segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia de comemorações e reflexões

Hoje, neste dia em que se comemora, no Brasil o dia de Nossa Senhora e das Crianças, a poesia vem em forma de crônica, da escritora, advogada, mãe e incansável lutadora em prol dos direitos da criança, Simone Pedersen.


Bem, meninas, ontem foi "de lascar".

Imaginem 24 crianças de 8 anos juntas... Não veio um adulto sequer, nessa idade os pais liberam as crianças nas festinhas, uma pena, já que nem todas as crianças tem condições de ser liberada...
A impressão que eu tinha é que havia uma centena de crianças naquele buffet imenso, com aquela música do Jonas Brother martelando na minha cabeça.
Não dá pra entender, tinha criança jogando vídeo games, pc, wii, outras brincando nas mesas de jogos, arborismo, elevador, xícara giratória, um imenso brinquedão, e mesmo assim, ainda tinha criança espalhada pelas mesas enquanto outras corriam e gritavam completamente alucinadas...
Que eu saiba, no Porto só é permito vender comida saudável,saladas, em conformidade com a nova legislação. Mas desconfio, que no menu tem algum tipo de cogumelo...
Um menino correu atrás do outro e o encurralou no canto, enquanto monitoras desesperadas tentavam alcançá-los. O encurralado cobriu o rosto com os braços, mas quando descuidou levou um soco. Sim, eu escrevi SOCO. Eu vi, estava sentada e bem de frente. Eu fiquei descompassada, catei o menino e o levei pro escritório , liguei pra casa dele e informei que ele havia não brigado, mas violentamente dado um soco no rostodo amigo, e pedi que viessem buscá-lo.
O avô me prometeu que encontraria a mãe ou o pai do menino. São separados, o que não significa que sejam bons ou maus pais. Mas nesse caso, casados ou separados, não se tratam de bons pais, logo se percebe pelo comportamento do menino. Isso foi logo no início da festa, e a mãe do menino telefonou para o buffet mais tarde, avisando que viria buscá-lo. O menino aguardou mais de uma hora no escritório, quando eu e o dono do buffet decidimos liberá-lo. A festa acabava às 22:30hs. A mãe chegou às 22:50hs, inclusive, sendo a última pessoa a buscar o filho. Não bastasse essa desconsideração, na festa de 7 anos da Natalie, em 2008,aconteceu o mesmo.A festa acabou e ficamos meia hora aguardando a mãe buscar o menino. Sentados e esperando, afinal é festa de criança no meio da semana.Esse pobre menino, no ano passado chamava a atenção pela sujeira. Sujeira de terra, mas da classe, era o único que se apresentava assim. O dono do buffet fez entre outros comentários (a filha dele estava nessa classe no ano passado), que o menino vive sujo,ele rola no chão...

Conversando com o menino, eu lhe perguntei se costuma bater nos amigos. Ele disse que sim, quando brigam com ele, ele bate mesmo. Eu perguntei se precisava bater no rosto, onde ficam os olhos, por exemplo. Ele me disse "eu não dei soco, eu dei tapa, juro foi tapa". Eu vi o soco, e ele chorando jurava que eu tinha me enganado. Aí ele começou gritar e chorar - do nada, ou seja, quando o medo apertou - que estava doendo o joelho e não podia mais andar - porque o amigo havia lhe dado um chute, motivo dele ter sido assim agressivo, e me mostrava o joelho e os supostos hematomas. Mas como vc correu tando atrás dele se ele destruiu o seu joelho primeiro? Ele respondeu que na hora da raiva a gente não sente dor - comentário estranho para uma criança. Fiquei sabendo pelo dono do buffet que o pai dele é assim nervoso tb. Fiquei pensando, ele maior, batendo em um amigo que decide revidar com ajuda de colegas, numa saída de noitada, por exemplo.

Bem, para as crianças não aconteceu nada, naquela confusão e música alta, ninguém viu nada. Contei hoje pra Natalie que nem sabia. Ninguém percebeu. Eu fiquei com dó do menino, mas tb não podia deixá-lo se comportar dessa forma sem repreendê-lo. Fiquei pensando o quanto tenho sido abençoada com o Dennis e a Natalie. Problemas podem surgir depois, mas pelo menos não passei pela infância deles com preocupações por problemas emocionais. Da geração do Dennis para a da Natalie , vejo uma piora nas relações entre pais e filhos. Crianças paridas e jogadas para babás, escolas, atividades extra-curriculares e em raros casos avós - o que acontecia mais na geração do Dennis. As meninas são terríveis, todos comentam que as jovens de hoje estão cada vez mais difíceis: bebem, são liberais, uma modernidade muito perigosa. Mas os meninos me parecem mais suscetíveis à violência física. Quando os pais vêm buscar seus filhos, parece que o quadro se completa e faz sentido: as crianças mais calmas, são as de pais calmos e equilibrados.

A forma de se vestir, a importância da aparência e das grifes também são idênticas em pais e filhos. A Natalie estava de bermuda jeans e camiseta, pois como ela mesma me disse, buffet não combina com sapatos nem vestidos, tem escorregador e pula-pula. Tinha umas 2-3 menininhas de salto alto, vestido preto e boina, estilo Hannah Montana híbrida com Rihanna. Essas meninas, não participaram do parabéns, elas foram chamadas, mas disseram que não gostam de fazer parte de roda (as monitoras fazem uma roda com as crianças nessa hora). Quando as mães vieram buscá-las, mães jovens de meninas relativamente pequenas - eu sou provavelmente a mãe mais velha da classe - elas estavam vestidas estilo Hannah Montana! Mais jovens que eu, que já estou caminhando para os 45, significa uns 30-35 anos! Vestidas como as filhas de 8... Tudo muito estranho e emblemático.

Quando as fotos ficarem prontas eu mando pra vcs. Nesse ano terá uma novidade, em vez de album de fotos, o fotógrafo prepara o que é chamado de Photobook, que é um livro mesmo, com páginas ilustradas com fotos e montagens. Diferente. Mais uma "coisa moderna". Nem tudo que é moderno é ruim. Mas muita coisa ruim veio com a modernidade.

beijos
Simone s.pedersen@uol.com.br
Lembretes: hoje, às 19h, palestra com a drª em História Social, Ana Maria Dietrich, na Câmara Municipal de Santo André, sobre Nazismo,Homofobia a origem do mal? Entrada gratuita.

Já que sitei a drªAna Maria Dietrich, vale lembrar que ainda tem vagas para o curso de Oralidades Palavra Cantada que ela ministra na Casa da Palavra, em Santo André, às quintas e sábados.Curso gratuito e com certificado. Informações 4992.7218

1 comentários:

Anônimo disse...

É nas mãos dessas crianças, sem limites que estará nosso país dentro de uns 20 ou 30 anos?
As vezes me sinto como se estivessemos vivendo uma grande conspiração com a finalidade de formaçao de seres sem criatividade, sem opinião formada, sem poder de decisão logica, sem raciocinio logico, enfim... seres alienados e egoistas... que serao facilmente manipulados atravez de presentinhos. Teremos uma geração de pessoas despreparadas para a vida, com formação em informatica, falando ingles, sabendo dançar, etc... é o q se aprende nesses cursos extracurriculares. Porém, não se aprende a respeitar, conviver, solucionar probleminhas simples de relacionamentos.
Se esses pais soubessem quanto estao devendo para seus filhos, em funçao de uma vida desregrada e sem limites.

15 de outubro de 2009 às 11:34

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