quarta-feira, 1 de junho de 2016

"O Botão de Pérola", do chileno Patrício Guzmán, é preciosidade sobre a memória da água




Em "O Botão da Pérola" o cineasta chileno Patrício Guzmán conta a história de povos nativos que viveram na Patagônia chilena antes dos processos de colonização. Usando como base a visão metafísica do caminho das águas e a importância dela no  planeta Terra e no universo, Patrício nos leva a uma viagem ao passado e nos faz reviver os ancestrais que habitavam as terras e águas chilenas que viviam em total união com a natureza.  As  fotografias do etnólogo alemão Martin Gusinde, que são mostradas no filme, servem como um legado dos povos da água.
No inicio, o documentário tem um eixo dramático poético que emociona pelas belas tomadas das Cordilheiras dos Andes, das águas, das geleiras. É impressionante a beleza dessas imagens, a grandeza e força da natureza. Somos tomados pelo lirismo das imagens. Até aqui o filme nos acalma.


A frase do uruguaio Eduardo Galeano poderia  iniciar o conflito :   “não existe riqueza que seja inocente: toda riqueza nasce de uma pobreza”.

Povos das águas - O Exterminio 

Porém essa tranquilidade não dura muito tempo, ao conhecermos a história do extermínio desses povos que viviam às margens do Pacífico, o filme passa de belo e sublime à forte e revelador.  O genocídio dos índios no séc 19  é associado ao golpe militar  realizado mais tarde por Pinochet com mais mortes e prisões. Guzmán faz um paralelo entre as atrocidades realizadas aos indígenas e ao golpe militar com assassinatos de muitas pessoas.  A memória das águas pode guardar segredos eternos e lá a verdade pode ser descoberta. 


Fotos do etnólogo Martin Gusinde
As pinturas nos corpos dos indios revelavam a união deles com o universo 



Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.

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