Os meus heróis
Hoje quero compartilhar com vocês alguns dos meus heróis. Eles são importantes não somente pela maneira como ajo, vivo, como também por muitas de minhas opiniões. Primeiramente, devo ressaltar que a palavra Herói, no grego ‘hrvV e no latim heros, é um termo que, originalmente, designava a personagem protagonista de uma obra narrativa ou dramática. Para os gregos, herói seria aquele ser intermediário entre homem e deuses, alguém que agia a favor das pessoas e que por suas ações era considerado semidivino[1].
E atualmente, o que significaria esta palavra tão simples? Para muitos, o herói continua sendo aquele ser humano que destaca-se entre os demais devidos às suas ações voltadas ao bem estar do Outro, ou mesmo, do bem estar social. Para outros, heróis são artistas que conseguiram, através de seu trabalho, modificar, para melhor, suas condições sociais e de suas famílias. Para outros ainda, os heróis seriam, por exemplo, pessoas que ficam meses dentro de uma casa de luxo, com os melhores móveis, com as melhores comidas, festas, concorrendo a mais de um milhão de reais, sabendo que, caso não sejam os ganhadores, poderão sair nus em revistas, serem convidados para festas, cobrarem cachês e, de alguma forma, ganhar dinheiro. Enfim, ganham dinheiro mostrando a todo país uma superficialidade e futilidade que muitos tentam copiar.
Já vimos que este termo é hoje é bastante controverso, devido ao tanto de significados que pode possuir. Os que apresentei são somente alguns, mas podem haver muitos outros.
Vamos ao MEUS heróis. Para isso devo contar algumas histórias que conheço e ouvi durante os anos de minha vida. Um dia desses, eu estava na aula e uma das minhas colegas contou um pouco sobre sua vida. Vamos aos fatos.
Essa minha colega disse que trabalhava como professora de Língua Portuguesa e Literatura em uma cidade aqui do interior de Minas Gerais. Ela revelou-nos o salário que recebia, aproximadamente 800 reais. E disse-nos que para chegar ao trabalho teve que retirar a carteira de motorista,comprar uma moto, que foi dividida em algumas parcelas. Todos os dias ela faz um trajeto de quilômetros, enfrentado o perigo de estradas que nem asfaltadas são e ainda recebe um dinheiro com o qual, provavelmente, não consegue adquirir muito mais do que as necessidades básicas que possui.
Como me disse uma professora, essa minha colega não é uma coitada, não é nenhuma pessoa digna de dó. Ela trabalha como professora porque decidiu que essa é a profissão na qual gostaria de trabalhar. Mas, devemos reconhecer que ela é uma lutadora, uma vez que para ensinar enfrenta muitos obstáculos como os descritos anteriormente, além de outros que possa vir a se deparar. O pior de tudo é que essa mulher (como muitas outras pessoas) não passa nem perto de ser bem remunerada. E ela não é uma pessoa que faz bem aos outros, que se preocupa com a educação e as condições de vida alheias?
Infelizmente, ela não é vista como uma heroína. E muitos pensam que ela está na escola porque decidiu, que poderia ter cursado outra graduação. Não reconhecem que o papel social por ela exercido é de extrema importância para que as pessoas sejam mais conscientes de seus deveres e obrigações, para que o país se desenvolva mais, para que haja menos pessoas analfabetas no mundo, para que a pobreza no Brasil diminua, entre muitas outras coisas que a educação pode oferecer ao sujeito.
Onde fui criado, uma pequena cidade do interior mineiro, com aproximadamente quatro mil habitantes, há muitas pessoas que conheço que acordam 5, 6 horas da manhã e vão para a roça capinar, colher café, debaixo de sol ou chuva e de lá só saem por volta das 5 ou 6 horas da tarde. O dinheiro que elas recebem dá para comer e se vestir. O que essas pessoas chamam de “luxo” é algo apenas almejado, mas que, devido a pouca remuneração de seu trabalho ou ao pouco retorno que as plantações lhes dão, fica relegado a último plano.
Como eu havia deixado explícito no início deste texto, esses são apenas alguns dos meus heróis. São eles que me impulsionam a estudar mais a fim de me tornar um educador muito bem capacitado, a tratar a todos da mesma maneira, a ser autocrítico e aceitar críticas que sejam construtivas, a lutar por melhores condições de vida, trabalho, por uma melhor remuneração, enfim, a tentar tornar-me um ser humano melhor, não somente para mim mesmo, mas em relação aos Outros para os quais eu possa contribuir de alguma maneira construtiva.
Rodrigo C. M. Machado é Mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa.