domingo, 2 de agosto de 2009

Entre claros e escuros


"A INSENSATEZ CONSISTE EM FAZER AS MESMAS COISAS TODOS OS DIAS E ACHAR QUE VAI DAR RESULTADOS DIFERENTES" Albert Einstein

Entre claros e escuros

Francisco Guilherme Leon de Oliveira
Ana Maria Dietrich



(Foto: Cena do filme "O Sétimo Selo", de Ingmar Bergmann)

Poderiamos comparar a vida humana a uma grande equação matemática? Com quantos anos chegaremos ao ápice do gráfico? Aí nos inclinaríamos ao zero de novo? Filósofos diziam que tudo poderia ser medido, mas e aquilo que escapou pelas bordas das fórmulas da exatidão? Vira exceção da regra da regra? A vida - equação inexata - faz com que cada um tenha a própria equação e quase sempre, ela faz parte do imponderável.
Todo o dia, no final da tarde, o homem calvo, meia idade, com paletó de linho cinza e amassado, uma flor de maracujá murcha no peito, se sentava na varanda e jogava xadrez consigo mesmo. Movia uma peça branca e, logo depois, corria para o outro lado da mesa para mover a peça escura.
Havia quem passasse na rua e estranhasse... entre claros e escuros, seria loucura, insensatez ou um simples acorde repetido na solidão monótona das horas? Pensamentos passavam por suas pálpebras. Fragmentos sem sentido, recortes rotos de momentos felizes, ilusões perdidas e por vezes encontradas nos bordões da memória. Talvez tivesse passado tempo, muito tempo, mas isso já não importava.
Contraditoriamente, nunca vencera seu próprio jogo, mas por vício e força do mais fúnebre hábito persistia; levando a frente sua vida, sua sina.

4 comentários:

H. disse...

Não estou certo se podemos comparar a vida à frieza dos números e das equações matemáticas. E talvez o que importe, na verdade, não é vencer o próprio jogo, mas aprender com as próprias derrotas.

2 de agosto de 2009 às 16:41
Ana Dietrich disse...

talvez a matemática não seja tão fria qto parece, o que estamos discutindo aqui não é essa frieza, mas a exatidão dos resultados, a imprevisibilidade da vida............

2 de agosto de 2009 às 16:54
Antonio Gasparetto Júnior disse...

'A vida - equação inexata - faz com que cada um tenha a própria equação e quase sempre, ela faz parte do imponderável.'

Passagem importante então para tal discussão! Hannah Arendt também comenta sobre isso dizendo que não se pode omitir o fato de que cada ser humano é um ser singular e caminho de sua própria forma. Estou certo que dois elementos favorecem seu modelamento: o tempo e o espaço!
Isso para mim define alguma coisa, mas a partir daí entra em campo a imprevisibilidade novamente!

3 de agosto de 2009 às 01:19
Iraci disse...

Achei seu artigo o maximo, gostei muito da sua relaçao com a equaçao matematca e a vida... é o caos.. uma desordem organizada e q se repete esporadicamente, com suaves alterações...
A propósito, a Matemática não é fria, mas exata, até mesmo onde falta exatidão aparente. Ela esta ai pq existe vida.

"A Matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o Universo."

( Galileu Galilei )

4 de agosto de 2009 às 00:58

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