Montanha
Coluna As Horas

Era cedo, no céu o arroxeado do amanhecer, os pardais acordavam já barulhentos, como crianças num parque. O vento gelava meu rosto fazendo com que a vida se agitasse
Aquela borboleta continuou seu vôo para a esquerda, na direção de uma grande montanha, ao vê-la levei um susto. Ela era imensa, majestosa, senhora de si. Como nunca a havia notado antes? Se sempre passava por ali? Logo veio a resposta: Tempo, o maldito tempo, sempre perdido. Corremos tanto, pra lugar algum, sem saber o motivo e deixamos de perceber o mundo que nos rodeia sem se quer enxergarmos as pessoas que caminham ao nosso lado, todos os dias.
Fixei meu olhar na montanha, que me prendia, comecei a andar em sua direção, era como se existisse um cordão invisível que puxava até ela. Quando cheguei ao sopé, olhei para cima, era ainda maior e mais soberana do que havia imaginado. Me aproximei um pouco mais, a toquei primeiro com uma mão, depois com a outra, por fim, abri os braços como se quisesse abraçá-la como fazemos com um grande amigo. Encostei meu rosto no seu “corpo”, a terra era como uma carícia. Naquele momento eu era uma partícula daquela montanha, a sensação de pequenez coabitava com o sentimento de grandeza, por ser parte daquele ser. Deixei-me ficar ali ouvindo, sentindo o pulsar da terra.
Quantos passam por ela sem notá-la? E para quais (quem) a Montanha se mostra? Neste momento montanha era como um ser humano, que não se mostra por completo de cara e muito menos para todos. Seres que num primeiro momento passam a impressão de aridez e, no entanto quando nos aproximamos, o solo pode até ser duro, porém é coberto por flores tão coloridas como borboletas.
Giliane Silva de Moura escreve semanalmente no blog Contemporartes.
rockgirl611@hotmail.com
1 comentários:
sempre tão intimista, gi,uma verdadeira clarice lispector contemporanea. bjs
27 de setembro de 2009 às 19:23Postar um comentário
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