PELO RALO
Havia tomado todas. Sempre ouvira lhe dizerem que um dia se urinaria todo. Mas nem por isso evitava beber ou ir ao banheiro. Às vezes segurava a vontade porque sabia que depois que se vai urinar a primeira vez, tem-se vontade de ir a todo instante.
Estava quase batendo seu record pessoal de evitar o vaso. De evitar mas tomando todas. Até que não resistiu, tropegou até o banheiro, sobrou pés em cadeiras e cintura em quinas de mesa, anestesiado. Ainda acertou o portal com ombro e resvalou canela no vaso antes de decidir-se pelo ralo.
Aliviou-se por inteiro e por completo.
É certo que sentiriam sua falta, mas de imediato a mesma necessidade fisiológica conduziu trás si um colega de mesa, que notando sua demora, resolveu entrar. Este deu-se apenas com a camisa amarela, o short bege, a sandália de dedo e um monte de cabelo, tudo amontoado no ralo e ensopado de urina.
Enfim, urinara-se todo.
Abilio Pacheco é professor universitário, escritor e organizador de antologias. Três livros publicados. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (com sede em Marabá), integra o conselho de redacção da Revista EisFluências, de Portugal, é Cônsul dos Poetas Del Mundo para o Estado do Pará e é Embaixador da Paz pelo Cercle Universal des Ambassadeurs de la Pax (Genebra-Suiça).
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