quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O reencontro de pessoas num lugar de magia: Paulo Netho serve a todos o seu Bolinho de Chuva


Paulo Netho na Livraria da Vila
Fotos: Kátia Peixoto dos Santos

Há pessoas que são especiais, parecem estar sempre por perto. Às vezes ficamos um tempo sem vê-las mas de repente a encontramos meio ao acaso, em uma esquina, em um ponto de ônibus, num parque qualquer. Para alguns a encontramos por acaso, para mim por encanto. Elas simplesmente surgem e neste instante a amizade continua donde parou, como se num passe de mágica o hiato temporal deixasse de existir.
Assim foi quando reencontrei Paulo Netho, amigo "das antigas" que sempre soube brincar com as palavras. Com elas, ele mexe e remexe, recria e reinventa o lugar. A poesia flui soltinha pelos seus poros, pelos seus olhos e gestos. Poesia que nasce e se nutre pelo contato alegre com o outro.
Ele acredita na alma, naquela alma que ilumina o corpo. O sorriso que busca é o da criança, aquele riso esquecido no trânsito, no programa do Datena, nas página sangrentas de mais um dia de confronto no Iraque, nos incêndios de prédios na Grécia, nas notícias de jornais. Dane-se o mal humor, dane-se a falta de tempo, às favas o cotidiano traiçoeiro, eu quero um cantinho pra sonhar .... 

Oh queridos amigos, o Paulinho é poeta, interrompe e suspende o instante para que ele dure, dure o suficiente para esquecermos de nós, do dia, do antes e do depois. Pausa.... silêncio para ouvir o instante presente, suspenso no ar e dando reviravoltas, a poesia se faz.

Ah amigo Paulo, você me emocionou num dia destes, rodeado de fãs, você “causou” na Vila. É, foi lá na Livraria da Vila, neste último sábado que você voou mais uma vez, alto e livre. Eis que tornou-se público seu livro:


“Bolinho de Chuva e outras miudezas”, Paulo Netho, editora Peirópolis. São Paulo, 2012. Ilustrações Carla Irusta



Ao acompanharmos Paulo Netho no livro “Bolinho de Chuva e outras miudezas”, entramos num universo lúdico recheado de momentos da infância; da dele, da minha e a de todos nós.  Lendo as poesias, ao adulto  é dada a  permissão de recordar, pintando imagens nos papéis mentais pela redescoberta do sentir; nos cheiros, nos sons, nos tons e matizes de cores que muitas vezes são apagadas pelas pegadas do dia-a-dia.

As belezas esquecidas num tempo em que o cheiro do café, os bolinhos de chuva, as pipas voando do ar, os cachorros latindo preenchiam as cenas afetuosas e aconchegantes  de um lugar. Lugar que está dentro de nós, e é lá, neste lugar encantado que vive nossas recordações.

As ilustrações de Carla Irusta consegue dar conta, fortalecendo o clima intimista da narrativa que conta de forma lúdica nossos melhores momentos vividos muitas vezes em lugares inventados.


Na tarde de sábado passado a Livraria da Vila estava repleta, filas para ganhar o autógrafo do menino Paulinho. Foi um encontro para todos. Paulinho conseguiu a façanha de reunir pessoas que há muito não se viam e, como num passe de mágica, estávamos lá, eu e outros que não ao acaso o vimos brilhar.
Parabéns amigo, pelo belo livro e por nos proporcionar, numa tarde chuvosa de sábado, o peculiar encontro encantado. É ou não é uma magia poder ver tantas pessoas juntas se reencontrando para ver e ouvir o poeta?




Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sobre a direção de Antônio Benega.

4 comentários:

Gota disse...

Eu conheço o Paulinho desde criança, e sinto muito do que está escrito aqui em relação a ele. Claro, minha infância já foi diferente: sem rua e tardes entre amigos, mas, quando falo com ele, ou leio e escuto suas poesias sinto como se eu voltasse e vivesse o que eu não vivi. Ganho uma outra vida.
Gostei muito do texto. No clima do livro e com fluidez de poesia. Adorei!!

17 de fevereiro de 2012 às 05:26
Ana Dietrich disse...

querida, que linda sua coluna, estou conhecendo um lado poeta da Katia que me emocionou. bjs

17 de fevereiro de 2012 às 12:25
Anônimo disse...

Paulo Netho faz a gente lembrar da gente. :)

20 de fevereiro de 2012 às 21:49
Paulo Netho disse...

Querida Kátia, parece ser cabotino demais comentar esse seu lindo texto em que você trata de mim e do meu trabalho. Mas longe de mim tal atitude. Venho aqui para reafirmar que sou um sujeito que tem muita sorte na vida. Sorte sim, porque se alguém se encanta com as coisas que fazemos e com jeito que sempre vivemos, só podemos respirar fundo e receber - com a simplicidade de sempre e de peito aberto - o vento bom desse afeto. Bolinho de Chuva e outras miudezas só tem me dado alegria. Como disse numa entrevista à Luciana Tonelli para o site da Editora Peirópolis, com esse livro eu tinha o desejo de restituir todas as minhas faltas, e talvez, a maior delas, os amigos e os amigos abriram os braços para mim e para o nosso Bolinho de Chuva. Dizem que o verdadeiro amor é sempre grátis, ele a paga a si mesmo. Muito obrigado, não me canso de agradecer, esse é o meu jeito.

22 de fevereiro de 2012 às 16:31

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