Até o próximo dia 15 de dezembro, a exposição “Coletâneas” pode ser visitada no Espaço Cultural da Biblioteca Nadir Kfouri, da PUC SP. A exposição reúne trabalhos da artista visual Cristina Suzuki, como “instalações, objetos, fotografias e vídeos que tratam de variadas faces do contemporâneo, como a busca da felicidade, as gírias e gentilezas encontradas nas músicas que ecoam” na mente da artista.
A curadoria é de Douglas Negrisolli, que também é webdesigner da Contemporartes. A exposição fica aberta de segunda a sexta-feira, de 9h às 21h, e aos sábados de 9h às 17h. O endereço é Rua Monte Alegre, 984, Perdizes, em São Paulo capital. Mais informações aqui .
Está aberta a chamada para submissão de artigos para a revista Todas as Musas, número nove, a ser publicada em agosto do próximo ano.
Os editores vão receber artigos até o dia 22 de abril. A edição trará um dossiê com trabalhos sobre o centenário de Vinícius de Morais, “uma seção de tema aberto e outra de Iniciação Científica, além de resenhas”. Os textos podem ser enviados em português, inglês ou espanhol. Confira as normas de submissão e participe!
Foi lançado no final de outubro (e não podia passar em branco por aqui) o filme “O Contestado – Restos Mortais”, do amigo da Contemporartes Sylvio Back.
Assista o trailer e, se tiver oportunidade, confirma o filme!
Aconteceu na última sexta-feira (7), na Casa da Palavra, em Santo Andre – SP, o Café com PP itinerante. Na ocasião, foi lançado o livro "Café com PP: Novas abordagens de políticas públicas no Brasil". A obra tem organização de Artur Zimerman e da editora da Contemporartes, Ana Maria Dietrich.
O encontro contou ainda com performance teatral e uma mesa redonda com o tema Políticas Públicas de Informação e Arquivos. Acesse o blog http://cafecompp.blogspot.com.br para ficar sabendo das novidades e atividades do projeto.
Mônica Bento é jornalista, formada pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Em seu trabalho de conclusão de curso estudou a função social das salas de cinema e desenvolveu a reportagem multimídia CineMemória. Pertence a equipe de Comunicação da Contemporartes-Revista de Difusão Cultural.
Gosto de ir a lugares que nunca fui, é uma sensação de ser um estrangeiro mesmo dentro do meu país. Lugares que meus olhos não conhecem, lugares em que o cheiro da atmosfera se mescla as imagens inesgotáveis de um mundo instigante. Quando fui à Santa Rita do Sapucaí, MG, fiquei observando das janelas do hotel um mundo novo. Apesar dos elementos serem conhecidos, estes estavam numa composição diferente.
Uma placa de hotel que me lembrava filmes antigos, montanhas insinuantes e árvores verdinhas e frescas. Um cinema perdido no meio da praça....
As placas do hotel, puro encanto!
Janelas, telhados e morros, montanhas verdinhas e frescas!!!
Um sino solitário sob o céu azul.... paz!
Vidros coloridos, janelas abertas!
Uma flor no batente de uma janela qualquer...
Casarão antigo do tempo dos barões de café....
Janelas largas, mais telhados e montanhas....
Do lado de fora o único cinema da cidade.... abandonado, que pena com tantos filmes que poderiam conhecer Santa Rita....
O tempo para...
Rio que corre tranquilo.... sossego!!
Fé........
Ai, que saudades de Santa Rita do Sapucaí...... MG.
Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
“Esta não
é, nem será, uma revolução de veludo. A paisagem humana da libertação feminina
está repleta de cadáveres de vidas destruídas, como acontece em todas as
verdadeiras revoluções. Entretanto, apesar da violência do conflito, a mudança
da conscientização da mulher e dos valores sociais, que ocorreu em menos de
três décadas em quase todas as sociedades, é impressionante e traz
consequências fundamentais para toda a experiência humana, desde o poder
político até à estrutura da personalidade.” (Manuel Castells)
Camille Claudel pode ser considerada uma dessas "mártires" do preconceito histórico contra as mulheres, principalmente, contra as mulheres-artistas. A
escultora francesa, nasceu em Villeneuve-sur-Fère, na região de Champanhe, no
sul da França. Ali, entre brincadeiras e pequenas aventuras ao lado de Paul,
Camille foi uma criança fora dos padrões e alheia ao que se esperava de uma
menina no século 19. Numa época em que as mulheres eram criadas para afazeres
domésticos, ela estava sempre suja de barro e descabelada. Ela e o irmão caçula
fugiam de casa para se aventurar nas montanhas que cercavam a aldeia.
Retrato de Camille, por Malleray.
Paul
Claudel, que mais tarde se tornaria um dos grandes escritores da França,
descreveu o cenário de sua infância no livro Mémoires Improvisés (“Memórias
Improvisadas”, sem versão em português), de 1954: “Vivíamos em terra agreste e
selvagem, uma paisagem extremamente austera, com ventos e chuvas freqüentes”.
Para o desespero da mãe e orgulho do pai, Camille descobriu cedo o gosto pela
escultura. Começou moldando argila, quase como uma brincadeira. Eram figuras
inspiradas em Napoleão, Davi e Golias, além de membros da família. Na adolescência,
um de seus professores foi o escultor Alfred Boucher. Foi ele que sugeriu ao
pai de Camille, Luis-Prosper Claudel, que levasse a menina a Paris, onde ela
poderia participar de grandes salões de arte e conhecer a 'nata' intelectual e
artística da época.
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O
pai de Camille acreditava na vocação da filha. E, apesar dos gastos que isso
representava, em 1881 levou toda a família para Paris. Eles chegaram em uma
charrete emprestada por um vizinho. “Todos estavam exaustos, apenas Camille,
então com 17 anos, e a empregada Eugènie irradiavam alegria”, escreveu a
francesa Anne Delbée, no livro Camille Claudel, Uma Mulher, biografia publicada
na França em 1982. Mas em Paris as dificuldades eram enormes para uma
jovem artista. A escultura, além de ser uma atividade prioritariamente
masculina, exigia materiais caríssimos como o mármore e o bronze. E mais: era
preciso pagar um espaço relativamente amplo – os aluguéis em Paris, já naquela
época estavam entre os mais caros do mundo – e o salário do trabalho de
fundidores, auxiliares e modelos.
Camille alugou um ateliê com mais três jovens
artistas, todas inglesas. Uma delas, Jessie Lipscomb, tornou-se sua amiga para
o resto da vida e uma das poucas pessoas que a visitariam no hospício. Elas
dividiam também os pagamentos para o professor Alfred Boucher, que as orientava
de vez em quando. Foi numa dessas visitas que Boucher apresentou o trabalho de
Camille para Paul Dubois, diretor da Escola Nacional de Belas-Artes. Dubois
notou a semelhança da obra da jovem com a de outro artista, que começava a
despontar para a fama. “A senhorita já teve aulas com Auguste Rodin?” Camille
nunca tinha ouvido falar no sujeito.
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“Na
época, Rodin ainda não era famoso, mas já iniciara a experimentação conceitual
e estilística que viria a caracterizar sua forma inusual de esculpir. Por isso,
era odiado pelos críticos e amado pela vanguarda de Paris, ou seja, os
impressionistas”, diz Jacques Vilain, historiador do Museu Rodin e co-autor de
Rodin: A Magnificent Obsession (“Rodin: Uma Magnífica Obsessão”, inédito no
Brasil). Se Camille ficou curiosa para conhecer o tal que esculpia igual a ela,
esse sentimento durou pouco.
“Apenas algumas semanas depois, Boucher viajou à
Itália e pediu para um amigo assumir suas aulas particulares. Assim, numa tarde
de maio de 1883, Rodin batia às portas das jovens escultoras”, diz
Vilain. Camille tinha 19 anos. Rodin, 45. Segudo Reine-Marie, Rodin teria
entrado cheio de si no ateliê e não fez um só elogio sobre as obras expostas.
Muito pelo contrário: apontou defeitos. Mas ele gostou do que viu. Tanto
que passou a freqüentar o local e, depois de dois anos, chamou Camille para
trabalhar com ele.
O convite coincidiu com um momento particularmente
importante na carreira de Rodin. “Ele acabara de receber uma encomenda do
governo francês para fazer As Portas do Inferno e Os Burgueses de Calais, obras
de grande porte que precisariam de ajudantes para ser feitas”, afirma Vilain.
“Camille era uma artesã habilidosa e por isso ficou incumbida de fazer os pés e
as mãos das estátuas. Além disso, dava opiniões e discutia idéias sobre as
obras com Rodin.”
Não se sabe quando a convivência entre o mestre e a aluna se
tornou um caso de amor, mas as cartas que trocavam em 1886 são reveladoras da
paixão e do ciúme que Camille, desde o início, já sentia. “Minha Camille,
esteja segura de que não tenho nenhuma outra amiga e toda minha alma lhe
pertence”, escreve Rodin. Camille responde: “Deito-me nua para imaginar que
está ao meu lado, mas quando acordo já não é a mesma coisa”.
Rodin não
estava sendo sincero. Nessa época, ele já vivia com Rose Beuret, com quem tinha
um filho. Além disso, ostentava a fama de mulherengo. Mas Camille estava
apaixonada e, em 1888, deixou a casa dos pais e passou a viver numa casa
alugada por Rodin, que eles chamavam de “retiro pagão”. “Eles passam a
freqüentar lugares públicos, tornando-se amantes assumidos. O que era um
escândalo para a época”, afirma Liliana Wahba, psicóloga brasileira autora de
Camille Claudel: Criação e Locura. Essa fase da vida de ambos é marcada por
obras de intensa sensualidade.
No entanto, com o tempo, Camille passou a se
sentir sozinha. Vivia à espera de Rodin, que nem sempre aparecia. O
relacionamento começou a deixá-la deprimida. Ela queria que Rodin se casasse
com ela. Mas ele nunca chegou a deixar Rose. Jurava amor a Camille, mas dizia
que não podia abandonar a mulher que havia estado ao seu lado nos momentos
difíceis. Para a historiadora Monique Laurent, ex-diretora do Museu Rodin, em
Paris, no entanto, isso não passava de uma desculpa. “Ele tinha medo de
Camille. Sua inteligência e talento faziam dela uma artista que poderia
suplantá-lo.”
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Depois
que A Idade Madura, considerada sua
obra mais autobiográfica, foi recusada pela Exposição Universal de 1900,
Camille, com 36 anos, passou a achar que havia um complô de Rodin contra ela.
Mas, apesar das suspeitas, ele continuava a intervir por ela, assegurando-lhe
novas encomendas. Mas Camille foge de todos. Prefere viver sozinha, no silêncio
e na escuridão. Sua última escultura é de 1906. Depois desse ano, destrói tudo
o que esculpe. Os moldes de gesso ela joga no rio Sena ou os enterra, e proíbe
que vejam o que faz. “A partir de então, suas angústias se tornam ideias fixas,
até instalar-se a psicose”, diz Liliana.
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Camille
Claudel morreu em 1943, aos 79 anos de idade, pobre, sozinha numa cama de
hospício, onde ficou por mais de 30 anos esquecida do mundo. Morreu sem glória,
sendo enterrada, anonimamente, em uma vala comum. Em vida, ela foi atormentada
por um amor impossível, pelos preconceitos da sociedade francesa do século 19 e
pela doença que a levou ao isolamento. A própria família a renegou.
A
sobrinha-neta de Camille, Reine-Marie Paris, autora de uma tese sobre a vida da
artista (Camille Claudel, de 1984), conta que brincava entre as esculturas
guardadas na casa do avô, Paul, irmão de Camille. “Até pouco tempo atrás, a
família tinha vergonha da escultora e o nome de Camille sequer era
pronunciado”, diz. Mas o que essa artista brilhante fez de tão grave? Por que
suas obras ficaram escondidas e esquecidas por tanto anos?
Estas
respostas podem ser facilmente respondidas por quem acompanhou o processo do
feminismo no mundo, e os avanços sociais e políticos das mulheres na
atualidade, conquistas que nunca foram fáceis, em uma revolução que jamais “foi
de veludo”.
Nos
últimos anos, foram múltiplos os estudos e as obras que refletiram sobre a
presença das mulheres no meio artístico, assunto sempre presente na obra
“reivindicativa” das Guerrilla Girls, como ficou patente na Bienal de Veneza de
2005, considerada pela imprensa especializada, como a primeira bienal
feminista.
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Fizemos
aqui apenas um resumo de uma história longa, intensa e cheia de detalhes de
Camille Claudel, nas imagens, suas principais obras cheias de movimento e sensualidade.Vale a pena ler o livro “Camille Claudel: criação e loucura”
de Liliana Wahba e também assistir o filme de Bruno Nuytten “Camille Claudel”
de 1988 (foto ao lado).
Há um novo filme sobre a vida da artista, a ser lançado no ano que vem: "Camille Claudel, 1915", Lançamento: 13 março, 2013 (França).
Sinopse:
Inverno de 1915. Confinado por sua família a um asilo no sul da França - onde
ela nunca vai esculpir novamente - a crônica da vida reclusa de Camille Claudel,
e como ela aguarda a visita de seu irmão, Paul Claudel.
Diretor: Bruno Dumont
Escritor: Bruno Dumont. Elenco: Juliette
Binoche
-->Referências:Manuel Castells, O Poder
da identidade, A era da informação: economia, sociedade e cultura, volume
II, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003, p. 169.
Esta matéria foi feita a quatro mãos: Mônica Munhoz Pereira* e **Izabel Liviski**
* Professora, Socióloga, é especialista em Cinema e Educação pela FAP (Faculdade de Artes do Paraná)
** Socióloga, Fotógrafa, é doutoranda em Sociologia pela UFPR (Universidade Federal do Paraná).
A coluna Incontros vai ao ar quinzenalmente, às quintas-feiras na Revista ContemporArtes.