Władysław Starewicz, Mestre do Cinema de Animação Polonês
Nesta semana, a coluna Espaço do Leitor traz a colaboração de Everly Giller, com a trajetória e trabalho do genial cineasta polonês que inovou o moderno cinema de animação.
Władysław Starewicz nasceu em Moscou em 8 de agosto de 1882, filho de pais poloneses, sempre manteve sua nacionalidade. Starewicz foi cineasta, animador, construtor de bonecos, ator, roteirista, produtor, diretor de arte e de fotografia. Aos 4 anos, em 1886 sua mãe morreu e ele foi viver com seus avós maternos perto de Kaunas, segunda maior cidade da Lituania e antiga capital temporária do país. Com uma personalidade forte e interessante, Starewicz tinha o espírito independente e crítico e se interessava por pintura, desenho e entomologia, pois desde criança tinha fascinação por insetos, principalmente borboletas.
Władysław Starewicz nasceu em Moscou em 8 de agosto de 1882, filho de pais poloneses, sempre manteve sua nacionalidade. Starewicz foi cineasta, animador, construtor de bonecos, ator, roteirista, produtor, diretor de arte e de fotografia. Aos 4 anos, em 1886 sua mãe morreu e ele foi viver com seus avós maternos perto de Kaunas, segunda maior cidade da Lituania e antiga capital temporária do país. Com uma personalidade forte e interessante, Starewicz tinha o espírito independente e crítico e se interessava por pintura, desenho e entomologia, pois desde criança tinha fascinação por insetos, principalmente borboletas.
Por não aceitar a escolarização formal, foi
expulso da escola. Começou a escrever artigos
em jornais e participou de algumas peças de teatro, foi autodidata e por um bom
tempo viveu da venda de suas pinturas. Em 1906 casou-se com Anna Zimmermann
e em 1907 nasce sua primeira filha Irene que atuou desde criança em
vários filmes do pai. Ela foi sua assistente de direção e
trabalhou com ele desde a década de 1920 até a sua morte e
devotou o resto de sua vida para preservar a obra histórica de seu
pai, fazendo levantamentos cadastrais.
Em 1910 Starewicz foi nomeado diretor do Museu de História Natural
de Kaunas. Entretanto, seu trabalho acabou indo além da documentação
cientifica, pois criou filmes cujas histórias eram protagonizadas por insetos e
animais. Nesta época realizou quatro documentários curtos para a instituição mas seu quinto filme, foi uma animação inspirada por uma
visão de Les allumettes animées (1908), do francês Emile Cohl, considerado o
pai da animação.
Starewicz
não foi o inventor do "Stop-motion", porém foi o único que emprestou
ao seu trabalho de cineasta, sua experiência pessoal de uma forma artística, e
assim, por ser um excelente fotógrafo e um amante de entomologia foi realmente o primeiro a fazer
pequenas figuras moverem-se quadro a quadro, na tentativa de copiar a dinâmica
natural dos seres vivos. No ano de 1910,
ele queria filmar uma batalha entre dois besouros, o que foi impossível pois
como eram insetos noturnos, dormiam sempre quando iluminados para as filmagens.
Então, conservou o corpo dos insetos e recriou a luta ao remontar as pernas dos besouros com arame, presos ao tórax com cera, criando fantoches de insetos articulados quase com aparência humana. O resultado foi o curta metragem Lucanus Cervus (1910) ou seja, ele foi o grande pioneiro da animação stop motion com um enredo, inspirando muitos outros artistas até hoje.
Então, conservou o corpo dos insetos e recriou a luta ao remontar as pernas dos besouros com arame, presos ao tórax com cera, criando fantoches de insetos articulados quase com aparência humana. O resultado foi o curta metragem Lucanus Cervus (1910) ou seja, ele foi o grande pioneiro da animação stop motion com um enredo, inspirando muitos outros artistas até hoje.
Encorajado
pelo sucesso deste seu primeiro filme, ele escreve e dirige "The
Beautiful Leukanida" também de 1910, o
qual foi um sucesso internacional, pois ele conseguiu efeito tão sensacional e
a princípio inexplicável, que alguns jornalistas ingleses comentaram que
Starewicz filmara insetos vivos, treinados habilmente por algum cientista
russo. Lógo
após, dirige e filma em 1911, o primeiro filme russo baseado nos clássicos e na
fábula de Krylov, "O gafanhoto e a formiga" para ser mostrado no
exterior, o qual lhe rendeu uma homenagem com condecoração do próprio Czar.
Neste
curta, o traço comum tanto da trabalhadeira formiga como do despreocupado
gafanhoto é a inflexibilidade. Os dois
personagens assumem papéis antagônicos e não mudam suas opiniões até o final,
dando ao expectador uma lição de
moral. O filme termina com um final
trágico e triste que nos comove pois geralmente aprendemos as lições mais
difíceis com o sofrimento. Starewicz mostra isto com uma observação aguda do comportamento
de forma clara e elegante, pois seus insetos relacionam-se muito facilmente
entre si e representam emoções humanas com gestos ágeis.
Este
filme foi apresentado em 1913 no Palácio
Gaumont em Paris. Nesta época Starewicz também desempenhou alguns papéis
cômicos em novelas polonesas, como também foi premiado 3 anos consecutivos no
concurso de Natal em Vilnius/Lituânia,
com as fantasias de máscaras mais originais. Em 1912
ele mudou-se para Moscou e começou a trabalhar com Aleksandr Khazhonkov, um
cinematografista bem conhecido, que mostrou-se interessado em Starewicz ao
saber de suas premiações e ouvir falar
de seus filmes e coleções de borboletas.
Em pouco tempo ele se ambientou com o estúdio e
este provou ser o lugar perfeito para sua arte crescer. Nesta fase ele realiza mais de vinte
filmes, incluindo a "Semana de
aviação dos Insetos" (1912), "Quatro demônios"
(1913) e "Viagem à Lua" (1913), a maioria
animações com fantoches utilizando animais mortos. Em
1913 nasce sua segunda filha, Jeanne, que participou em muitos filmes da década
de 1920 sob o nome Nina Star.
A maioria das adaptações de Starewicz estão
enraizados na tradição do folclore da europa oriental, e seus personagens e
histórias refletem fortemente esse
patrimônio. Um excelente exemplo desse gênero, mas com um toque moderno,
é "A Vingança do Cameraman" (1912). Personificado
por insetos que tem sentimentos e reações humanas, o curta de 13 minutos possui
o humor peculiar de Starewicz com uma moral bem divertida. Ele conta sobre a infidelidade entre os insetos om um
detalhamento minucioso que envolvem os personagens em uma atmosfera
quase real. Esta é a história de Sr. e Sra. Besouro cuja
vida a dois está um pouco
entediante.
Em busca de mais espontaneidade e de
alguma mudança para suas vidas, cada um trai o outro em
aventuras pessoais. A história se
desenrola com flagrantes, brigas e vingança, mostrando na última cena o
casal preso na mesma cela, os
dois condenados a viver juntos até o final de seus dias. Esta história simples
e comum de traição e ciúme com direito até a detalhadas brigas
corpo -a-corpo, atiça a curiosidade do público e todos querem saber o
final da história.
Starewicz estava ciente disto pois sabia das
situações estabelecidas e definidas nos contextos sociais.
O fato de que ele usa insetos em tais cenários
acrescentou uma dose de humor, o que tornou mais
fácil para as pessoas refletirem sobre o assunto. E isto sempre
tráz crescimento e mudança.
Em "Cameraman" é gratificante ver cenas do começo do filme depois reaparecem projetadas em uma tela no cinema dos insetos. Detalhes sutis como este, são mesmo impressionantes nos seus filmes. Nós somos levados de volta ao começo, mas com um novo resultado. E isto faz refletir, pois é tema da vida real da sociedade até hoje.
Em "Cameraman" é gratificante ver cenas do começo do filme depois reaparecem projetadas em uma tela no cinema dos insetos. Detalhes sutis como este, são mesmo impressionantes nos seus filmes. Nós somos levados de volta ao começo, mas com um novo resultado. E isto faz refletir, pois é tema da vida real da sociedade até hoje.
Em 1913, seu outro filme intitulado "A
terrível vingança" recebeu medalha de ouro no Festival Internacional de
Milão, Itália em 1914, sendo um dos cinco filmes que receberam prêmios entre
1005 concorrentes. Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, a
situação cada vez mais complicada da Rússia faz com que trabalhasse para vários produtores e até 1915 já tinha muitos
filmes de propaganda produzidos para o Comitê Russo Skobelev.
Um belo filme desta época é "O lírio da Bélgica" lançado em 1916, onde ele ataca a invasão alemã na Bégica com uma mensagem poética cheia de amor, representada por um lírio da paz.
Um belo filme desta época é "O lírio da Bélgica" lançado em 1916, onde ele ataca a invasão alemã na Bégica com uma mensagem poética cheia de amor, representada por um lírio da paz.
O simbolismo é bastante específico neste
filme e faz refletir sobre as crueldades da guerra, sobre abuso de poder e
homens sem amor no coração, mas claro, sempre representados por besouros e
demais insetos. A história termina com uma bela mensagem de esperança e
renascimento, que já é tradiçãodas
fábulas desde Esopo até La Fontaine. Starewicz também consegue deixar muito
espaço para a interpretação pessoal em temas que refletem
os ciclos de alegria e tristeza, paz e guerra, a vida e a morte.
Ele não só fazia suas reflexões políticas, mas facilmente
voltava à sua inocência infantil de uma forma muito nostálgica e
apaixonada, filmando as parábolas de um
ângulo mais lúdico. "O natal dos insetos" (1913) é apresentado com
uma visão bucólica do Natal, onde o Papai Noel
reúne todas as criaturas da floresta para comemorar a festa:
a joaninha, a senhora libélula, o senhor sapo e claro, os
besouros também. Eles dançam alegremente , patinam no
gelo e constroem uma árvore de Natal imensa, à qual
também juntam-se as bonecas.
Ele não tem necessariamente só a intenção
de construir uma história a partir de suas memórias, mas simplesmente preserva
um humor e resgata a percepção de um tempo em que a
partilha comum, as amizades e as surpresas eram sempre um
acontecimento mágico.
Estas suas produções realizadas na Russia são conhecidas pelo humor negro, pela sua escolha em usar besouros, gafanhotos, libélulas, e outros insetos mortos como personagens. Este período de intensa criatividade e sucesso meteórico, é subitamente interrompido pois Starewicz perde seu estúdio durante a revolução russa em 1917.
Estas suas produções realizadas na Russia são conhecidas pelo humor negro, pela sua escolha em usar besouros, gafanhotos, libélulas, e outros insetos mortos como personagens. Este período de intensa criatividade e sucesso meteórico, é subitamente interrompido pois Starewicz perde seu estúdio durante a revolução russa em 1917.
Então, em meados de 1918 ele deixa Moscou e
passa algum tempo em Yalta, ainda na Rússia, depois vai para Itália e
finalmente se estabelece na França, numa comunidade russa, perto de Paris. Em 1920, em Fontenay-sous-Bois, fundou um
pequeno estúdio de animação, onde começou a ganhar a vida fazendo filmes de
propaganda e publicidade. Continua com suas pesquisas e experimentos e consegue
mostrar com mais liberdade suas idéias, morando distante do castrante regime
comunista.
Sua obra continua a crescer, tanto a qualidade
da animação como a elaboração de seus personagens. Depois de produzir diversos filmes, Starewicz
reconheceu que seus personagens insetos eram limitados e começou a fazer filmes
com bonecos, que incluem bichos minimamente antropomórficos e bastante
realísticos, tais como sapos filósofos, ursos, coelhos, brinquedos e também
plantas e flores às vezes meio demoníacas.
Em algumas cenas, usava também esqueletos verdadeiros de animais mortos
que interagiam e dançavam como se estivessem ainda vivos.
Todo o seu dinheiro é investido na produção dos
filmes, ele passa os dias e noites fazendo os bonecos e fantoches. Cada boneco
era feito por ele mesmo, como também era ele que filmava todas as cenas. Usava
os mais diversos materiais para confeccionar os personagens, como galhos, arames,
madeira, palha, cortiça. Segundo sua
neta, as mudanças de expressões e a
emoção transmitida através dos rostos dos bonecos era devido a um invento
misterioso que consistia em molhar a camurça ou o couro antes de prender à
estrutura de madeira.
Ao secar, o material encolhia, aderindo
completamente à madeira, dando detalhes quase reais às faces dos bonecos. Para
conseguir mudar as expressões na hora da filmagem usava pinças de dentista e
assim modificava quadro-a-quadro as diferentes partes dos rostos, em especial
ao redor dos olhos. Seu mundo vai
tornando-se cada vez mais completo.
Através da aquisição de vícios e virtudes seus bichos, incluindo leões e outros mamíferos vão se caracterizando e tornando-se cada vez mais humanos. Trabalha com a ajuda de sua esposa Anna, da filha mais velha Irene e da sua segunda filha Jeanne.
Através da aquisição de vícios e virtudes seus bichos, incluindo leões e outros mamíferos vão se caracterizando e tornando-se cada vez mais humanos. Trabalha com a ajuda de sua esposa Anna, da filha mais velha Irene e da sua segunda filha Jeanne.
Uma centena de filmes vai nascer a partir desta
pequena oficina familiar. As muitas
pequenas obras-primas vão influenciar mais tarde o trabalho de Ray Harryhausen,
de Svankmajer, Trnka ou mesmo Pojar. A
atmosfera parisiense foi muito estimulante para seu trabalho. Muitas vezes
Starewicz produziu dois ou mais filmes por ano, baseando-se fortemente na
literatura infantil.
Os títulos dos filmes desta época são: "O Espantalho" (1921), "Frogland" ou "As rãs que queriam um rei" (1922), aqui Starewicz zomba da instabilidade da sociedade e faz uma crítica à política. O enredo segue a fábula de Esopo das rãs que exigem um rei do deus Júpiter e depois se arrependem de seus pedidos.
Moral da
história: cuidado com o que você deseja. Sucinto, Starewicz vai direto ao ponto, misturando
em forma de conto, a política com a mitologia grega. Tudo isto como se fosse visto pelo olhar de
uma criança. Mas assim ele consegue dar
sua mensagem aos adultos também. "A Voz do rouxinol" (1923), foi vencedor da
medalha Hugo Riesenfeld como melhor curta de animação nos Estados Unidos em
1925.
É um lindo filme onde ele aponta
para adultos e crianças que os animais são criaturas com emoções e que como os
humanos, devem ser tratados com respeito.
O rouxinol é um mensageiro - representando talvez uma presença divina
que assume uma forma animal e que vem durante o sonho contar e mostrar sobre
seus sentimentos à personagem da menininha que o prende, fazendo com que o
compreenda e se arrependa do seu ato.
O aspecto do sonho representa um papel
importante na formação da mente da menina. Ela entende de uma forma sutil o dom
que está recebendo ao ver estas visões. Esta história também é um excelente
exemplo de como os acontecimentos espontâneos e os acasos, especialmente os
infelizes, podem levar para um caminho de um
bem maior, de como o sofrimento
traz o conhecimento e a verdade. No
final por causa do aprisionamento do pássaro, ou seja, por conta do seu triste
destino, a jovenzinha ainda se beneficia com a experiência de vida.
De certa forma, neste filme está a
personificação de tudo o que Starewicz exibe: a verdade, o conhecimento, o amor
e o respeito. Pouco importa se estes princípios morais mais básicos estavam na
cabeça de Starewicz. Tramas de significados complicados são sempre inerentes ao trabalho de qualquer
grande artista. Entre os seus melhores
trabalhos está o seu primeiro e único longa metragem de animação e o terceiro
sonorizado da história "Le Roman de Renard", produzido em Paris entre
1929 e 1931 e lançado em Berlin (1937) e
na França (1941).
Outros filmes desta época são "O
Rato da cidade e o rato do campo" (1926), Amour noir et amour blanc"
(1928), La petite parade (1928), "Dez fábulas de La Fontaine" (1932)
e "O mascote"(1933), uma longa e estranha história sobre dois cães
que praticamente atravessam o inferno para pegar uma laranja para uma garota
que está morrendo de escorbuto, que foi
selecionado por Terry Gillian omo uma das dez melhores animações de
todos os tempos entre outros. São todas
histórias cativantes, com as quais temos a oportunidade de aprender e crescer.
Até a década de 1980 Starewicz não passava de uma lenda e seus filmes
quase nunca tinham sido vistos, principalmente nas Américas. Seu trabalho foi
redescoberto somente em 1980 no Festival de Animação de Ottawa, mas foi graças
a Jayne Pilling, animador e conselheiro do British Film Institute, que
Starewicz foi reconhecido em 1983 no Festival de Cinema de Edimburgo. Seus
filmes até este momento esquecidos passaram a encantar e surpreender e desde
então, foram submetidos a restauração e exibidos em festivais de animação ao
redor do mundo. Quase todos estão finalmente disponíveis em vídeo.
Como podemos classificar o trabalho de Starewicz? A maioria dos seus filmes fascinantes tem duração de menos
de 15 minutos e mesmo para padrões contemporâneos sua obra impressiona pela
técnica utilizada e desafiam as expectativas convencionais de animação. Dono de uma criatividade e paciência sem
limites, esquisito, espirituoso e muitas vezes surpreendentemente
surreal, filmava cenas extremamente complexas em escala de
miniatura, onde pouca ou nenhuma fiação é visível, mesclando dezenas de
bonecos, brinquedos ou bichos que interagiam, animados simultaneamente (às
vezes mais de 50 todos juntos!), o que
tornava as cenas quase reais.
Ele
não esquecia dos menores detalhes, enriquecendo os cenários, como por exemplo,
misturando elementos verdadeiros como folhas e flores que balançavam ao vento, anteninhas que se
mexiam com o movimento dos insetos, luzes piscando ritmicamente, água com
ondinhas, etc...
Do ponto de vista filosófico, Starewicz trouxe para o seu trabalho sua experiência com as complexidades da vida, entendendo que o bem e o mal andam de mãos dadas. Mostra estes opostos, conseguindo equilíbrio entre a dura realidade das situações e o prazer dos momentos despreocupados. Retrata as extremidades, a escuridão e a luz, tudo em uma simples fábula.
Do ponto de vista filosófico, Starewicz trouxe para o seu trabalho sua experiência com as complexidades da vida, entendendo que o bem e o mal andam de mãos dadas. Mostra estes opostos, conseguindo equilíbrio entre a dura realidade das situações e o prazer dos momentos despreocupados. Retrata as extremidades, a escuridão e a luz, tudo em uma simples fábula.
É
fascinante como nas histórias tradicionais ele aborda o mito e os mistura com a
vida cotidiana.
Também
fala das alegrias, dificuldades e verdades negligenciadas pela realidade de
hoje. Mostra detalhes da existência
rural e urbana. Ele mistura os eventos modernos com contos de fadas legendárias
fazendo com que suas figuras demonstrem comportamentos convincentemente
contemporâneos.
Por exemplo, no filme "A voz do Rouxinol" o pássaro tem características sentimentais humanas representando qualidades que afetam todos. Não é diferente com os sapos de "Frogland" ou com o gafanhoto ignorado pela formiga. Estas caricaturas históricas poderiam ser nossos vizinhos ao lado, o governo sob a qual vivemos, ou nós mesmos.
Por exemplo, no filme "A voz do Rouxinol" o pássaro tem características sentimentais humanas representando qualidades que afetam todos. Não é diferente com os sapos de "Frogland" ou com o gafanhoto ignorado pela formiga. Estas caricaturas históricas poderiam ser nossos vizinhos ao lado, o governo sob a qual vivemos, ou nós mesmos.
Técnicamente
falando, uma de suas maiores inovações foi o uso de motion blur (ou o rastro
borrado que aparece em fotografias de objetos em velocidade), depois conhecido
como Go-Motion. Na hora de registrar certas cenas, ele
simplesmente balançava os arames que seguravam os bonecos, que saíam nas fotos
ligeiramente borrados, e os arames não podiam ser vistos: como resultado
obtinha cenas impressionantes de movimentos velozes quase reais.
Não
se sabe quantos artistas foram influenciados pelo trabalho de Starewicz, mas
certamente o filme "O mascote"(1933) é um precursor para o trabalho
de Henry Selick (Nightmare Before Christmas), John Lasseter (Toy Story), os
irmãos Quay (Rua dos crocodilos),
os irmãos Bolex (As
aventuras secretas de Tom Thumb), Jan Svankmajer (Dimensões
do Diálogo, Alice, Fausto) e Nick Park (As Calças erradas,
A close Shave). É também
respeitado e adorado por Terry Gilliam,
Lord Peter e Tim Burton. Sem dúvida o seu longa de 1931 "Le Roman de
Renard", inspirou a homenagem feita no recente "O Fantástico Senhor
Raposo" (2009), com direção de Wes Anderson.
Seus filmes capturam a beleza da mágica que acontece em algum lugar
entre a fantasia e a realidade e depois de um século ele deve ser considerado
como um mestre, um verdadeiro pioneiro e um visionário no gênero. Władysław
Starewicz utilizou a técnica da
animação como uma ferramenta para a expressão de algo verdadeiramente artístico
e genial!
Pode-se conferir alguns de seus filmes nos links:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=oHlDrvVAh_U
Pode-se conferir alguns de seus filmes nos links:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=oHlDrvVAh_U
Everly Giller
Nascida
em Caçador, SC. Em 1961, reside atualmente em Curitiba. Graduada em Bacharelado
em Pintura e Licenciatura em Desenho na EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do
Paraná, com Especialização em Gravura em
Metal na Academia de Belas Artes de Cracóvia/Polônia (1985 a 1987). Artista
plástica atuante desde 1980 com produção em pintura e gravura; participa de
exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. É professora
do idioma polonês e estuda Letras-Polonês na UFPR.
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