Quem aqui é de verdade livre?
Enfim, não sei se a desejamos muito ou se a tememos muito, se ela de qualquer forma viria ou se foram nossos medos e nossas palavras que a concretizaram, mas a verdade é: a crise está aí. E com tudo o que tem direito: recessão, alta de preços, desemprego e uma pontinha de desespero que ronda tudo e todos, cuja principal anunciadora é a mídia, é claro, mas, por ora, até que contido nas redes sociais.
As mesmas redes sociais onde se viu tanto furor em época de eleições, está um pouco mais silenciosa agora. Talvez tão desesperada quanto, mas mais cuidadosa nas manifestações exasperadas de apoio ou repúdio. Talvez porque agora o buraco esteja mais embaixo e quem berrava aos quatro ventos que tudo era manipulação da direita, da mídia ou do sistema capitalista, agora, depois de triplo de conta de luz, quase o dobro de conta de água, aumento do gás, dos alimentos, etc., estejam suspeitando, enfim, que talvez não fosse tudo manipulação da imprensa.
Temos que tomar cuidado para não deixar instrumentos como esse, canal de voz para muitos que não a tinham, transforme-nos em reféns de um mundo imaginário, fora da realidade, criado pelas nossas convicções pessoais ou partidárias, resultado dessas tantas vozes, muitas das vezes sem qualificação pra alardear o que quer que seja (vide Corações Sujos).
Não que não se tenha o direito de falar. Cada um fala o que quer (desde que se saiba da consequência, qual o ditado: fala o que quer, ouve o que não quer). Estamos numa democracia e é legal que a gente possa galgar novos postos e ocupar nosso espaço, mas não vamos desqualificar todos os profissionais de uma classe só pra defender uma realidade diferente da que está sendo noticiada (acho que nosso grau de previsibilidade e habilidade intuitiva não está assim ainda tão desenvolvido).
Também tem outra coisa. Por que achamos que a imprensa é comprada e o colega é livre? Qual de nós é/está realmente livre de manipulações?? Acho que essa liberdade é um grande esforço e acho esse esforço válido - temos que lutar pra nos libertarmos dessas amarras todas, do poder e do dinheiro principalmente -, mas não podemos esquecer quantas vezes o povo foi/é massa de manobra e temos que cuidar pra que através de redes sociais, ainda que nos fazendo crer que a nosso favor, não estejam manipulando nossas mentes e comportamentos, nossas crenças e até nossas dúvidas.
Temos que tomar o dobro de cuidado com o quê e quem anuncia coisas na rede e fazer máximo esforço pra não se deixar mergulhar na grande mentira, que interessa àqueles que vão ser com ela beneficiados (geralmente, os que estão no poder).
O mesmo esforço que devemos fazer pra não cair na ilusão da grande conspiração, quando na verdade querem é encobrir falcatruas com a falsa promoção de uma conspiração que não existe.
Pra completar, e não deixando de ser polêmica, eu fico cá com meus botões pensando em como fazer a economia girar, como seria fácil aumentar a receita e qualquer criança da sexta série poderia facilmente resolver essa equação. Na verdade, a questão maior não está em aumentar os ganhos, mas em reduzir os gastos. E os gastos a serem mais fácil e justamente cortados seriam das mordomias da politicagem: salários estrondorosos e não se sabe quantos benefícios, horas extras e artimanhas que fazem que o parlamentar brasileiro seja um equivalente de marajá.
Seria uma medida, além de justa, muito popular, e através dela com certeza a Presidente da República conseguiria reverter essa lamentável impopularidade (uma pena, para a primeira mulher que governa este país).
Se eu fosse ela, mandava os colarinhos branco às favas - o apoio no Congresso não tem sido grande coisa mesmo -, bora cortar salário de parlamentar e promover um conceito de político por vocação, a la José Mujica, ex-presidente uruguaio, (aqui ressalto maior mérito ao povo uruguaio que soube escolher, do que ao próprio Mujica, diga-se). Também, em vez de pôr mais uma vez na conta do povo, punha pra rodar o imposto sobre grandes fortunas.
Queria ver se ela não recuperava a credibilidade nacional, se não seria levada nos braços do povo... e de quebra, ainda resgatava os investimentos.
Não estou defendendo derrubada das instituições, não! deus me livre!, longe disso!, porque ainda não inventaram nada melhor que a democracia e até que tal não aconteça, sou dela a maior defensora. Estou é defendendo uma solução para a crise que passe pelos inatacáveis, pelo alto setor, pela casta mais nobre...
Mas coisa simples assim, ninguém pensa...
Bom, só uma reles cidadã, num desabafo.
Larissa Germano é autora de "Cinzas e Cheiros" e escreve nos blogs Palavras Apenas (naoapenaspalavras.blogspot.com) e Nunca Te Vi Sempre Te Amei (cafehparis.blogspot.com), tem perfil no facebook e no twitter e a página Lári Prosa e Trova no facebook. É também compositora intuitiva e tem perfil no Sound Cloud e Youtube.
1 comentários:
Gostei e deixo um texto que fiz do tema no Linkedin...
13 de setembro de 2015 às 20:42"Há um século que as crises são um mecanismo natural de ajuste da Macro economia, hoje, são um mecanismo externo de gestão interna dos países, fica difícil não encontrar semelhanças no que se prevê para o Brasil, com aquilo que aconteceu e acontece com o Sul da Europa. Tanto pelas causas, como pelo efeito, de tal ordem, que me arrisco a prever o regresso do FMI ao Brasil para "ajudar" a regular a sua dívida soberana."
Abraço!
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