Mídia, religião e comportamento.
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| Foto: Letícia G. Camillo. |
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| A ultima ceia. Leonardo Da Vinci (1495-1497) |
| Dolce & Gabbana é uma marca italiana internacionalmente famosa, criada pelo estilista siciliano Domenico Dolce, e pelo vêneto Stefano Gabbana, tem sede em Milão, na Itália: |
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| Outra marca famosa é a Ralph Lauren, existe desde 1967 e tem a sede Nova Iorque, nos EUA: |
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| Milionário e Zé Rico: um sertanejo distante de um produto midiático |
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| Victor e Léo: um modelo rentável para a mídia |

unda Guerra, com a vitória dos aliados, os ideais nacionalistas do Estado Novo perderam sentido, de certa forma, o que Boris Fausto apontou como uma das causas para a queda “pacífica” de Getúlio em 1945. Com os ideais de uma democracia resplandecendo sobre a ótica dos vitoriosos, a esperança de prosperidade econômica no protótipo dos EUA, a entrada do capital transnacional associado à elite nacional propiciaram, nos anos que seguiram, o surgimento de uma nova mentalidade cultural: o “americanismo”.
ra, Heloísa Hollanda afirmou que a cultura e a influência estrangeira (apesar de ter sentido amplo sobre a abordagem da autora, a frase refere-se ao cinema) havia adquirido “uma qualidade de coisa nossa, na linha de que nada nos é estrangeiro, pois tudo o é”. Essa frase muito bem elaborada marcou meu contato com seu texto, porque descreve a exata sensação do movimento nacionalista que, apesar de ter perdido força, não havia morrido: a década de 50, contra ponto da afirmação acima, houve um crescimento do movimento operário nas grandes cidades e organizações delineadas por algum objetivo em comum, normalmente em partidos, sindicatos, movimentos estudantis ou artísticos. Movimento que teve seu auge na década de 60, pouco antes de ser “detido de enxofres” (paráfrase de Hobsbawn) pelo golpe militar.
o tudo tem a ver com o título desse texto? Vamos lá! Foi exatamente no período mencionado acima que se iniciou a guerra ideológica entre direita e esquerda que, somada ao acentuado processo de industrialização de países em desenvolvimento e contínuo avanço tecnológico, configurou o cenário mundial para o movimento de expansão da mídia, permitindo então a consolidação de uma nova forma de dominação: a mídia passou a ser parte integrante do aparelho político mundial, e é reconhecida por muitos como um 4º poder do Estado Moderno! Com a intervenção da mídia e suas artimanhas de manipulação, o público passa a ver a realidade num reflexo distorcido e maquiado e essa foi a base da guerra ideológica do século XX e também das políticas emergentes do século XXI. Um filme de certa forma sensacionalista dirigido por Costa Gravas, O Quarto Poder (título original: Mad City, 1997) ilustra como a influência da mídia legitima, ou não, uma ideologia sobre a população.
influência que vem aumentando consideravelmente nas 2 últimas décadas devido à expansão do alcance tecnológico, cada vez mais acessível indistintamente da classe social (aqui não importa a qualidade da tecnologia ou sua legalidade), aliada aos interesses das classes dominantes, fazem com que a nossa "realidade" política e econômica se torne cada vez mais "irreal". Daí, sobre os dias em que vivemos, parafraseando o que a autora expôs sobre a cultura dos anos 50, é possível fazer uma nova reflexão: se na década de 50, nada nos era estrangeiro, pois tudo o era; hoje, nada nos é ideologia, pois tudo o é!

Não é necessário ler Teorias da Comunicação de Ilana Polistchuk e Aluízio Ramos Trinta (embora seja uma leitura muito agradável) para entender que a mídia não é meramente um canal de informações, mas é dotado de poderes psicossociais ao transmití-las. A persuasão faz parte do entretenimento midiático e não há como dissociá-lo. Se uma informação midiática não é intermediada por um comentarista ou crítico, sendo divulgada por si só como verdadeira, torna-se ainda mais perigoso do que se fosse claramente abordada como uma crítica ou opinião. Quando uma fato é comentado e pode-se distinguir o fato narrado da crítica apontada, o questionamento torna-se provável, mas quando o mesmo fato é dado como verdadeiro, poucos indivíduos, se houver, questionarão a veracidade da informação.
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A mídia possuindo esse conhecimento, utiliza-se desse tipo de artimanha para persuadir o público-alvo de acordo com seus interesses. Não se deve esquecer que a informação para a imprensa não é a apenas um conteúdo para transmissão, mas sim um produto e como produto, precisa gerar lucratividade.
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Mas como isso acontece sem que se perceba o quão persuadido estamos frente à informação? Em regras silógicas, o método indutivo é aquele que partindo de uma premissa particular, segue em sentido à generalização. Esse é o método muitas vezes utilizado nas informações midiáticas, dentre outros, e que implica em resultados conclusivos prováveis. Na área de psicolingüistica existem estudos que demonstram como a falácia é formada nas entrelinhas das informações utilizadas pela mídia e que mesmo sem utilizar qualquer expressão analítica sobre qualquer fato, pode estar recheado de falácias. É o caso de jornais como o da Globo.
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Não é a primeira vez, talvez não seja a última, em que eu manifeste empatia pelo Observatório da Imprensa que questiona as mais diversas veiculações da mesma informação na mídia, permitindo a visualização de como a combinação de palavras resultam alterações na recepção e percepção dos fatos narrados, daí o poder de persuasão midiático.
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Estamos em ano eleitoral e está muito difícil filtrar a falácia da verdade. Entre as 2 últimas semanas, o jornal da manhã da rádio Jovem Pan informou que 17 pesquisas eleitorais foram denunciadas como tendenciosas porque omitiam informações aos eleitores, não contendo todos os nomes de candidatos (não sei quais institutos, nem quais datas, aliás sei muito pouco sobre o dito). Pois bem, tentei localizar a fonte dessa informação e não encontrei, o que é uma pena! Mas sei que o PSDB conseguiu suspender uma pesquisa realizada pelo Instituto Exata por conter tais tipos de erros. Outra informação que não se tem notícia é de que as emissoras de TV recebem incentivos fiscais do governo para não se manifestar politicamente contrária à máquina política.
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Isso teria começado com o Presidente Fernando Henrique Cardoso dando incentivo à Rede Globo e teria dobrado no governo do Presidente Lula e se estendido a outras emissoras como SBT e Record. Não se acha nada a respeito, embora realmente existam leis de incentivos fiscais para as emissoras com o intuíto de "promover a cultura" e "a produção" cinematográfica no país. Não posso afirmar o intuíto de tais leis, mas posso afirmar que a emissora formadora de opiniões que entrou no século toda endividada anda bem quietinha frente as divergências políticas e isso, há bastante tempo. Se você deseja se aprofundar no assunto, jogue na internet essa informação e você verá diversas matérias antigas dos anos de 2001, 2002, 2004 e outros, a respeito não só das criações de tais medidas provisórias e leis de incentivo às emissoras (seja lá qual incentivo for), como dos respectivos endividamentos (em caso de dúvidas, verifique o programa de resgate do governo Pró-Mídia de 2004).
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Agora quanto à propaganda política, mais difícil do que apontar as falácias é entender o aparelho político em que estamos submersos e os impactos da política externas nos atos. Agora ouvimos de políticos: "eu criei tantos hospitais", "fiz tais obras" e toda aquela baboseira eleitoral. Quando o brasileiro entender que o presidente, o governador, o prefeito e esse povo todo não faz nada sozinho, que existe uma máquina política e que muitas vezes mudam-se os nomes, mas a máquina política permanece a mesma, vamos continuar caindo nos mesmos erros. Não basta escolher um bom nome, é necessário entender o funcionamento dessa engrenagem para escolher quem realmente está apto a direcionar e executar os projetos públicos da melhor maneira.
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