sábado, 10 de setembro de 2016

Análise Fílmica sobre Preciosa - Uma História de Esperança


Introdução

 O filme Preciosa - Uma História de Esperança aborda a problemática racial de maneira totalmente transversalizada a outros temas relacionados às políticas públicas de Gênero, etnia e geração. A história de uma garota negra estadunidense se desdobra de uma maneira a apresentar mais problemas e questões explícitas ou implícitas na sociedade não somente em perspectiva de um passado, mas também da atualidade. O filme foi selecionado por tratar não unicamente um conflito racial, mas sim diversos eixos principais do tema “Políticas Públicas de Etnia”, como o fato de a garota ser negra, pobre, estar em meio a vícios e violência física e psicológica, mas também por tratar e transversalizar as questões principais do tema escolhido a eixos secundários, como ela ser obesa e sofrer bullying devido a isso, sofrer violências sexuais, a mãe ser lgbtfóbica, ter uma filha com síndrome de down e, ao final do filme, descobrir ser soropositiva. Todas essas questões atreladas num só filme fez com que o selecionássemos por sua abrangência sobre os tópicos e sub-tópicos. Embora o filme seja uma produção e uma história norte-americana, seus eixos e sub-eixos podem ser facilmente comparados a realidade nacional, a qual garotas negras e pobres também podem passar de maneira muito semelhante por um ou mais dos problemas que foram tratados no decorrer da obra. 

Leitura do filme Preciosa - Uma História de Esperança em meio a problemática racial transversalizada a outros temas

O que nos transforma em nós ou nos coloca na categoria de outros? O que faz um grupo com determinado tipo de características deter poder e influência, enquanto que o outro é subjugado? Grupos em marginalização, exclusão social e segregação socioespacial existem em diversas regiões do mundo, tanto como o pessoal negro e latino vivendo às sombras do Harlem extremamente esquecido pelo poder público da década de 80, enquanto Manhattan era reconhecida como cartão postal, quanto com a população indígena que tem de lidar com políticas públicas correndo o risco de sumir do papel a qualquer mudança de poder, ou com a população da periferia do Rio de Janeiro por exemplo, que além de viver marginalizada, ainda são hostilizados e sofrem tratamento pesado de policiais.
 No filme Preciosa - Uma História de Esperança, as garotas da década de 80 que vivem em situação de desigualdade e vulnerabilidade são negras e latinas. Atualmente, o Harlem não vive mais sob dias sombrios, diferentemente do Brasil, onde há bairros com populações segregadas e marginalizadas aos montes, já que a desigualdade é muito forte. Nós também temos um povo negro vulnerável socialmente aqui. A diferença é que todos somos os latinos, e na escola de inferiorização do nosso país, quem vem em seguida para substituir esse grupo é o indígena.

Preciosa sentada próxima da janela de um transporte público.Fonte: Preciosa (2009)
 O início da questão negra no Brasil se dá certamente no momento em que eles conseguiram chegar aqui em vida para serem escravizados. Dizemos isso porque embora obrigados a partirem de suas terras, não havia certeza se realmente chegariam à costa brasileira devido às péssimas e desumanas condições em que eram colocados nos ditos navios negreiros. O início de uma formação organizada de resistência negra se deu no século XVII com Quilombo dos Palmares, onde um grande grupo de escravos se rebelou, se armou e acolheu escravos fugidos pelo companheirismo e pelo aumento do contingente negro em prol de maior força para a resistência tanto aos ataques dos capitães-do-mato quanto aos de formações militares da coroa portuguesa. Da dissolução do Quilombo dos Palmares nos idos de 1710 até a abolição da escravatura em 1888, houveram diversas outras organizações e resistências negras, formando quilombos por toda a extensão territorial. Hoje há uma estimativa de 2.197 comunidades quilombolas reconhecidas oficialmente pelo Estado, formadas por cerca de 214 mil famílias e 1,17 milhão de quilombolas. Embora seja uma causa de grande destaque na sociedade, as pautas quilombolas entraram no PPA somente nos anos de 2004 a 2007, tendo até agora uma crescente preocupação da administração pública. Como matriz das políticas públicas quilombolas, foi lançado em 2013 o “Programa Brasil Quilombola”, o qual dividia essas políticas em quatro eixos, sendo eles o “Acesso à terra”, “Infraestrutura e qualidade de vida”, “Inclusão produtiva e desenvolvimento local” e  “Direitos e Cidadania”, fornecendo-lhes principalmente regularização fundiária, saneamento básico, energia elétrica, o incentivo da agricultura familiar e as cotas para o ingresso às universidades públicas, o acesso às bolsas fornecidas pelo PROUNI e ao financiamento estudantil pelo FIES. Além das políticas públicas para o bem-estar dessa população, há também o feriado do “Dia da Consciência Negra”, celebrado todo dia 20 de novembro a partir de 2003. A data em questão foi a da morte de Zumbi dos Palmares e foi selecionada por representar a luta dos negros, diferentemente do dia 13 de maio, que representaria o ato da princesa Isabel como um símbolo da vitória negra, sendo somente o que a sociedade já demandava há tempos e além disso, não houve nenhuma política de reparação social, deixando os negros tão carentes do Estado quanto antes.

Para ler o trabalho completo, acesse:  https://drive.google.com/open?id=0Byx0SOCdWUx_Zko5ZnNkalByMFk

Joel Teixeira Dos Santos Junior
Rodney da Cruz Rabelo 

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