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Mídia, religião e comportamento.




Gente, olá!

Nos últimos dias do ano de 2014 o artista Josué Gonçalves dos Reis transformou em imagens alguns de seus pensamentos a respeito dos acontecimentos acerca da influência da mídia e da religião no comportamento das pessoas no Brasil. Após aprontar as ilustrações ele me convidou para  desenvolver algum texto que dialogasse com as ilustrações. Apesar de ainda saber pouco sobre métrica e de escrever, talvez, um tanto truncado, topei o desafio. Segue:


DMC - DC 
(Dois mil e catorze anos, depois de Cristo)


"Desbravadores"
com ferro e chumbo
Destituíram culturas primárias
Forjaram testamentos 
Ocidentais.

Fortes mentes tribais 
Instavelmente
Suplicaram resistentes
Hoje
pouco delas se ouve.

Da mãe África 
como mercadorias
traficaram pessoas
acorrentadas.

As de cor vermelha, preta e parda
Privadas do poder elitista
Compulsioriamente 
foram exploradas.

Embora sigam sangues
Derramados 
Deturpada mentes miscigenadas 
Entorpecidas pelas falácias
da cultura branca
Postuladas nas grandes mídias
Rezam pela bem-aventurança divina.



Texto: Soraia OC, Ilustra: Josué, 2014/2015.


Saliento que críticas construtivas são bem vindas!!!

Até mais, 



Foto: Letícia G. Camillo.

Soraia Oliveira Costa, mestre em História da Ciência pela UFABC e graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Professora de Sociologia na Educação Básica e na Educação de Jovens e Adultos no Estado de São Paulo. Trabalha com audiovisual e oralidades desde meados de 2007. Produtora do documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos", que trata da história vila de Paranapiacaba, feito com incentivo do MEC/SESu, UFABC e FSA. 



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Heterossexualidade compulsória: Pelo direito de ser


                                                      

 "O nome é bem mais do que nome: o além da coisa, 
coisa livre de coisa, circulando" Drummond


Um nome: mulher é desse lugar posso falar. Um lugar que comporta além da coisa, que flui, que circula. Um nome e muitas identidades em uma só mulher, que horas é barrado pela normatividade social que pretende em seu contexto que sejamos homogêneas.

Sim há sempre algo de intangível na singularidade da mulher, algo de certa forma mítico, que não apresenta características suficientes para ser percebido ou entendido, que tende a enganar a percepção, algo que escapa. 

E não pretendo desvendar o mistério da mulher, apenas pensar no contorno que bordeia esse quadro.
Seria em detrimento dessa parte de nós que não se pode controlar nem prever que através dos tempos as sociedades buscam padrões normalizantes? Sustentaríamos a condição de viver livres sem nome, sem lugar?
Temos um corpo biológico, natural e esse corpo é atravessado pela cultura (do latim colere, que significa cultivar). Esse corpo biológico, do sexo masculino ou feminino vai sendo “cultivado”, segundo os atributos sociais, para ser homem ou mulher o que irá lhe conferir sua identidade de gênero.
Ao menos é assim que a sociedade impõe sua narrativa naturalizante, para poder ditar as regras de como se deve viver. Elegendo um padrão, e logo todos o identificam como normal, limitando e restringindo as diversas formas de vivências. Em meio a toda essa homogeneidade, pessoas que não seguem esses padrões normativos são vistas como anormais e imperfeitos.
 “As normas funcionam como princípio normalizador das práticas sociais”. Butler defende uma desmontagem de todo tipo de identidade de gênero que oprime as singularidades humanas que não se encaixam. (BUTLER, 2006, p. 69)
Essa homogeneidade dos padrões normativos é limitadora, não há lugar para a singularidade, para as diversas manifestações possíveis de identidades (no plural!).

 

As singularidades como mostra o vídeo os 500 anos da mulher retratados na arte, ficam suprimidas, por um padrão ocidental europeu dominante e um estereótipo da mulher passiva, como objeto de desejo a ser pintada eternizada, enquanto homens eram retratados em batalhas ou concebendo uma hierarquia de poder. 
A ultima ceia.
Leonardo Da Vinci (1495-1497)

A obra Napoleão cruzando os Alpes, é o título dado às cinco versões de um óleo sobre tela pintado por Jacques - Louis David, encomendado pelo rei de Espanha. A composição mostra uma visão fortemente idealizada da verdadeira passagem de Napoleão e do seu exército feito através dos Alpes em 1800.


Fazendo um paralelo com os dias atuais, influenciados por um ideal da moda através da mídia mulheres estão cada vez mais magras, como se seus corpos tivessem que representar uma fragilidade física quase patológica, enquanto os homens cada vez mais fortes representantes de uma força digna de Deuses mitológicos.





Dolce & Gabbana é uma marca italiana internacionalmente famosa, criada pelo estilista siciliano Domenico Dolce, e pelo vêneto Stefano Gabbana, tem sede em Milão, na Itália:





Outra marca famosa é a Ralph Lauren,
existe desde 1967 e tem a sede Nova Iorque, nos EUA
:
Ambos se olharmos atentamente perdem sua singularidade quando se encaixam nesse padrão de normalidade, de como ser e de qual forma viver, homens podem querer ser frágeis e mulheres fortes e podem transitar por inúmeras e diferentes formas de ser.
Que os direitos civis sejam igualitários entre homens e mulheres, mas que a singularidade seja preservada, respeitada independente de qual identidade de gênero esse individuo faça parte.

Se quiser(em) saber mais a respeito da temática, recomenda-se ver este vídeo:
 

Fonte do vídeo: 5 minutos de como a mídia afeta as mulheres:

http://www.socialfly.com.br/videos/216-5-minutos-de-como-a-midia-afeta-as-mulheres#




 
Andréia Moreira
Psicóloga/psicanalista, ocupa-
se do atendimento clínico no consultório particular e no serviço público com adolescentes em situação de vulnerabilidade, pesquisa gênero/sexualidades - mestranda na UFABC (Núcleo de ensino história e filosofia das ciências).
 
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Boas idéias têm endereço




Pode confessar: toda vez que você posta algum conteúdo na internet, espera retorno ou repercussão. Uma frase, opinião sobre política ou foto que exigiu empenho e um pouco de genialidade. Talvez o sucesso de um perfil online ou um site esteja justamente no caráter inédito e surpreendente. Em meio a um sem fim de links e redes sociais, a novidade só é compartilhada se realmente for nova.
Aí entramos no mérito da cauda longa, conceito criado na década de noventa por Chris Anderson para abordar a força de pequenas marcas na democracia da web. Em resumo: a aposta em nichos, em público menores, mas cativos.
Se juntar a vontade que todo mundo tem de ser formador de opinião, somado aos pequenos públicos e as opções infinitas da web, temos, como conseqüência, boas idéias. Muitas delas vem de uma plataforma de blogging criada em 2007 e que conta hoje com mais de 3 milhões de usuários. O TUMBLR (lê-se tâmbler) é um meio-termo entre o twitter e o wordpress e o blogger. Os usuários podem seguir outros, favoritar e até compartilhar em blogs semelhantes. O conteúdo: imagens, fotos, vídeos, links...tudo que for permitido e que agrade.
Em pouco tempo, o Brasil se apropriou com criatividade do tumblr. Diariamente, usuários mais dedicados atualizam as páginas. E tem de tudo, para todos os gostos (lembram da “Cauda Longa”?). Para quem se interessar, o Drops Cultural segue agora a tendência da web, e compartilha com os leitores alguns endereços de boas idéias!

As melhores – e mais inusitadas – capas de discos nacionais de várias épocas. Idéia de uma jornalista mineira, a @priscilabrito. Vale pelo arquivo, os clássicos e a breguice de alguns artistas.

A cidade se comunica com os pedestres através de mensagens e frases escritas nos muros. Os seguidores podem mandar fotos para incrementar o belo acervo do @olheosmuros.

@marcelocidral traduz os sentimentos e reações frente à diversas situações de forma bem-humorada, com gif’s e fotos.

E se um trecho da sua música favorita extrapolasse as notas e sons. @sarapateo transforma em ilustrações bem criativas os refrões e frases das melhores músicas do cancioneiro popular nacional e internacional. Alguns posts viraram até camisetas.

Felipe Menicucci é jornalista, formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Atualmente trabalha como repórter da TV Integração, emissora afiliada da Rede Globo em Juiz de Fora, MG.


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A música popular brasileira saiu do ensino médio?





Basta uma rápida olhada nos meios de comunicação para notar que a onda do sertanejo universitário virou uma febre nacional. A cada dia pipocam novas duplas, em número tão expressivo, que parece que estamos vivendo novamente o início da década de 90. Nesse novo contexto da música popular do Brasil, pode-se entender que a terceira geração do sertanejo, após muita batalha, agora cursa faculdade e prega um estilo de vida cada vez mais distante do mundo rural.

Milionário e Zé Rico: um sertanejo distante de um produto midiático

Os sertanejos do passado, como Tonico e Tinoco, Milionário e Zé Rico, entre outros, cantavam as dificuldades do homem do campo, o caipira, o brasileiro de pouca instrução que levava uma vida de dificuldades e sofria com um Brasil que avançava (sem planejamento adequado) para um processo de urbanização que esmagava a sociedade.
Com a ascensão de Fernando Collor de Melo na presidência da República, em 1990, temos um novo sertanejo nas paradas de sucesso. São as duplas que ascendem ao poder. Ganham dinheiro; impõem modas e costumes e fazem a transição da figura do caipira para o homem de raízes do campo, mas que vive nas grandes cidades e consome diversos bens e utensílios. Alguns se destacam, outros aparecem e somem como cometas. É a lei do mercado e da indústria cultural.
A resposta para essa urgência em consumir novos ídolos está na pouca fidelização da massa. O público que consome músicas populares, vendidas vorazmente pela mídia, não é fiel. Assim como o sertanejo, repleto de histórias de traições, o público é fiel apenas às paradas de sucesso, construídas por mídias e gravadoras.
Isso fica evidente na primeira década de 2000. Após o sucesso do pagode, torna-se moda associar um ritmo musical à palavra universitária. Com o poder de acesso das camadas mais pobres à universidade, o símbolo de ingressar e cursar uma faculdade é traduzido, inicialmente, no forró universitário. Trata-se de música feita para jovens de faculdade que não querem pensar em problemas como violência, política, crises econômicas e, talvez nem no estudo, mas, sim, apenas em curtir o ritmo em bares voltados a músicas populares. Nada mais dionisíaco para esses tempos pós-modernos.
Agora, um outro ritmo chega ao tão sonhado mundo das universidades. Porém, livre de rótulos, a dúvida é em termos de qualidade. Até que ponto se manterá a tal música deste universo universitário?
A resposta parece ser simples: até outro ritmo ingressar na "universidade da mídia".
Victor e Léo: um modelo rentável para a mídia

Nessa terceira onda sertaneja, mesmo com título de graduação, vimos que o gênero peca pelo mesmo fator que “matou” os outros ritmos popularescos: não há uma evolução temática. Os temas continuam sendo poligamia, traição e amores mal resolvidos.
Com tudo isso, talvez seja hora de termos duas reformas: uma na educação e outra na tal música popular brasileira.

Marcelo Pimenta e Silva é graduado em jornalismo pela Universidade da Região da Campanha, Bagé/RS. Como pesquisador atuou por três anos no Núcleo de Pesquisa da História da Educação, pela Urcamp, tendo produzido diversos trabalhos multidisciplinares. Tem como temas de pesquisa a imprensa alternativa brasileira; a contracultura e suas implicações na sociedade brasileira, além de temas como o ativismo na cibercultura. Conta com experiência em colunas sobre cultura, em jornais, em sites e em revistas. Atualmente, trabalha com jornalismo, assessoria de imprensa e pesquisa free-lance, além de cursar pós-graduação em comunicação mercadológica na Fatec Senac de Pelotas/RS. 




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Nada nos é ideologia, pois tudo o é!


Ideologias... no sentido mais "Chauíano", que apesar de beber de Marx, acrescentada à brilhante análise de Lefort, desfecha-se perfeita ao século XX e XXI. Marx não os assistiu, mas seus ossos devem revirar-se no caixão.

No final da Segunda Guerra, com a vitória dos aliados, os ideais nacionalistas do Estado Novo perderam sentido, de certa forma, o que Boris Fausto apontou como uma das causas para a queda “pacífica” de Getúlio em 1945. Com os ideais de uma democracia resplandecendo sobre a ótica dos vitoriosos, a esperança de prosperidade econômica no protótipo dos EUA, a entrada do capital transnacional associado à elite nacional propiciaram, nos anos que seguiram, o surgimento de uma nova mentalidade cultural: o “americanismo”.

Claro que isso não foi apenas a nível cultural, mas sobre a cultura, Heloísa Hollanda afirmou que a cultura e a influência estrangeira (apesar de ter sentido amplo sobre a abordagem da autora, a frase refere-se ao cinema) havia adquirido “uma qualidade de coisa nossa, na linha de que nada nos é estrangeiro, pois tudo o é”. Essa frase muito bem elaborada marcou meu contato com seu texto, porque descreve a exata sensação do movimento nacionalista que, apesar de ter perdido força, não havia morrido: a década de 50, contra ponto da afirmação acima, houve um crescimento do movimento operário nas grandes cidades e organizações delineadas por algum objetivo em comum, normalmente em partidos, sindicatos, movimentos estudantis ou artísticos. Movimento que teve seu auge na década de 60, pouco antes de ser “detido de enxofres” (paráfrase de Hobsbawn) pelo golpe militar.

Bom, e o que isso tudo tem a ver com o título desse texto? Vamos lá! Foi exatamente no período mencionado acima que se iniciou a guerra ideológica entre direita e esquerda que, somada ao acentuado processo de industrialização de países em desenvolvimento e contínuo avanço tecnológico, configurou o cenário mundial para o movimento de expansão da mídia, permitindo então a consolidação de uma nova forma de dominação: a mídia passou a ser parte integrante do aparelho político mundial, e é reconhecida por muitos como um 4º poder do Estado Moderno! Com a intervenção da mídia e suas artimanhas de manipulação, o público passa a ver a realidade num reflexo distorcido e maquiado e essa foi a base da guerra ideológica do século XX e também das políticas emergentes do século XXI. Um filme de certa forma sensacionalista dirigido por Costa Gravas, O Quarto Poder (título original: Mad City, 1997) ilustra como a influência da mídia legitima, ou não, uma ideologia sobre a população.

E essa influência que a mídia tem sobre as pessoas, influência que vem aumentando consideravelmente nas 2 últimas décadas devido à expansão do alcance tecnológico, cada vez mais acessível indistintamente da classe social (aqui não importa a qualidade da tecnologia ou sua legalidade), aliada aos interesses das classes dominantes, fazem com que a nossa "realidade" política e econômica se torne cada vez mais "irreal". Daí, sobre os dias em que vivemos, parafraseando o que a autora expôs sobre a cultura dos anos 50, é possível fazer uma nova reflexão: se na década de 50, nada nos era estrangeiro, pois tudo o era; hoje, nada nos é ideologia, pois tudo o é!

Não há em meus texto nenhuma intenção ou interesse político em fazer apologia a um ou outro governo, porém questiono até que ponto pode-se considerar legítimo um poder baseado na manipulação e distorção da realidade e essa é a minha preocupação sobre os rumos da política, não apenas brasileira, mas dos rumos da conjuntura política e econômica mundial nesse período de incertezas. O que sabemos, se sabemos, e do que sabemos, o que é real? De todos as mudanças que estão por vir; de todas as crises (econômica, de recursos e ambientais) que o mundo está vivendo; de todos os governos que emergirão nos próximos anos; de todas as verdades e de todas as mentiras; apenas espero e desejo que a população realmente tenha seu lugar ao sol.




Yone Ramos Marques de Oliveira, teóloga e historiadora, escreve aos sábados, quinzenalmente no ContemporARTES.












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Eleições: senta que lá vem história.




Foi no ano de 2008 que ouvi uma das frases mais representativas do pensamento hodierno brasileiro sobre as informações midiáticas e a política nacional. Era ano eleitoral e eu ainda estava envolvida na área de planejamento estratégico em políticas públicas. Nós estávamos trabalhando em conjunto para uma determinada ação política quando um formando universitário do curso de sociologia disse: "realizamos uma pesquisa sobre as informações veiculadas na mídia e constatamos que, dentre os jornais televisivos, o mais neutro em suas informações é o da Rede Globo. Os demais são tendenciosos e contém alto índice de comentários pessoais". Essa "pesquisa" me deixou completamente chocada frente ao grau de inocência que a população possui diante da mídia, pois o que esse estudante disse representa o pensamento de muitos, não só frente à Rede Globo, mas de toda a sorte de informações que são lançadas todos os dias.
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Não é necessário ler Teorias da Comunicação de Ilana Polistchuk e Aluízio Ramos Trinta (embora seja uma leitura muito agradável) para entender que a mídia não é meramente um canal de informações, mas é dotado de poderes psicossociais ao transmití-las. A persuasão faz parte do entretenimento midiático e não há como dissociá-lo. Se uma informação midiática não é intermediada por um comentarista ou crítico, sendo divulgada por si só como verdadeira, torna-se ainda mais perigoso do que se fosse claramente abordada como uma crítica ou opinião. Quando uma fato é comentado e pode-se distinguir o fato narrado da crítica apontada, o questionamento torna-se provável, mas quando o mesmo fato é dado como verdadeiro, poucos indivíduos, se houver, questionarão a veracidade da informação.

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A mídia possuindo esse conhecimento, utiliza-se desse tipo de artimanha para persuadir o público-alvo de acordo com seus interesses. Não se deve esquecer que a informação para a imprensa não é a apenas um conteúdo para transmissão, mas sim um produto e como produto, precisa gerar lucratividade.

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Mas como isso acontece sem que se perceba o quão persuadido estamos frente à informação? Em regras silógicas, o método indutivo é aquele que partindo de uma premissa particular, segue em sentido à generalização. Esse é o método muitas vezes utilizado nas informações midiáticas, dentre outros, e que implica em resultados conclusivos prováveis. Na área de psicolingüistica existem estudos que demonstram como a falácia é formada nas entrelinhas das informações utilizadas pela mídia e que mesmo sem utilizar qualquer expressão analítica sobre qualquer fato, pode estar recheado de falácias. É o caso de jornais como o da Globo.

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Não é a primeira vez, talvez não seja a última, em que eu manifeste empatia pelo Observatório da Imprensa que questiona as mais diversas veiculações da mesma informação na mídia, permitindo a visualização de como a combinação de palavras resultam alterações na recepção e percepção dos fatos narrados, daí o poder de persuasão midiático.

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Estamos em ano eleitoral e está muito difícil filtrar a falácia da verdade. Entre as 2 últimas semanas, o jornal da manhã da rádio Jovem Pan informou que 17 pesquisas eleitorais foram denunciadas como tendenciosas porque omitiam informações aos eleitores, não contendo todos os nomes de candidatos (não sei quais institutos, nem quais datas, aliás sei muito pouco sobre o dito). Pois bem, tentei localizar a fonte dessa informação e não encontrei, o que é uma pena! Mas sei que o PSDB conseguiu suspender uma pesquisa realizada pelo Instituto Exata por conter tais tipos de erros. Outra informação que não se tem notícia é de que as emissoras de TV recebem incentivos fiscais do governo para não se manifestar politicamente contrária à máquina política.

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Isso teria começado com o Presidente Fernando Henrique Cardoso dando incentivo à Rede Globo e teria dobrado no governo do Presidente Lula e se estendido a outras emissoras como SBT e Record. Não se acha nada a respeito, embora realmente existam leis de incentivos fiscais para as emissoras com o intuíto de "promover a cultura" e "a produção" cinematográfica no país. Não posso afirmar o intuíto de tais leis, mas posso afirmar que a emissora formadora de opiniões que entrou no século toda endividada anda bem quietinha frente as divergências políticas e isso, há bastante tempo. Se você deseja se aprofundar no assunto, jogue na internet essa informação e você verá diversas matérias antigas dos anos de 2001, 2002, 2004 e outros, a respeito não só das criações de tais medidas provisórias e leis de incentivo às emissoras (seja lá qual incentivo for), como dos respectivos endividamentos (em caso de dúvidas, verifique o programa de resgate do governo Pró-Mídia de 2004).

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Agora quanto à propaganda política, mais difícil do que apontar as falácias é entender o aparelho político em que estamos submersos e os impactos da política externas nos atos. Agora ouvimos de políticos: "eu criei tantos hospitais", "fiz tais obras" e toda aquela baboseira eleitoral. Quando o brasileiro entender que o presidente, o governador, o prefeito e esse povo todo não faz nada sozinho, que existe uma máquina política e que muitas vezes mudam-se os nomes, mas a máquina política permanece a mesma, vamos continuar caindo nos mesmos erros. Não basta escolher um bom nome, é necessário entender o funcionamento dessa engrenagem para escolher quem realmente está apto a direcionar e executar os projetos públicos da melhor maneira.

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Para explicar toda essa aparelhagem e impacto da economia e conjuntura mundial na política interna, seria necessário escrever um livro no mínimo como Era dos Extremos de Hobsbawm (leitura recomendadíssima), ler muito mais de Dreifuss, bem como revisar livros como os de Boris Fausto e Basbaum sobre nossas políticas (sim, gosto de uma leitura tradicional), o que para mim, nesse momento, seria muito difícil. De qualquer forma, só espero que nessas eleições, o voto seja consciente, mesmo que consciente de que estamos sendo manipulados.

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Yone Ramos Marques de Oliveira, teóloga e historiadora, escreve aos sábados, quinzenalmente no ContemporARTES.
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Chamada de artigos edição número 7 - Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades




A Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades (ISSN 1982-3231), qualificada pela CAPES e indexada pela Sumarios.org, comunica que está aberta a chamada de artigos para a sétima edição cujo dossiê tem como tema DILEMAS DA CONTEMPORANEIDADE - RISCOS E PERIGOS DA VIDA CONTEMPORÂNEA. Estaremos recebendo artigos, ensaios, entrevistas e resenhas até o dia 15.8.2010 pelo email revistacontemporaneos@gmail.com. Vejam abaixo as normas editoriais.

Informamos ainda que será lançada às 19h no próximo dia 27 a edição nr. 6 da Contemporâneos cuja temática é DIÁLOGOS ENTRE HISTÓRIA E LITERATURA. O lançamento vai ocorrer na Universidade Católica de Salvador e está  inserido nas atividades do Simpósio Estadual da Associação Nacional de História -BA. Nesse mesmo dia e local será lançada a 15a. edição da Contemporartes - Revista de Difusão Cultural (ISSN 2107-4404). Essa revista, feita pelo mesmo grupo, também aceita colaborações de opiniões e crônicas nas seguintes áreas: Literatura, Fotografia, Cinema, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Música e Humanidades.



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Em tempo:

SEMINÁRIO VOZES DA GLOBALIZAÇÃO
MÓDULO II  - Identidades e Gênero
Palestra do próximo sábado, dia 24, às 10h30 às 12h30.

Gênero, música eletrônica/eletroacústica e ciberpoética.
Com Profa. Dra. Andrea Paula dos Santos (UFABC)

Local: Casa da Palavra - Praça do Carmo, 171, Santo André - SP.

Ana Maria Dietrich, historiadora e docente da UFABC, é editora-chefe da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades e coordenadora da Contemporartes - revista de difusão cultural junto a Vinicius Rennó. revistacontemporaneos@gmail.com



Realização: Casa da Palavra - Escola Livre de Literatura


Prefeitura Municipal de Santo André

Apoio: Associação Cultural Morro do Querosene

Ana Maria Dietrich é professora adjunta da UFABC e coordenadora da Contemporartes.
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Drops discute: celebridade e barbárie


Hoje, gostaria de compartilhar um texto que li durante uma aula da Pós-Graduação e que me fez refletir sobre muitos fatos que tem sido cada vez mais freqüentes na nossa sociedade.

O ensaio intitulado Celebridade e barbárie foi publicado na edição 147 da Revista Cult e tem autoria do Francisco Bosco. O autor traça uma possível relação entre fama do tipo, celebridades, e crimes bárbaros.
Bosco inicia o texto relembrando um assalto da década de 1970, em uma churrascaria carioca, onde os assaltantes ao reconhecerem um repórter, devolveram imediatamente seus pertences.

Bosco também cita outro exemplo, onde o assaltante ao reconhecer sua vítima famosa, desiste de roubá-la. Porém, o que Bosco percebe, é que de alguns anos para cá, esse tipo de reação tem se modificado extremamente. Uma situação citada no texto é da invasão da casa do cineasta Zelito Viana, em 2006. “quatro homens armados invadiram a casa do cineasta Zelito Viana, no Cosme Velho, e reconheceram entre as vítimas seu filho, o ator Marcos Palmeira. Entretanto, em vez de devolverem-lhe os pertences, trataram-no com violência redobrada: deram-lhe uma coronhada no rosto e por pouco não o levaram como refém”.

O autor também comenta exemplos de seqüestros, no caso de familiares de jogadores de futebol que sofreram violências. Como o caso da mãe de Robinho que ficou durante um mês em cativeiro.  Assim, Francisco Bosco atribui essa mudança de comportamento à uma transformação entre o crime e sua finalidade. “Na verdade, o que chama atenção é justamente o fato de que nesses crimes a violência não é um meio, mas um fim em si, um excesso sem causa e consequência aparentes.”

E o mais interessante, na teoria de Bosco, é que ele relaciona essa transformação de finalidade às características da relação ente os mitos de nossa cultura midiática e a sociedade. Para explicitar isso, ele argumenta que nossa era é criadora de um tipo particular de celebridade, os que são famosos por tautologia. “Antigamente, um imperador tornava-se célebre por suas conquistas bélicas, expansionistas. Um chefe de Estado notabilizava-se por sua astúcia política, por sua capacidade de liderança e presença de espírito.”

Hoje, não é necessário nada disso para alcançar fama, e sem ter nada à acrescentar, essa fama é vazia, ou como o autor mesmo fala, “A imagem da celebridade reproduz-se tantas vezes na mídia que ela acaba se tornando célebre. Ela é célebre porque é vista repetidamente. Daí a tautologia: é famoso porque é famoso.”

Bosco compara essas celebridades à parasitas, que vivem do desejo dos outros de quererem um dia chegarem a esse tipo de reconhecimento, é uma relação de masoquismo, de inconformismo. “É assim que a admiração pelas celebridades está sempre a um passo de se tornar ódio mortal. ‘Por que eu deveria amá-lo se a sua fama só serve a ele e ainda me humilha?’”

Dessa forma, a mudança no comportamento dos criminosos, isto é, a modificação do caráter objetivo do crime em violência excessiva, demonstraria o ódio daqueles que sofrem preconceitos, é que excluído da sociedade. “É a manifestação súbita da barbárie por parte de sujeitos que sofrem um processo gradual de barbárie por longos anos”.

Para aqueles que desejam ler o ensaio na íntegra: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/06/celebridade-e-barbarie/



Ana Paula Nunes é jornalista, Pós-graduanda em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo/USP. Coordenadora de Comunicação da Contemporâneos, revista de Artes e Humanidades. Escreve aos domingos no ContemporArtes.





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Imprensa alternativa - colaboração do leitor


O movimento de contracultura foi muito importante nos anos 60 e 70 e tomou diversas formas de expressão, entre as suas mais conhecidas, a do movimento hippie que tinha os ideais de paz e divulgava os livres costumes e uma crítica a sociedade capitalista ocidental da Guerra Fria que se via envolvida em uma grande corrida armamentista e em conflitos sangrentos como a Guerra do Vietnã e da Coréia.
A expressão brasileira do movimento de contracultura teve nos tropicalistas e nos novos baianos o seu grande denominador e proporcionou uma forte influência na música e no modo de vestir. Marcelo Pimenta, jornalista e nosso convidado de hoje, explica as repercussões desse movimento na imprensa brasileira.
Ana Maria Dietrich, historiadora, é coordenadora da Contemporartes- Revista de Difusão Cultural.

Jornalismo brasileiro na contracultura

Por Marcelo Pimenta e Silva
jornalista
 
          Durante o período histórico dos anos 60 e 70 a comunicação alternativa foi mais que um canal de expressão para os mais diversos grupos e movimentos sociais, serviu também para fomentar novas abordagens na cultura ocidental. A contracultura era uma corrente à margem da cultura tradicional e da própria comunicação feita pelo sistema mainstream e comercial dos grandes conglomerados de mídia. Para divulgar esse contexto, a comunicação alternativa abriu espaços com uma vontade de fazer guerrilha cultural através da palavra. Essa produção ficou conhecida como imprensa marginal ou “nanica” e tinha o ideal de traduzir a revolução de costumes que aflorava em diversas partes do globo, numa espécie de “antena parabólica” da juventude, muito antes do advento doméstico da internet.

             No Brasil, vivia-se a linha dura do regime militar, momento de repressão e de violências aos direitos sociais. O governo usava a máquina estatal para vender um país grande e rumo ao progresso. Gerava uma ilusão de que a ditadura era benéfica a todos os brasileiros. Os grandes jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio viviam sob a égide da censura, porém muitos apoiavam descaradamente o governo pelo interesse financeiro que isso resultava. Vivia-se o milagre econômico, tempo propicio para a indústria cultural instalar-se no país e proporcionasse, através da comunicação comercial, o projeto de integração nacional do governo. Em um cotidiano além da situação política e social do que realmente acontecia no país, era vital uma resposta às “verdades” publicadas na grande imprensa, portanto assim ocorreu a proliferação de jornais com tiragem menor e com o tamanho de tablóides, em sua maioria, usando como “arma” a ironia, o humor e a crítica ferina ao país regido pelos militares.

             Para que fosse possível a produção de tais veículos, uma gama de jornalistas, artistas, intelectuais, hippies e doidões formavam equipes e botavam nas ruas uma espécie de grito contracultural ao modelo de país e de mundo em que viviam. Num mundo dividido pela Guerra Fria, além das ideologias e dos radicalismos tinha-se muita vontade de viver loucas utopias, de experimentar novas práticas e costumes, enfim de estabelecer um novo modelo do viver em sociedade. Por isso, nesse tempo de quebra de tabus e de contestação, a imprensa marginal foi a porta-voz de toda uma geração.

                Duas publicações de cultura e comportamento jovem se notabilizaram nesse período: Flor do Mal e Rolling Stone.


                 Como a maioria dos jornais alternativos, Flor do Mal teve uma periodicidade ínfima, uma tiragem pequena e um tratamento artesanal que seguia os princípios hippies de ir contra a domesticação do homem pelo uso da tecnologia. Uma frase de Baudelaire e a foto de uma menina chamada Ninon - segundo o jornal raptada em Belfort Roxo - estampavam a capa da primeira edição (foto Flor do Mal). Com as chamadas escritas na capa para que o leitor percorresse uma espécie de “caminho” Flor do Mal anunciava: “Isto não é um jornal para ser lido; é para ser curtido”. O jornal tinha como público cativo os “transbundados” – gíria dada pelos jovens envolvidos com política para aqueles que pertenciam ao movimento hippie tupiniquim e não aderia à luta armada – com seus temas comportamentais e ainda tabus, o impresso foi um fracasso além dos círculos alternativos.

             O projeto de Torquato Neto, em parceria com o jornalista Luis Carlos Maciel (conhecido como o “guru” do underground brasileiro), é o exemplo de jornal marginal que causou impacto pelos temas que abordava, bem como pela sua apresentação visual, mas como a maioria dos 150 jornais que circularam durante a ditadura militar não teve vida longa.

             A versão brasileira da Rolling Stone publicada em 1972 foi um dos primeiros veículos de comunicação impresso a discutir o feminismo, as drogas, o movimento ambientalista, a macrobiótica e, claro, o rock n’ roll, na época uma forma de contestação juvenil. Contudo, a revista nunca deixou de lado a música nacional ainda influenciada pela tropicália como atesta a capa da edição de número zero com Gal Costa. Na época, Gal era a musa dos hippies nacionais, os transbundados. A Rolling Stone também durou pouco. Versão pirata produzida por jornalistas como Luis Carlos Maciel, Ezequiel Neves, Ana Maria Bahiana, a revista circulou por quase dois anos sem nunca ter pagado os royalties para a matriz americana, conforme os jornalistas da revista, numa típica atitude contracultural de ir contra o sistema.


                 Nessas idas e vindas, o único veículo que sobreviveu com sucesso os anos românticos da contracultura foi o Pasquim, ironicamente o veículo entrou em decadência com o fim da ditadura militar e a redemocratização política. Num tempo “barra pesada” o lema “proibido proibir” fomentou uma produção ativa do jornalismo alternativo, produção de caráter utópico que influencia novas propostas de comunicação até os dias atuais.
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