segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Yelda





À noite, uma estrela rela em meus calados olhos
Como um giz que risca a lousa de um espaço sem fim
Está frio aqui, mas a brisa me alisa de ternura, a figura:
Um rosto desenhado à luz no meio de vasta treva
Releva a mulher que só pude chamar de amiga


E ventos voláteis férteis e febris me levam, elevam
A ficar na memória de uma madrugada de inverno
Amiga, onde está teu corpo na estrela que vejo?
Amiga, onde está tua alma na estrela que não vejo?
Morreu a mares no som de uma breve valsa...

Aqui os lobos cantam a garganta fria da noite
Cegos como eu, escalam a montanha em busca de sol
E só agora percebo que a montanha estava em mim
Os lobos estavam em mim e os lobos era eu,
E eu já estava em outros lobos que me devoraram os medos


O tempo no relento é lento como tua ausência
Se faz presente a cada dia que meu sangue se esfria
E morro como a noite é foice que risca o ar e se ilumina
E mina minha vida como a imagem lá do alto me transpassa:
Lâmina de uma mulher que me esqueceu em um conto de fada.

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