades de nos multiplicar e expandir nossas percepções. E instâncias que cedem as instabilidades da certeza para ser plural nas formas, cores e agora, também, na luz que abriu caminho e revelou possibilidades.
Aluna de Visuais da FPA e expositora |
Dalila Borba é designer e ilustradora. Saiu da sua segurança dos desenhos para se aventurar na fotografia. Estabeleceu que romper limites é seu desafio, e gosta de se arriscar.
Momentos da exposição
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O encontro na Bienal: Incerteza Viva O encontro na rua |
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Performance de abertura |
"One More Time With Feeling": Nick Cave celebra a dor
O músico australiano Nick Cave lançou, no final deste ano, dois trabalhos inspirados em seu luto: o álbum “Skeleton Tree”, com Nick
Cave and The Bad Seeds e o documentário dirigido por Andrew Dominik, "One Time with Felling". Após a morte do filho de 15 anos em julho de 2015 num trágico acidente, ele preferiu passar um tempo na solidão, afastando-se inclusive das gravações de seu novo álbum. Apesar de estar mergulhado em profunda tristeza, esses dois recentes trabalhos tem sabor de resposta, após um período de pausa.
O filme evidencia o processo criativo de seu novo álbum, uma espécie de ode à dor.
Tive o privilégio de assistir a estreia no Brasil de “One Time With Felling”, dia 10.12 na
quarta edição do Festival SIM (Semana Internacional de Música) São Paulo, no
Caixa Belas Artes. O documentário intercala cenas de entrevistas com o músico em sua casa e no carro em movimento, com manking of no estúdio das gravações do novo álbum. Com 112 minutos de duração, o filme traça um paralelo entre a
dor e a criação. A montagem tem um movimento crescente, sai de um sentimento perdido, vago e vai em busca de algo inexplicável em que Cave possa aportar sua dor, um lugar menos desconfortável e suportável. Narrado em três vozes: a interior do artista de profunda tristeza vivenciada na consciência, individual, introspectiva e fatal; a voz exterior, que se relaciona com os músicos, lúcida, altiva que prima pela excelência nas gravações; e uma terceira, lúdica, que emerge na criação das canções. Do cânone dessas três vozes, nasce a essência do doc.
Como num lamento murmurante em acordes dissonantes, surge das profundezas de Cave, o artista. Como num cante flamenco a dor toma forma de luta, de superação.
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Nick Cave &The Bad Seeds |
Todo filmado em
preto e branco com câmera 3D, o filme tem fotografia impecável numa narrativa
bem elaborada que perpassa pelos processos e perrengues do artista para superar
e seguir em frente. É possível ver sua esposa e seu outro filho falarem a
respeito de seus sentimentos e de como lidam com a dor da tragédia.
Os momentos mais
evocativos do filme são aqueles em que Cave canta “Jesus Alone”,
“You Fell From the Sky”, “Near the River Adur” e "Need You". É possível ouvi-las nas
plataformas de streaming.
O álbum tem oito
faixas e 39 minutos contento uma narrativa densa numa sinceridade de arrepiar a
alma.
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Cave: Das profundezas do oceano às divindades celestiais |
Canções que nos faz viajar às profundezas dos oceanos, às alturas dos céus e ao centro de nós.
Tanto no álbum quanto no filme é possível embarcar numa viagem ao centro da dor de Cave, e apesar de tudo ser muito triste e pesado é também leve e poético. As lindas canções, a sonoridade intrigante entoada pelo hibridismo de sons eletrônicos, acústicos e voz, faz transcender. A arte cumprindo sua tarefa de ir além, de extrapolar e de transformar emoções e sentimentos em algo novo para reinventar o mundo.
Nick Cave mergulha nas profundezas do oceano e se eleva aos céus com a mesma maestria, nos leva solenemente pelas crinas das canções para um universo paralelo, maior, onde a dor ganha contornos mágicos.
Sai do filme taciturna, transformada e agradecida a Nick Cave pelo trabalho incrível.
Um trecho canção do filme: "Need You" com Nick Cave & The Bad Seeds
Sai do filme taciturna, transformada e agradecida a Nick Cave pelo trabalho incrível.
Um trecho canção do filme: "Need You" com Nick Cave & The Bad Seeds
Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano, principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
A poesia é a alegoria das coisas…
Num dia nublado posso me sentir feliz quando o tempo de dentro me encanta mais do que o de fora. Essa sensação de coragem pode vir da utopia ou da vontade, do desejo ou simplesmente porque hoje, neste dia nublado, recebi um zap de um amigo me desejando bom dia.
Senti o aroma de flores e sai para colocar água para meu cão.
É, hoje estou feliz, não porque acordei ao lado do homem amado mas porque vi meu cão sorrir com os olhos e senti novamente o aroma de flores… ah, neste dia… meu banho demorado com fundo de BB King … ah neste dia em que meu café foi coado e tive tempo para não tomar café solúvel… ahh neste dia nublado pude zapear o Netflix e depois me largar no sofá com Tarantino ou quem sabe Fellini…
Olho pela janela e lá estão as nuvens cinzas do tal dia nublado. Olho para a estante de livros e entre Fellini e Tarantino escolho Hesse. Em Narrativas leio "Noite no Lago" e ainda entre as vozes italianas de La Dolce Vita e as lembranças de Hesse vem a mente meus país, lembro-me que marquei de caminhar as 12 horas com mamãe. Me arrumo tranquila e saio de casa neste dia nublado entendendo mais um pouco sobre felicidade.
Leandro Daniel e suas inspirações poéticas:
Essa abertura de hoje da Coluna As Horas foi dedicada ao meu filho Leo que desde niño ama leitura e se encanta com dias nublados. Sua poesia vem da lua, luta, dor, calor, nação, olhar…
Hoje, neste dia nublado me sinto feliz também por ter um poeta em minha vida, meu filho Leo:
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Poesia: Leandro Daniel |
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Poesia: Leandro Daniel |
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Poesias de Leandro Daniel |
Leandro Carvalho é formado em Ciências
Sociais pela FFLCH/USP e mestre em Gestão de Políticas e Organizações Públicas
pela UNIFESP Campus Osasco. Trabalha com gestão e avaliação de projetos sociais
e é militante do Núcleo de Luta Popular – NLP - PSOL, em Osasco. Gosta de
escrever poesias quando quer dizer algo ao mundo.
"O Botão de Pérola", do chileno Patrício Guzmán, é preciosidade sobre a memória da água
Em "O Botão da Pérola" o cineasta chileno Patrício Guzmán conta a história de povos nativos que viveram na Patagônia chilena antes dos processos de colonização. Usando como base a visão metafísica do caminho das águas e a importância dela no planeta Terra e no universo, Patrício nos leva a uma viagem ao passado e nos faz reviver os ancestrais que habitavam as terras e águas chilenas que viviam em total união com a natureza. As fotografias do etnólogo alemão Martin Gusinde, que são mostradas no filme, servem como um legado dos povos da água.
No inicio, o documentário tem um eixo dramático poético que emociona pelas belas tomadas das Cordilheiras dos Andes, das águas, das geleiras. É impressionante a beleza dessas imagens, a grandeza e força da natureza. Somos tomados pelo lirismo das imagens. Até aqui o filme nos acalma.
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A frase do uruguaio Eduardo Galeano poderia iniciar o conflito : “não existe riqueza que seja inocente: toda riqueza nasce de uma pobreza”. |
Povos das águas - O Exterminio
Porém essa tranquilidade não dura muito tempo, ao conhecermos a história do extermínio desses povos que viviam às margens do Pacífico, o filme passa de belo e sublime à forte e revelador. O genocídio dos índios no séc 19 é associado ao golpe militar realizado mais tarde por Pinochet com mais mortes e prisões. Guzmán faz um paralelo entre as atrocidades realizadas aos indígenas e ao golpe militar com assassinatos de muitas pessoas. A memória das águas pode guardar segredos eternos e lá a verdade pode ser descoberta.
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Fotos do etnólogo Martin Gusinde |
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As pinturas nos corpos dos indios revelavam a união deles com o universo |
Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
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