quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nazismo, homofobia, mulheres na canção e outros jingles



Nunca pensei que o grupo Contemporâneos / Contemporartes fosse trazer a minha vidinha monótona de historiadora tanta diversidade...

O meu dia-a-dia anda agitado. Entre aulas na universidade, cursos na Casa da Palavra/ Santo André, organização da revista/ blog e palestras diversas.

Hoje venho lembrar de algumas experiências que vivi em um estilo "liquidificador contemporâneo" . Em primeiro lugar, da palestra sobre Nazismo e Homofobia na Câmara Municipal de Santo André. Vislumbrar os caminhos entre essas duas experiências contemporênas que por si só guardam o exemplo típico da maldade, atrocidade e dos tempos sombrios arendtianos foi uma experiência e tanto. Mas, o processo ainda superou a expectativa... O público formado praticamente por GLT deu uma contribuição e tanto... e no fim, chegamos a discussão sobre os direitos humanos e o quanto que - em 2009 - 70 anos após o início da II Guerra ainda mantemos vivas idéias calcadas no preconceito e na intolerância. Quanto tempo ainda demoraremos para discutir mais profundamente esse problema e, enfim, elaborarmos leis condizentes contra a homofobia no nosso país? E no cotidiano o que fazer quando as palavras soam gentis mas têm fundo agressivo e segregador, quando o preconceito não vem de maneira explícita, mas vem disfarçado em vozes de veludo? Como podemos lutar contra isso? Contra atitudes como quando alguém sai do bar, troca de lugar no ônibus e solta uma piada difamadora... como nos defender?

Meu público caminhou por essas questões e chegamos à tríade do escudo contra a homofobia: leis, punição e educação. Que continuemos nesse sentido.

Mudando de assunto, outra experiência na esfera da diversidade do mundo de hoje foi o curso As mulheres e a canção, ministrado por mim e pelo amigo queridíssimo Ricardo Santhiago que recém lançou o livro Solistas Dissonantes com narrativas de mulheres cantoras negras. O curso terminou no último sábado na Casa da Palavra em Santo André, quando discutimos as mulheres no rock e no samba. A Maria Mattos fez uma performance maravilhosa da Clara Nunes e o casal Cleo e Mario Mattos falaram sobre Mutantes, Mercenárias, Pitty e outras bandas com mulheres do cenário brasileiro. Lógico que a questão do preconceito veio mais uma vez a tona. Contra a mulher: que ganha no mercado de trabalho 70% do valor do salário de um homem, que ainda se faz pouco presente em bandas de rock como o heavy metal... Talvez o pior dessa face preconceituosa de nossa sociedade seja para o grupo de mulheres negras, pois afinal sofrem duplo preconceito, por serem mulheres e por serem negras... "Como a cor não pega mulata, mulata eu quero seu amor", ainda cantamos ingenuamente o hino racista do Lamartine Babo em bailinhos de carnaval com serpentina e confete. Pensar sobre esses problemas, discutir, compartilhar experiências se torna ainda o primeiro passo para acabarmos com o sexismo na nossa sociedade.

E que o ContemporARTES esteja sempre com as poucas abertas para discutir tanta diversidade!

Ana Maria Dietrich, editora-chefe da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades, escreve às quartas-feiras quinzenalmente no ContemporARTES.

1 comentários:

Laritz disse...

Oi queridas, tudo bem? Dei uma sumida do meu blog e dos blogs amigos, mas agora estou de volta. E com uma surpresa: indiquei vcs para um prêmio. Dê uma passadinha no meu blog para conhecer as regras. Beijos!

29 de outubro de 2009 às 00:25

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