domingo, 8 de abril de 2012

O Caso Instagram: preconceito e engajamento nas redes sociais




Na última semana as redes sociais presenciaram uma série de declarações e desabafos preconceituosos por causa do lançamento do Instagram para usuários do sistema Android.

Vamos entender melhor, o Instagram é um serviço de compartilhamento de fotografias que mistura filtros para foto e recursos de uma rede social. Utilizando o Instagram, o usuário ao tirar uma foto, aplica efeitos, publica em sua conta e compartilha em redes sociais como: Twitter e Facebook. Seguindo a lógica de rede social, esse mesmo usuário também pode seguir e ser seguido por outras pessoas que também usam o aplicativo.

Apesar da grande adesão – o Instagram foi considerado o aplicativo do ano em 2011 – o serviço lançado em outubro de 2010, estava disponível apenas para os usuários do sistema IOS (IPhone, IPad e IPod Touch, ou seja, os produtos da Apple). Porém, no início da última semana eles disponibilizaram o aplicativo para o sistema Android.

Esse lançamento para smartphones de plataforma Android causou repudio nos usuários dos produtos Apple e automaticamente gerou uma reação nas redes sociais. Durante a semana apareceram inúmeras postagens revelando mais do que descontentamento por parte desses usuários do IOS, mostraram um preconceito latente.

Ao analisar o teor das declarações feitas e rapidamente espalhadas pelas redes sociais, percebemos que os usuários do sistema IOS, ou seja, os consumidores da Apple se sentem superiores aos consumidores da plataforma Android (maioria dos possuidores de smartphones no Brasil). Assim, percebemos que havia um contentamento por parte dos usuários Apple em saber que o aplicativo era restrito e elitizado.

O Instagram era a possibilidade dos usuários do sistema da Apple se diferenciaram nas redes sociais, era a forma que eles encontravam de demonstrar o status de superioridade que eles acreditavam possuir por conta do aparelho Apple que eles possuíam. Mas, com essa mudança, eles se sentiram lesados e passaram, através de pré-conceitos, a criticar os usuários Android.

Vale ressaltar que em menos de um dia de lançamento, a versão do Instagram para Android atingiu 1 milhão de downloads, o que reforça a idéia de que antes o aplicativo era exclusivista e que os usuários de Android compõem uma maioria no nosso país.

Tendo em vista esse episódio, podemos questionar e refletir sobre diversos pontos: sobre a presença constante do preconceito em nossa sociedade. Sobre o fetiche que determinadas marcas exercem em seus consumidores, fazendo-os adquirir muito mais que um produto, esses consumidores compram o status.

Outra questão interessante é analisarmos o ambiente das redes sociais, que possibilita engajamento. Porém, esse engajamento pode servir a causas nobres (o caso da morte da cachorrinha yorkishire morta à pancada por sua dona e que causou grande comoção e revolta nas redes sociais) como a causas iguais a do Instagram. Lembro do que uma professora da USP comentou sobre a uma certa tendência de encaramos as redes sociais de forma positivista, ela disse algo como “as redes sócias são apenas um meio, as afinidades continuam as mesmas, os gostos também’. E eu acrescento, o ser humano também continua o mesmo, o preconceito só encontrou mais um meio, está presente agora também nas redes sociais.

Abaixo listo alguns links que exemplificam esse preconceito ofensivo praticado nas redes sociais:

http://orkutgram.tumblr.com/
http://androidnoinstagram.tumblr.com/
http://androidinstagram.tumblr.com/











Ana Paula Nunes é jornalista, Especialista em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo. Coordena a Comunicação da Revista ContemporARTES.

1 comentários:

Felipe Menicucci disse...

Esse pré-conceito segue uma tendência que as pessoas tem da exclusividade. Todos querem se diferenciar de alguma forma. Se a música de tal banda se torna conhecida, deixa de ser bora...e por aí vai. Um pensamento pequeno de quem, ao pensar em ser exclusivo, acaba violando o direito das pessoas de compartilhar conteúdo na net. Que não siga, não curta ou não acesse. Tem quem queira.

8 de abril de 2012 às 19:06

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