Análise Fílmica sobre Preciosa - Uma História de Esperança
Introdução
O filme Preciosa - Uma História de Esperança
aborda a problemática racial de maneira totalmente transversalizada a outros
temas relacionados às políticas públicas de Gênero, etnia e geração. A história
de uma garota negra estadunidense se desdobra de uma maneira a apresentar mais
problemas e questões explícitas ou implícitas na sociedade não somente em
perspectiva de um passado, mas também da atualidade. O filme foi selecionado
por tratar não unicamente um conflito racial, mas sim diversos eixos principais
do tema “Políticas Públicas de Etnia”, como o fato de a garota ser negra,
pobre, estar em meio a vícios e violência física e psicológica, mas também por
tratar e transversalizar as questões principais do tema escolhido a eixos
secundários, como ela ser obesa e sofrer bullying
devido a isso, sofrer violências sexuais, a mãe ser lgbtfóbica, ter uma
filha com síndrome de down e, ao final do filme, descobrir ser soropositiva.
Todas essas questões atreladas num só filme fez com que o selecionássemos por
sua abrangência sobre os tópicos e sub-tópicos. Embora o filme seja uma
produção e uma história norte-americana, seus eixos e sub-eixos podem ser
facilmente comparados a realidade nacional, a qual garotas negras e pobres
também podem passar de maneira muito semelhante por um ou mais dos problemas
que foram tratados no decorrer da obra.
Leitura do filme Preciosa - Uma História de Esperança em
meio a problemática racial transversalizada a outros temas
O
que nos transforma em nós ou nos coloca na categoria de outros? O que faz um
grupo com determinado tipo de características deter poder e influência,
enquanto que o outro é subjugado? Grupos em marginalização, exclusão social e
segregação socioespacial existem em diversas regiões do mundo, tanto como o
pessoal negro e latino vivendo às sombras do Harlem extremamente esquecido pelo
poder público da década de 80, enquanto Manhattan era reconhecida como cartão
postal, quanto com a população indígena que tem de lidar com políticas públicas
correndo o risco de sumir do papel a qualquer mudança de poder, ou com a
população da periferia do Rio de Janeiro por exemplo, que além de viver
marginalizada, ainda são hostilizados e sofrem tratamento pesado de policiais.
No filme Preciosa
- Uma História de Esperança, as garotas da década de 80 que vivem em
situação de desigualdade e vulnerabilidade são negras e latinas. Atualmente, o
Harlem não vive mais sob dias sombrios, diferentemente do Brasil, onde há
bairros com populações segregadas e marginalizadas aos montes, já que a
desigualdade é muito forte. Nós também temos um povo negro vulnerável
socialmente aqui. A diferença é que todos somos os latinos, e na escola de
inferiorização do nosso país, quem vem em seguida para substituir esse grupo é
o indígena.
Preciosa sentada próxima da janela de um transporte
público.Fonte: Preciosa (2009)
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O início da questão negra no Brasil se dá
certamente no momento em que eles conseguiram chegar aqui em vida para serem
escravizados. Dizemos isso porque embora obrigados a partirem de suas terras,
não havia certeza se realmente chegariam à costa brasileira devido às péssimas
e desumanas condições em que eram colocados nos ditos navios negreiros. O
início de uma formação organizada de resistência negra se deu no século XVII
com Quilombo dos Palmares, onde um grande grupo de escravos se rebelou, se
armou e acolheu escravos fugidos pelo companheirismo e pelo aumento do
contingente negro em prol de maior força para a resistência tanto aos ataques
dos capitães-do-mato quanto aos de formações militares da coroa portuguesa. Da
dissolução do Quilombo dos Palmares nos idos de 1710 até a abolição da
escravatura em 1888, houveram diversas outras organizações e resistências
negras, formando quilombos por toda a extensão territorial. Hoje há uma
estimativa de 2.197 comunidades quilombolas reconhecidas oficialmente pelo
Estado, formadas por cerca de 214 mil famílias e 1,17 milhão de quilombolas.
Embora seja uma causa de grande destaque na sociedade, as pautas quilombolas
entraram no PPA somente nos anos de 2004 a 2007, tendo até agora uma crescente
preocupação da administração pública. Como matriz das políticas públicas
quilombolas, foi lançado em 2013 o “Programa Brasil Quilombola”, o qual dividia
essas políticas em quatro eixos, sendo eles o “Acesso à terra”, “Infraestrutura
e qualidade de vida”, “Inclusão produtiva e desenvolvimento local” e “Direitos e Cidadania”, fornecendo-lhes
principalmente regularização fundiária, saneamento básico, energia elétrica, o
incentivo da agricultura familiar e as cotas para o ingresso às universidades
públicas, o acesso às bolsas fornecidas pelo PROUNI e ao financiamento
estudantil pelo FIES. Além das políticas públicas para o bem-estar dessa
população, há também o feriado do “Dia da Consciência Negra”, celebrado todo
dia 20 de novembro a partir de 2003. A data em questão foi a da morte de Zumbi
dos Palmares e foi selecionada por representar a luta dos negros,
diferentemente do dia 13 de maio, que representaria o ato da princesa Isabel
como um símbolo da vitória negra, sendo somente o que a sociedade já demandava
há tempos e além disso, não houve nenhuma política de reparação social,
deixando os negros tão carentes do Estado quanto antes.
Para ler o trabalho completo, acesse: https://drive.google.com/open?id=0Byx0SOCdWUx_Zko5ZnNkalByMFk
Joel
Teixeira Dos Santos Junior
Rodney
da Cruz Rabelo
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