A MULHER E A ROSA
A mulher estava irritada naquele dia. As coisas não estavam dando certo.
Tudo começou no escritório, quando seu chefe exigiu dela mais do que poderia
dar. O trabalho pedido foi desumano, ela jamais conseguiria entregar os
relatórios financeiros em apenas uma semana. E quando ela pediu mais um prazo,
foi delicadamente ameaçada de ser despedida, caso não desse conta do recado. O
que ele estava pensando? Isso era assédio moral, ah se era, ela estava muito
bem informada. Mas, intimidada pela autoridade do chefe, calou-se e disse que
faria tudo para conseguir entregar o trabalho na data exigida.
E o carro, que resolveu pifar na volta? Ela teve que chamar o seguro e
quase morreu de medo, ficou parada na estrada, até que um mecânico chegou e
resolveu o problema.
Quando chegou em casa foi para o banho, para relaxar um pouco. Quando
estava no meio do banho, o chuveiro esfriou e ela teve que sair do banheiro
correndo, enrolar-se numa toalha e esquentar água na chaleira, para ao menos, poder
enxaguar o cabelo.
Depois de tudo, foi até a caixa do correio pegar a correspondência e ao
passar pelo pequeno jardim, deu-se conta que uma rosa havia florido, pois havia
uma roseira ali, já fazia muito tempo. Na verdade, já estava ali quando ela
alugara a casa e entre surpresa e admirada, aproximou-se da rosa, para
observá-la.
Foi então que algo aconteceu. Subitamente, assim que pôs os olhos na rosa, ficou enternecida pela sua beleza. Ficou olhando durante muito tempo, pois a rosa era mesmo admirável. Era uma rosa branca, porém suas pétalas eram margeadas por um cor-de-rosa vivo. Parecia que suas pétalas tinham sido pintadas uma a uma. Indiscreta, a rosa provocava o olhos, chamava para si atenção total, exigindo olhar atento.
Um sentimento de gratidão invadiu a mulher e ela deu-se conta do pequeno
milagre que estava assistindo. Para aquela rosa nascer, a terra toda, a força
selvagem da natureza tivera que agir, a grande força da vida atuara ali. Tudo
para que ela pudesse ter, naquele dia, aquela linda rosa em seu pequeno jardim.
A beleza estonteante da rosa fez com que percebesse a grandeza da vida,
diante da qual os pequenos problemas humanos são quase nada.
Deu-se conta do milagre de enxergar, de ter olhos perfeitos, que captam
e distinguem cores. E entendeu que todos os dias, a humanidade está rodeada de
milagres, mas não enxerga. Vê, sem observar. Olha, sem captar.
Comovida, cheirou a rosa e seu perfume bruto a embriagou. Era perfeito.
Gostava do cheiro de rosas. Já tentara comprar perfumes de rosas, mas nunca
encontrou um que sequer chegasse perto do cheiro que a rosa verdadeira emana. Fechou os olhos e respirou fundo, deixando com
que aquele odor maravilhoso a envolvesse. De repente, sentiu-se bem. Sorrindo, voltou
para dentro. Sentou-se no sofá e fechou os olhos, feliz. Estava viva. E tinha
uma rosa em seu jardim.
*Imagens retiradas da Internet sem fins lucrativos.
Foto:
Izabel Liviski. Em Paris, cidade floral,
onde há
rosas por todos os lados...
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2 comentários:
Que lega, Vanisse! muito lindo e sensível seu texto.
9 de outubro de 2015 às 20:57Só esqueceu de colocar o crédito da foto, feita nos jardins
de Luxemburgo, Paris!
abraço.
Verdade Bel, créditos já devidamente colocados e lembranças reavivadas... (o que é sempre bom!).
12 de outubro de 2015 às 08:28bjo grande!
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