sexta-feira, 22 de abril de 2011

6 Bilhões de Outros, Homens e Deuses e Bebês: Vídeo-exposição e cinema francês de qualidade.






























Passar o feriado em Sampa é sempre uma boa pedida. Fiquei aqui e fui conferir algumas reflexões audiovisuais altamente recomendadas para curtir nesse final de semana prolongado.  A Vídeo-exposição 6 Bilhões de Outros  ficará no MASP até 10 de julho. Três imperdíveis temas fizeram parte do meu itinerário: Monges franceses, peripécias de bebês e relatos de pessoas de várias partes do mundo sobre amor, família, êxodo e outros. Notei, nessas três atrações, uma preocupação comum aos autores: as diferenças étnicas, sociais, políticas e religiosas desta “aldeia Global”, termo defendido por Mc Luhan em 1968. Como viver junto, já foi tema da Bienal Internacional de Artes de São Paulo de 2007 e continua a preocupar a humanidade. Como viver nesta aldeia tão diversificada, com tantas questões políticas e sociais distintas?
Convido vocês a participarem e reflitirem a respeito.

6 Bilhões de Outros
Filmagens realizadas em 70 países 
Yann Arthus-Bertrand



Meu itinerário:
Primeiro ponto – partida: MASP - 6 bilhões de Outros, uma vídeo-exposição de Yann Arthus-Bertrand e da Fundação GoodPlanet. Esse projeto, dirigido por
Sibylle d’Orgeval e Baptiste Rouget-Luchaire, vale muito a pena conferir. Pessoas de 78 países respondendo perguntas sobre o amor, a família, seus desejos e medos. Imaginem 5.600 entrevistas gravadas em 78 países por repórteres que viajaram pelo mundo com a intenção de retratar Outros. Yann Arthus-Bertrard idealizou os entendimentos entre os diferentes povos da terra, acreditando essa ser a única forma de sobrevivermos nessa era. Ele diz: “Somos mais de 6 bilhões na Terra! E não há desenvolvimento sustentável se não conseguirmos viver juntos. Esta é a razão pela qual eu acredito no projeto de 6 Bilhões de Outros, e ele me é tão caro. Ele emociona cada um de nós e nos encoraja a agir”
Telas de depoimentos presentes nas tendas temáticas
Utopia? Realidade? Difícil saber, mas é certo de que quando estava dentro da exposição senti uma imensa emoção em ouvir e ver os rostos desses vários habitantes do planeta terra falando em várias línguas diferentes, com trajes diferentes em lugares diferentes, mas que possuíam emoções, problemas, medos e vontades muito semelhantes entre si. 
A exposição é bem dividida. Na parte de cima, em uma grande sala, podemos ver muitos retratos que preenchem as paredes e, aleatoriamente, uma dessas imagens aumenta e podemos ouvir o relato dessas pessoas que respondem 40 perguntas iguais, como: Qual sua profissão? Você gosta do que faz? Qual sua primeira lembrança? Com o que você sonhava ser quando era criança? Muito emocionante vivenciar estes momentos genuinamente sinceros em closes bem tratados de pessoas de toda parte do mundo. Essas imagens e depoimentos me fizeram pensar a respeito da nossa relação com o mundo, com as pessoas que nele habitam.
Descendo uma rampa vemos tendas montadas nas quais podemos ver respostas de pessoas de várias nacionalidades falando sobre histórias de amor, deixar o pais, desafios da Vvda – perdoar, sonhos de Infância, renúncias entre outros.
Confesso que embarquei na viagem e senti a emoção de ver e ouvir pessoas de várias partes do mundo.
A GoodPlanet
A GoodPlanet foi criada em 2005 por Yann com a missão de sensibilizar e educar o público para a proteção ao meio ambiente. Ela se tornou uma fundação reconhecida como de utilidade pública, em 2009.
Cartaz do filme Homens e Deuses 

Segunda parada: Cinema da Livraria Cultura, antigo cine Bombril - Filme, Homens e Deuses (Des Hommes et des Dieux, 2010) dirigido por Xavier Beauvois. O filme se passa no ano de 1996, em Tibhirine, Argélia, quando, devido a guerra civil, os jihadistas assassinam operários croatas e colocam em risco a vida dos Monges de um mosteiro encravado em uma vila muçulmana. Homens e Deuses foi o filme escolhido pelos franceses para participar do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011
O confronto cultural, político e religioso é o ponto mais relevante do filme que mostra como pano de fundo a intolerância e os conflitos entre as culturas mundiais. Para mim o filme é belo pela fotografia, pelos cânticos dos monges, pelos planos poéticos e sem pressa, que mostram o interior de seres que acreditam em seus princípios.








Terceira parada do itinerário: Espaço Unibanco – Filme, Bebês (Bébé(s) / Babies, 2010)  documentário com direção de Thomas Balmès que segue o primeiro ano de vida de quatro crianças em quarto cantos do mundo: Mongólia, Namíbia, Estados Unidos e Japão.

 Emocionante, espirituoso e despretensioso. Este documentário, no qual os bebês são os personagens principais, nos mostra aquilo que é próprio de cada cultura e aquilo que é próprio dos bebes humanos. Sem fala e com um fundo musical, Balmès consegue ser fofo e espirituoso, mostrando as diferenças culturais e geográficas que influenciam a criação de um bebê. Sem exercer um juízo de valor das situações vivenciadas pelas câmeras, o filme se torna uma reflexão a respeito de nós e dos outros.

Como será que vamos sobreviver neste mundo globalizado e cheio de particularidades e conflitos políticos e religiosos? Como que, por um lado, tudo nos leva para todas as partes do mundo, como a INTERNET, e por outro, algumas fronteiras são tão intransponíveis?


Como viver e sobreviver junto nessa terra de 6 Bilhões de Outros?
Assistam aos filmes e a Vídeo- exposição e reflita sobre você, sobre sua nação e sobre os outros. Bons filmes.

Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO, na FPA no Curso de Artes Cênicas e na UNIP nos Cursos de Comunicação. É integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.

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