O CÉU NOSSO DE CADA DIA...

O CÉU NOSSO DE CADA DIA...

O céu nosso de cada dia é o efêmero
mais tênue que o olhar comum (e atento) vê.
Dissolve-se na contemplação.
Sugere-nos que, com pincel celeste,
algum anjo derrama tintas e arrependido
pelo desperdício da beleza, recolhe bem ligeiro
as cores perdulárias de sua Arte.
Mostro alguns desses gestos desvairados.
- Ou seria uma epifania?

(O céu nosso de cada dia/ Lair Bernardoni)

Gostaria de apresentar aos leitores da coluna Incontros, a grande artista e fotógrafa catarinense, Lair Leoni Bernardoni. Apresentar é uma maneira de dizer, porque a Lair é conhecidíssima no Brasil e pelo mundo afora através de seu trabalho fotográfico muito peculiar, e seu estilo inconfundível.

Entre suas façanhas, está a de ter sido contratada pelo The Image Bank durante uma década (1980 a 1990), sediado em Nova York. Essas imagens foram publicadas e distribuídas pela Europa, pelas Américas e a Ásia em 78 sucursais de que dispunha o Banco de Imagens naquela época. Foi também a única fotógrafa mulher latino-americana incluída no elenco onde estavam o "The Best in the World".

No Brasil e no exterior, suas imagens ilustraram capas de livros, perfumes, discos e peças publicitárias de grandes empresas. Teve cinco obras incluídas no Musée Français de la Photographie em Paris. Fez 14 exposições internacionais e também no MASP em S. Paulo.

Publicou três livros, sendo que em 2007 lançou sua terceira obra bilingue, "Asas Azuis, Poema Alado”. Além disso, é também membro da Academia de Letras e Artes de Santa Catarina.

Incontros- Quando começou a fotografar, onde fez suas primeiras fotos, e pelo que foi motivada a se tornar fotógrafa. Tem ainda sua “primeira foto”, ou lembra o que fotografou?
Lair- Desde 1982 em casa, à luz de janela . Meu pai foi pintor, também fotógrafo de hora oportuna, e foi um momento repentino onde tinha a câmera com filme para fotografar uma prova de vestido- num repente uma cena de muita beleza se apresentou - aí vem uma longa estória e o resultado . . .
Incontros- Você teve alguma influência na escolha dessa modalidade de trabalho/arte?
Lair- Sou romântica desde sempre e alguns filmes atemporais me davam na retina imagens possíveis. Também meu pai desde a infância nos colocou frente às obras de pintores famosos- e a retina deve ter armazenado imagens.
Incontros- Que modalidades de fotografia exerceu em toda sua trajetória profissional desde o início até agora?
Lair- Faço a fotografia-arte, uma leitura muito pessoal resultando na obra que em um ano já grassava para a mídia como apropriada para publicidade refinada, e daí para frente tudo aconteceu meio meteoricamente.

Sobre o belíssimo livro, “Asas Azuis, Poema Alado”, assim escreveu no prefácio, Lygia Helena Neves da Associação Brasileira de Críticos de Arte-ABCA:

“...A intimidade das imagens e a força cumulada dos textos permitem um estado de imersão poética. Despertam memórias inesperadas que explodem em sensações de silenciosa cumplicidade. Nesta obra, Lair re-descobre múltiplas passagens significativas que a metáfora oferece. Lembrando Baudelaire quando fala do seu mergulho nos aromas: (...) até que minha alma flutue...”

Para conhecer mais sobre o trabalho da artista acesse o site pessoal dela.

LEGENDAS DAS FOTOS:
1.Lair Bernardoni em Torres del Peine, Chile.
2.Capa do livro “Asas azuis, Poema alado” de 2007.