sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A MULHER E A ROSA


A mulher estava irritada naquele dia. As coisas não estavam dando certo. Tudo começou no escritório, quando seu chefe exigiu dela mais do que poderia dar. O trabalho pedido foi desumano, ela jamais conseguiria entregar os relatórios financeiros em apenas uma semana. E quando ela pediu mais um prazo, foi delicadamente ameaçada de ser despedida, caso não desse conta do recado. O que ele estava pensando? Isso era assédio moral, ah se era, ela estava muito bem informada. Mas, intimidada pela autoridade do chefe, calou-se e disse que faria tudo para conseguir entregar o trabalho na data exigida.



E o carro, que resolveu pifar na volta? Ela teve que chamar o seguro e quase morreu de medo, ficou parada na estrada, até que um mecânico chegou e resolveu o problema.


Quando chegou em casa foi para o banho, para relaxar um pouco. Quando estava no meio do banho, o chuveiro esfriou e ela teve que sair do banheiro correndo, enrolar-se numa toalha e esquentar água na chaleira, para ao menos, poder enxaguar o cabelo.

Depois de tudo, foi até a caixa do correio pegar a correspondência e ao passar pelo pequeno jardim, deu-se conta que uma rosa havia florido, pois havia uma roseira ali, já fazia muito tempo. Na verdade, já estava ali quando ela alugara a casa e entre surpresa e admirada, aproximou-se da rosa, para observá-la.



Foi então que algo aconteceu. Subitamente, assim que pôs os olhos na rosa, ficou enternecida pela sua beleza. Ficou olhando durante muito tempo, pois a rosa era mesmo admirável. Era uma rosa branca, porém suas pétalas eram margeadas por um cor-de-rosa vivo.  Parecia que suas pétalas tinham sido pintadas uma a uma. Indiscreta, a rosa provocava o olhos, chamava para si atenção total, exigindo  olhar atento.



Um sentimento de gratidão invadiu a mulher e ela deu-se conta do pequeno milagre que estava assistindo. Para aquela rosa nascer, a terra toda, a força selvagem da natureza tivera que agir, a grande força da vida atuara ali. Tudo para que ela pudesse ter, naquele dia, aquela linda rosa em seu pequeno jardim.
A beleza estonteante da rosa fez com que percebesse a grandeza da vida, diante da qual os pequenos problemas humanos são quase nada.



Deu-se conta do milagre de enxergar, de ter olhos perfeitos, que captam e distinguem cores. E entendeu que todos os dias, a humanidade está rodeada de milagres, mas não enxerga. Vê, sem observar. Olha, sem captar.

Comovida, cheirou a rosa e seu perfume bruto a embriagou. Era perfeito. Gostava do cheiro de rosas. Já tentara comprar perfumes de rosas, mas nunca encontrou um que sequer chegasse perto do cheiro que a rosa verdadeira emana.  Fechou os olhos e respirou fundo, deixando com que aquele odor maravilhoso a envolvesse.  De repente, sentiu-se bem. Sorrindo, voltou para dentro. Sentou-se no sofá e fechou os olhos, feliz. Estava viva. E tinha uma rosa em seu jardim.




*Imagens retiradas da Internet sem fins lucrativos.







Foto: Izabel Liviski. Em Paris, cidade floral,
onde há rosas por todos os lados...

Vanisse Simone Alves Corrêa é doutoranda em Educação pela UFPR e co-editora da Revista Contemporartes. É também uma mulher que ama rosas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que lega, Vanisse! muito lindo e sensível seu texto.
Só esqueceu de colocar o crédito da foto, feita nos jardins
de Luxemburgo, Paris!
abraço.

9 de outubro de 2015 às 20:57
Vanisse Simone disse...

Verdade Bel, créditos já devidamente colocados e lembranças reavivadas... (o que é sempre bom!).
bjo grande!

12 de outubro de 2015 às 08:28

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