Dom Quixote


É preciso ser um pouco insano para melhor saborear esta obra magnífica. Como assim? Explico. Depois de ler muitos romances de cavalaria, o personagem-título acredita que é um cavaleiro andante, em época e lugar em que não existe tal coisa. Da mesma forma, os leitores da principal obra de Cervantes também precisam se deixar levar pela sua história. Caso contrário, não poderá extrair o seu sumo deliciosamente bem humorado e apreciar sua fragrancia de justiça e honra. É preciso acreditar que Rocinante verdadeiramente existe e galopar com ele e seu dono através da paisagem de La Mancha!

Os romances de cavalaria são o ponto de partida para a loucura de Dom Quixote e seu autor. O primeiro é dito louco por vivenciar essas histórias de donzelas e espadas, e o segundo por subvertê-las. Sim, subvertê-las. Pois ele escreveu esse livro justamente como uma forma de criticá-las. Na verdade, Cervantes estava criticando, ao mesmo tempo, dois universos presentes em seu tempo: a antiga herança medieval dos cavaleiros, que já cheirava a mofo no século XVII, e a importância descomedida que se dava (e ainda se dá) aos valores materiais, tão bem encarnados no escudeiro gorducho Sancho Pança. Mas não só isso, também ressignificou essas histórias através de sua obra.


Além de causar influências dentro da própria literatura,
Dom Quixote provou ser uma notável fonte de inspiração para os criadores em outros campos artísticos. Desde o século XVII que se têm realizado peças de teatro, óperas, composições musicais e bailados baseados no Dom Quixote. No século XX, o cinema, a televisão e os cartoons [e também os quadrinhos] inspiraram-se igualmente nesta obra. (fonte: Wikipédia)

Um bom exemplo dessas influências todos é essa música da banda Os Mutantes, inspirada no Cavaleiro da Triste Figura, com a qual termino o que tenho a dizer:

A vida é um moinho
É um sonho o caminho
Do Sancho, o Quixote
Chupando chiclete
O Sancho tem chance
E a chance é o chicote
É o vento e a morte
Mascando o Quixote
Chicote no Sancho
Moinho sem vinho
Não corra me puxe
Meu vinho meu crush
Que triste caminho
Sem Sancho ou Quixote
Sua chance em chicote
Sua vida na morte


Vem devagar
Dia há de chegar
E a vida há de parar
Para o Sancho descer
E o Quixote sonhar
E os jornais todos a anunciar
Dulcinéia que vai se casar


Vê, vê que tudo mudou
Vê, o comércio fechou
E o menino morreu
Vê, vê que tudo passou
E a donzela casou
E o menino morreu
Dom Quixote cantar na TV
Vai cantar, vai subir



Vinícius "Elfo" Rennó é graduando em Letras pela UFV. Gosta de cozer bem o que escreve. Basicamente, trata-se de um leitor glutão, amante de cinema e viciado em música. Atualmente é membro do corpo editorial da Contemporâneos – Revista de Artes e Humanidades e, juntamente com a Prof. Dr. Ana Maria Dietrich, coordena a ContemporARTES – Revista de difusão cultural.
Ler Mais

Dzi Croquettes

A instabilidade como imperativo, o hibridismo como riqueza

Esse texto nasce de duas fortes motivações. A primeira foi o impacto que me causou ter assistido ao filme-documentário Dzi Croquettes (2009), dos diretores Tatiana Issa e Raphael Alvarez; a segunda, a revolta de uma amiga e atriz, Julia Marini que disse ter sido lesada todo esse tempo (ao se referir ao anonimato da história dos Croquettes nos currículos das escolas e faculdades de teatro).

O fato é que a história do Dzi Croquettes só começou a ser contada. Muito ainda precisa ser dito. O único livro que existe sobre o grupo, o “Além da palavra: a vida cotidiana dos Dzi Croquettes”, de Rosemary Lobert, é resultado de suas pesquisas no Mestrado em Antropologia, nos longínquos anos 70. Mais nada foi produzido, uma triste lacuna do teatro brasileiro.

Eu cá, comecei a minha parte. Semana passada num Curso de Extensão oferecido pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) intitulado “Introdução à Teoria e Política queer”. Nesse Curso, cujo título repito nesta coluna, procurei mostrar, ainda preliminarmente, o poder de transformação social do teatro.

Que além de ser um grupo de estética arrojada, de rompimentos e mudanças radicais, foram responsáveis por questionar um padrão hegemônico de masculinidade e sexualidade. Os Dzi foram pós-estruturalistas quando ainda desenhávamos os pilares teóricos dessa corrente. Para eles o gênero era mutável, múltiplo, e não apenas o masculino e o feminino. Eles implodiram a constituição da masculinidade quando foram mulheres e bichas em corpos marcados por pêlos. 13 homens que ajudaram a dilatar as normas, a flexibilizar os “corpos dóceis” que, em plena ditadura militar, eram mais do que vigiados e punidos.

Parafraseando as palavras de Bauman, em Vida líquida, o mundo contemporâneo está infestado de emoções fluídas, que transformam a vida numa experiência rápida e sem profundidade. As alianças são transitórias e as verdades mudam aceleradamente. Tudo é descartável, substituído e, logo depois, substituído de novo. Porém diante de tal colapso e certa descrença há também uma constante “destruição criativa”. Num mundo disforme, com identidades frouxas, vivem melhor aqueles que “se consideram em casa em muitos lugares, mas em nenhum deles em particular”. Os Dzi foram assim.

Contaminaram uma geração inteira com seu desbunde e com sua anarquia. Virou estado de espírito, modo de viver, influenciou a linguagem e o comportamento, quebrou paradigmas e foi queer quando ainda não sabíamos a dimensão política do termo. O importante para um Dzi, não era saber quem você é, mas quem você deixou de ser – e rapidamente deixar de ser novamente. A existência para eles se transformava numa experiência nômade.

Só então o sistema entendeu que a nudez daqueles corpos ia além do cômico, do farsesco, do grotesco, da “pinta”. Com a “força do macho e a graça da fêmea” enfrentavam as privações e tentavam explicar que “a vida é um cabaré”, como diz o “pai” da família Dzi Croquettes, o bailarino Lennie Dale, em trecho do filme. Em suma, uma política queer, que talvez pensasse: Estou constantemente em movimento, quando querem me classificar numa categoria, já me transformei, já estou noutra parte.

Essa
concepção desconstrói uma visão essencialista observada na sociedade moderna, na qual as identidades eram consideradas homogêneas, adotando-se uma visão mais adequada à modernidade tardia, em que se fala em flexibilidade, pluralidade, fluxo, heterogeneidade, atravessamentos, fragmentos, contradições, inacabamentos.

E o que está inacabado está sujeito, portanto, a renegociações, das quaispoderiam emergir novas identidades sociais, que fugiriam aos padrões perpetuados na cultura, como o modelo da masculinidade hegemônica, por exemplo. Afinal, se a masculinidade se ensina e se constrói, não há dúvida de que ela pode mudar.

Mais que à estética teatral, a trajetória dos 13 homens ensandecidos é vital à cultura brasileira, pois foram eles quem apontaram outros itinerários para nossos corpos e desejos, cultivaram outras subjetivações e deram mais delicadeza aos anos de chumbo.


Djalma Thürler é Cientista da Arte (UFF-2000), Professor do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade e Professor Adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA. Carioca, ator, Bacharel em Direção Teatral e Pesquisador Pleno do CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura). Atualmente desenvolve estágio de Pós-Doutorado intitulado “Cartografias do desejo e novas sexualidades: a dramaturgia brasileira contemporânea dos anos 90 e depois”.
Ler Mais

as cores vistas, da gente, cores...


Canção: TREM DAS CORES (1990)
Caetano Veloso
Fotos de divulgação da peça BACAD (dez/2010)

A franja na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar

O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão

O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí

E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial




DUDA WOYDA, ator, com experiências no Paraná e Rio de Janeiro, cidade com a qual mantem contatos profissionais. Integra a CIA Ateliê Voador e a CIA Teatro da Queda. Pesquisa questões relacionadas ao teatro físico e a sua relação entre dramaturgia corporal e teatralidade, priorizando a multidisciplinaridade.
dudawoyda@yahoo.com.br
Ler Mais

Retomando atividades e chamada de artigos

Prezados leitores,

Retomamos agora as atividades da Contemporartes- revista de Difusão Cultural. Em sua versão 2011 ela está ainda mais repleta de arte, literatura e poesia.  Pretendemos que os leitores apreciem tal cardápio que envolve textos de 15 colunistas - entre escritores consagrados, estudiosos das artes e humanidades e críticos literários e de cinema. O espaço para o leitor continua aberto para publicação quinzenal aos domingos. Se tiverem textos, esse foi um espaço especialmente voltado para quem quer mostrar suas produções e estimular a interação entre público e revista.

A Contemporartes é feita pelas palavras e almas de seus colunistas e leitores, caso tiverem sugestões nos encaminhem.


Um abraço grande cheio de açúcar, de afeto e tintas guaches coloridas


Dilemas da contemporaneidade
A Contemporâneos - nr. 7  elege como tema de seu dossiê os chamados dilemas da contemporaneidade. Vivemos em uma época de transformações bruscas e a arte tem feito seu papel tanto para transgredir tais valores quanto para compreendê-los e traduzi-los. Dilemas da contemporaneidade envolve uma discussão sobre sujeitos, linguagens e espaços. Como a imprensa, o cinema, a televisão, as artes plásticas tratam nossa época contemporânea? Há a formação de comunidades virtuais, imaginadas e novos tipos de comunidades reais?  Como a América Latina e o Brasil, em particular, traçam novas representações identitárias na nossa época? Há momentos históricos que são considerados essenciais para se compreender o que vivemos hoje, como o ano de 1968 e sua crise de paradigmas?



A revista traz ainda resenhas, artigos de temas variados e duas entrevistas, uma sobre o papel da mulher na presidência do Brasil - tomando como gancho a eleição de Dilma Roussef e outra sobre a profissional multiarte Julia Ritter, que mostra que arte, hoje em dia também se faz em um emaranhado de novas expressões.

Vale a pena dar uma conferida.

O próximo número irá receber artigos sobre o tema minorias e suas representações. Tudo que envolva grupos considerados minoritários, quer sejam social (mulheres, homossexuais, minorias religiosas, afrodescendentes) quer seja politica (anarquistas, comunistas etc) ou culturalmente (movimento brega, hippies) são considerados prioritários nessa reflexão. Aguardaremos o texto de todos até o dia 15 de março.



CHAMADA DE ARTIGOS PARA O NR. 8 DA REVISTA CONTEMPORÂNEOS E CONVITE PARA LEITURA DO NÚMERO 7
Já está disponível o número 7 da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades!
Confira nesta edição:

Dossiê: Dilemas da Contemporaneidade

Árido (road) Movie: o sujeito e o espaço contemporâneo no novo cinema pernambucano. (Esdras Oliveira)
Ariel ou Caliban: qual é o símbolo da América Latina? (Daiana Pereira Neto)
Representações Midiáticas do Real em "Confessions of Shopaholic" (Letícia Lima)
Picasso: das questões eróticas, políticas a subjetividade. (Luís Zulietti)
Comunidades Globais: a construção de comunidades imaginadas na era da informação. (Adriano de Almeida et. al.)
Revolução com Spaghetti: a visão cinematográfica da Revolução Mexicana a partir do filme "Uma Bala para o General". (Rafael Quinsani)
Imprensa Mineira e Questões Ambientais: gêneros, agendamentos e enquadramentos. (Flávia Menezes)
História, Discurso e Memória: concepções de linguagem e trajetórias de análise documental. (José Farias Júnior)
A História Após Maio de 68: os falsos problemas da crise de paradigmas. (Roger Silva & Rodrigo Carvalho)

Artigos
As Décadas de 80 e 90: transição democrática e predomínio neoliberal. (Marco Aguiar)
A história e literatura na criação do espírito trágico em Frei Luis de Souza, de Almeida Garret (Rodrigo Machado & Rosana Paula)

Resenha
As Bestas Retratadas por Cláudio Assis (Sabrina Teixeira & Sheila Doula)

Opinião
Copa do Mundo 2014 - Brasil (Franklin Lopardi Franco)

Entrevistas
Entrevista Sobre a Primeira Presidente do Brasil com o Historiador Leandro Pereira Gonçalves (por Nízea Coelho)
Entrevista com a Performer e Coreógrafa Norte-americana Julia Ritter (por Aline Vilaça)

Já está aberta a chamada de artigos para o dossiê Minorias e suas Representações, que receberá textos para avaliação até o dia 15 de março de 2011.
Para ler os textos e ficar por dentro das normas editoriais de submissão de artigos, acessem:
http://www.revistacontemporaneos.com.br/


IX Encontro Regional Sudeste de História Oral: “Diversidade e Diálogo”
16, 17 e 18 de agosto de 2011
Universidade de São Paulo
FFLCH - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Convido para o envio de comunicações para o grupo de trabalho que coordeno junto ao prof. dr. Alfredo Salun:

GT 12 - Memória, trauma e guerra

Pretende-se fomentar uma discussão relacionada à elaboração da memória de eventos traumáticos como guerras, regimes totalitários e autoritários e fenômenos ligados ao terrorismo e refletir sobre os elementos que dizem respeito a essa temática como silêncio, esquecimento, transferências, superdimensionamentos na construção de narrativas orais e mediáticas. Analisaremos o chamado trauma social e a maneira como ele influencia no tempo presente na elaboração de narrativas orais.
Em especial, a II Guerra mundial pelo seu grande impacto social causado por milhões de mortes de civis, genocídio de minorias sociais e destruição de cidades inteiras ainda causa uma grande influência na elaboração de memórias relativas a esse acontecimento no tempo presente, portanto, se faz um evento em potencial para a análise de caminhos metodológicos na História Oral para a discussão do trauma e seus efeitos.
Dentro da história nacional, um evento em potencial para a análise do trauma social é a ditadura militar que até hoje é motivo de discussão de projetos relacionados à preservação do patrimônio documental relacionado a essa memória como a recente discussão sobre a abertura de arquivos políticos dos governos militares. Seu impacto é ainda ligado à preocupação acerca de informações sobre desaparecidos políticos e outras potenciais vítimas do regime.
Tal discussão poderá ser feita a partir de estudos que explorem tanto a metodologia e história de grupos sociais ligadas à construção desse tipo de memória em particular como análises que privilegiem a sua difusão por meio de linguagens audiovisuais ligadas à contemporaneidade como, por exemplo, o cinema. 

Inscrições para comunicações orais e pôsteres: de 30 de janeiro a 01 de março de 2011.


Ana Maria Dietrich
Editora-chefe da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades
Coordenadora da Contemporartes - Revista de Difusão Cultural
Laboratório de Estudos e Pesquisas da Contemporaneidade
Núcleo de Ciência, Tecnologia e Sociedade - UFABC
Ler Mais

O VERBO DO REI


Outro dia ouvi uma avó perguntar ao neto: “Você está ficando com alguém?”. Fiquei arrepiada. Minha avó nunca faria tal pergunta e eu jamais ousaria responder como o neto: “Não vó, tô só pegando umas por aí”.Os tempos mudaram, todos sabemos. Os verbos mudaram também com o tempo e se não tomarmos cuidado não conseguiremos  mais nos comunicar com a nova geração. Já é impossível trocar correspondência com eles. As vogais enfraquecidas desistiram e pediram asilo em livros antigos, mas terão que mudar se a guerra dos e-readers realmente for deflagrada. Hoje virou “hj” e cadê virou “kd”, que pode ser “cada” ou coisas muito piores. Na minha época, as pessoas namoravam, noivavam e se casavam. A moça era noiva: verbo ser, já que desistências eram raras. Hoje, os jovens não são mais nada, apenas ficam ou pegam. Pessoas não dizem mais “somos casados”. Com a alta taxa de divórcio é mais seguro se apresentar como “estou casado com fulana ou fulano, no momento”. Quem sabe como vai terminar a noite? Vai que ele – ou ela – decida “pegar” alguém... Tenho amigos que passaram por vários casamentos em suas vidas e ainda estão na faixa dos cinquenta anos... Presente de casamento era coisa séria, importante. A partir do terceiro casamento, quem arrisca investir em um presente para a vida toda? Culpa de quem? Tudo culpa da modernidade e da globalização. Lembro-me que quando era jovem um engenheiro se apresentava assim: “Sou engenheiro mecânico da Ford”.


O verbo ser passava segurança, firmeza, continuidade, era quase eterno. Sim, porque quem entrava em multinacional como aprendiz de ferramentaria, por exemplo, sabia onde bateria o cartão até a aposentadoria. Hoje, temos leitores ópticos, scanners, leitores de íris, mesmo havendo o número de funcionários reduzido drasticamente pela automatização das linhas de produção. Os departamentos eram complexos com muitas vagas. Não havia terceirização de serviços como hoje. Contratos que podem ser desfeitos num estalar de dedos, quero dizer, num clicar da tecla “enter” do computador. Não existia a denominação “empregado inseguro”,  a pessoa estava empregada ou desempregada. Conheço engenheiros que demitidos tiveram que mudar radicalmente de campo de atuação. Administradores que aceitaram salários quatro vezes menores para voltar ao mercado depois de três anos sem trabalhar. O verbo ter também se revoltou.

Pensamos que temos alguma coisa, mas ele não existe mais. Mudou-se para outro hemisférios.Pois aqui no Brasil, não podemos dizer que temos um carro, sendo que o ladrão pode levá-lo no próximo farol. Usamos um carro. Não temos uma casa, pois se perdemos o emprego, a casa se transformará em tijolos comestíveis, caso o banco-sócio não a tire de nós.
 O  verbo TER sempre foi o bobo da corte. Mágico, nos faz acreditar em ilusões. Quem manda nessa terrena monarquia é o Chefe do Parlamento, o verbo ESTAR e seus assessores Ficar, Pegar e Usar. O Rei SER precisa ser resgatado, antes que sobrem apenas súditos desalmados.


Simone Pedersen escreve para o Bar Contemporartes na última terça-feira de cada mês. Autora de diversos livros infantis, foi premiada em inúmeros concursos literários e publicou dois livros para o público adulto: Fragmentos & Estilhaços com prosa e verso e Colcha de retalhos com poemas.



Ler Mais