quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Terrorismo na Contemporâneos


Dando um giro pelas edições da Contemporâneos-Revista de Artes e Humanidades, percebe-se que algumas temáticas são mais frequentemente exploradas que outras. Sabendo que o objetivo da revista é discutir a contemporaneidade a partir de pontos de vistas interdisciplinares com certeza os problemas mais pungentes de nosso Tempo Presente se fazem mais representados. É o caso do terrorismo. O século XXI, esperado como o século da paz - após tantos conflitos sangrentos do século XX - foi iniciado com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 quando dois aviões colidiram contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque. A globalização nesse momento viu com lentes de aumento seu reverso, os fundamentalismos que surgiam em diversos pontos do mundo e que acabaram por atingir a nação hegemônica, pós-término da Guerra Fria, os Estados Unidos.
As quatro edições da revista possuem quatro artigos (um em cada número) sobre diferentes perspectivas do tema. Na última edição, nr. 4, Emílio Andrade e Felipe Asper, no artigo Do espetáculo à rotina: o terror e suas faces elucidam de maneira quase didática o terrorismo contemporâneo, verificando conceitos e tipos. Segundo a abordagem dos autores, pode-se dividir o terrorismo atual em três vertentes principais: o indiscriminado, o seletivo e o político ou de Estado. O primeiro, descrevem, não tem um alvo pré-estabelecido, espalhando o medo geral sobre tudo e todos. O objetivo é disseminar uma onda de instabilidade geral. Exemplos são as bombas em metrôs, restaurantes. Outro exemplo é a tragédia de Columbine, nos Estados Unidos, quando dois estudantes atirando a esmo mataram seus colegas e professores.

Já o segundo tipo, o terrorismo seletivo é o mais conhecido pela atuação de grupos terroristas como o Al Quaeda, ETA, IRA, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, etc. Ele age diretamente sobre um alvo. O terceiro tipo é o terrorismo de Estado – geralmente desenvolvido no seio de regimes autoritários. A caça aos comunistas durante a ditadura militar poderia ser um exemplo desse terceiro tipo.
Na edição nr. 3, os autores Ana Paula Camelo, Gerlice Rosa e outros no artigo Uma sociedade estupefata perante o terror - A sociedade norte americana e os atentados de 11 de setembro na visão de Michael Moore centram sua análise no filme de Michel Moore, Fahrenheit - 11 de setembro. Diferentemente de Andradee Gasper, os autores focam seu olhar na população americana atormentada pelo terror e nas consequências no cotidiano dos americanos dos atentados terroristas do 11 de setembro, a partir de uma análise fílmica detalhada privilegiando elementos como iluminação, trilha sonora e movimentos de câmera. Analisando a narrativa, enfatizam como a sociedade americana se tornou mais facilmente manipulável pós 11 de setembro.
Complementando essa discussão, convém dar uma olhada também no primeiro número da Contemporâneos, quando o documentário de Michael Moore foi mais uma vez objeto de reflexão no artigo Fahrenheit 11 de setembro e a Guerra no Iraque de Dérik Ribeiro de Souza, Eliza de Arruda Ramos e outros.
Na segunda edição, também usando como fonte o cinema mas, desta vez, em diálogo com a graphic novel, Edo Galvão Pitas, Vinícius de Paula Marcondes, autores do artigo V de Vingança a HQ e o filme: Contribuições para uma visão de Terrorismo, analisam a partir dessa ficção as razões que consideram importante para se entender os atos terroristas, como por exemplo, o valor da fé/ religião ser colocado acima do valor da vida.

Ficam então, como as sugestões dessa semana, para o internauta que queira desvendar diferentes aspectos, abordagens e perspectivas desse tão importante fenômeno atual.

DICAS CONTEMPORÂNEAS DE LEITURA

1. Do espetáculo à rotina: o terror e suas faces
Gabriel Esper e Emílio Gomes de Andrade
http://www.revistacontemporaneos.com.br/n4/pdf/do%20espetaculo.pdf

2. Uma sociedade estupefata perante o terror - A sociedade norte americana e os atentados de 11 de setembro na visão de Michael Moore
Ana Paula Camelo, Gerlice Rosa, Vinicius Wagner et. al.
http://www.revistacontemporaneos.com.br/n3/pdf/fahrenheit.pdf

3. Fahrenheit 11 de setembro de a Guerra no Iraque
Dérik Ribeiro de Souza, Eliza de Arruda Ramos et. al.
http://www.revistacontemporaneos.com.br/pdfs/fahrenheit.pdf


4. V de Vingança a HQ e o filme: Contribuições para uma visão de
Terrorismo
Edo Galvão Pitas, Vinícius de Paula Marcondes
http://www.revistacontemporaneos.com.br/n2/pdf/vdeviganca.pdf




Ana Maria Dietrich, editora-chefe da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades, escreve às quartas-feiras quinzenalmente no ContemporARTES.
contemporaneosufv@yahoo.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

seu artigo é pra lá de pertinente para os dias de hoje. De fato, o terrorismo é a grande chaga de nossos tempos. Todavia, penso que a classificação "indiscriminado" para um dos tipos não faz sentido ou esconde as causas que, podem ser - por vezes psicológicas.

Como apregoava Spinoza, as coisas devem ser entendidas pela suas causas e não pelos efeitos. Produções artísticas, por mais grandiosas que sejam, são efeitos que - em sua maioria- erram ao analisarem também os efeitos.

Quanto ao terrorismo do Estado, mesmo hoje com nossa democracia formal ele ocorre. Basta lembrarmos do recente exemplo dos guetos franceses,onde jovens de origem negra e mulçumana foram violentamente agredidos pela polícia francesa.


Pensemos da seguinte maneira: o que levaria uma pessoa ou Estado á adotar o terrorismo como prática, sabendo dos prejuízos que essa ação pode trazer? Acredito que essa análise é muito importante para entendermos melhor esse fenômeno.
Abraços

Francisco

2 de setembro de 2009 às 12:40

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