A “tia TV”
Coluna Lara Carlette“A educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim não existe modelo de educação, a escola não é o único lugar onde ela ocorre e nem muito menos o professor é seu único agente. Existem inúmeras educações e cada uma atende a sociedade em que ocorre, pois é a forma de reprodução dos saberes que compõe uma cultura, portanto, a educação de uma sociedade tem identidade própria.”(BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.)
Apropriando-me das palavras de Brandão para ressaltar: a educação está em todos os lugares, em qualquer lugar. Atualmente, o avanço da tecnologia possibilitou ainda outra forma de transmitir informações e de educar, além da escola e da família: a mídia televisiva.
A TV, que ganhou o cenário nacional a partir da década de 50, ocupa atualmente lugar de destaque na sala de um número expressivo de brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional por amostra de domicílios (PNAD), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, a televisão está presente em 91,4% das residências brasileiras. Considerando tal abrangência e o atual modelo de família, não apenas os adultos têm acesso ao meio, muito pelo contrário, as crianças apresentam, cada vez mais, maior consumo de programas televisivos. Uma pesquisa realizada pela organização governamental francesa Eurodata TV Word Wilde, constatou que as crianças brasileiras são as que passam mais tempo na frente da televisão. A pesquisa revelou que as crianças brasileiras ficam, em média, 3 horas e 31 minutos na frente da televisão, seguido pelas dos Estados Unidos com 3 horas e 16 minutos e as da Indonésia. O estudo centrou-se em nove países: Brasil, Estados Unidos, Indonésia, Itália, África do Sul, Espanha, Reino Unido, França e Alemanha.
Para entender a influência midiática sobre as crianças, hoje apresento aos queridos leitores, Wilhelm Reich. Segundo ele, durante a infância, mais precisamente dos 6 até os 9 ou 10 anos de idade, a formação do caráter do indivíduo se completa, e este, é o fruto das relações, das frustrações e das punições que incorreram durante as fases do desenvolvimento da sexualidade.
“O mundo total das experiências passadas incorpora-se ao presente sob formas de atitudes do caráter. O caráter de uma pessoa é soma total funcional de todas as experiências passadas” (Reich, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1992)
A mídia é utilizada para afirmar os valores culturais da sociedade ocidental, valores estes responsáveis pelo ajustamento dos indivíduos à sociedade, ainda que a mesma seja repressora e punitiva. Naturalmente, a crítica cultural pode gerar estranhamento, contudo, seria este o modelo de sociedade, desigual e repressora, que desejamos à futura geração? Seriam a passividade e mecanicismo os valores que desejamos transmitir aos nossos filhos?
Reich ainda divide em etapas o desenvolvimento emocional da criança e, em cada uma delas, serão incorporadas à memória celular do indivíduo as experiências vivenciadas por ele nesta fase, e que, ao final dessas etapas formarão o seu caráter, ou seja, suas atitudes e formas de reagir às situações impostas pelo mundo. Para Reich, as crianças têm uma capacidade de auto-regulação energética. Os acontecimentos que ocorrem durante essas etapas, principalmente os da primeira infância, causam ao caráter marcas e bloqueios profundos, com fixação da energia na fase do desenvolvimento em que ocorre, o que Reich define como processo de encouraçamento.
“... Enquanto as crianças deveriam ter um desenvolvimento natural, nós deveríamos deixá-las viver conforme a sua natureza, se preciso mudando instituições que impossibilitam o acesso à sua moralidade natural, e provocam encouraçamentos que comprometem a sua auto-regulação”(Matthiensen. Sara Quenzer. A Educação em Wilhelm Reich: Da psicanálise à pedagogia econômico-social. São Paulo: UNESP, 2005.)
A possibilidade e a incessante busca pela felicidade regeram os estudos reichianos em busca de uma sociedade livre de patologias, e isto apenas seria possível com a educação livre das crianças.
“O amor, o trabalho, e o conhecimento são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la” (Reich, Wilhelm)
Dessa forma, existe a necessidade de uma utilização positiva do potencial educativo da mídia, a qual visa analisar as reais influências exercidas pela mídia na formação da sexualidade infantil, principalmente no que diz respeito aos conceitos de sexo e violência veiculados nos produtos midiáticos – novelas e telejornais-. Os programas em geral, apesar de apresentarem direcionamento a faixas etárias definidas, estão disponíveis a todo o público. Logicamente, a mídia será tomada aqui como um dos agentes socais que contribuem para a ratificação das normas e valores sociais (produtos do sistema), não extinguindo as escolas e a família de suas funções.
“A criança é estimulada desde cedo a buscar no outro um respaldo para suas ações” (Reich, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1992)
Apropriando-me das palavras de Brandão para ressaltar: a educação está em todos os lugares, em qualquer lugar. Atualmente, o avanço da tecnologia possibilitou ainda outra forma de transmitir informações e de educar, além da escola e da família: a mídia televisiva.
A TV, que ganhou o cenário nacional a partir da década de 50, ocupa atualmente lugar de destaque na sala de um número expressivo de brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional por amostra de domicílios (PNAD), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, a televisão está presente em 91,4% das residências brasileiras. Considerando tal abrangência e o atual modelo de família, não apenas os adultos têm acesso ao meio, muito pelo contrário, as crianças apresentam, cada vez mais, maior consumo de programas televisivos. Uma pesquisa realizada pela organização governamental francesa Eurodata TV Word Wilde, constatou que as crianças brasileiras são as que passam mais tempo na frente da televisão. A pesquisa revelou que as crianças brasileiras ficam, em média, 3 horas e 31 minutos na frente da televisão, seguido pelas dos Estados Unidos com 3 horas e 16 minutos e as da Indonésia. O estudo centrou-se em nove países: Brasil, Estados Unidos, Indonésia, Itália, África do Sul, Espanha, Reino Unido, França e Alemanha.
Para entender a influência midiática sobre as crianças, hoje apresento aos queridos leitores, Wilhelm Reich. Segundo ele, durante a infância, mais precisamente dos 6 até os 9 ou 10 anos de idade, a formação do caráter do indivíduo se completa, e este, é o fruto das relações, das frustrações e das punições que incorreram durante as fases do desenvolvimento da sexualidade.
“O mundo total das experiências passadas incorpora-se ao presente sob formas de atitudes do caráter. O caráter de uma pessoa é soma total funcional de todas as experiências passadas” (Reich, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1992)
A mídia é utilizada para afirmar os valores culturais da sociedade ocidental, valores estes responsáveis pelo ajustamento dos indivíduos à sociedade, ainda que a mesma seja repressora e punitiva. Naturalmente, a crítica cultural pode gerar estranhamento, contudo, seria este o modelo de sociedade, desigual e repressora, que desejamos à futura geração? Seriam a passividade e mecanicismo os valores que desejamos transmitir aos nossos filhos?
Reich ainda divide em etapas o desenvolvimento emocional da criança e, em cada uma delas, serão incorporadas à memória celular do indivíduo as experiências vivenciadas por ele nesta fase, e que, ao final dessas etapas formarão o seu caráter, ou seja, suas atitudes e formas de reagir às situações impostas pelo mundo. Para Reich, as crianças têm uma capacidade de auto-regulação energética. Os acontecimentos que ocorrem durante essas etapas, principalmente os da primeira infância, causam ao caráter marcas e bloqueios profundos, com fixação da energia na fase do desenvolvimento em que ocorre, o que Reich define como processo de encouraçamento.
“... Enquanto as crianças deveriam ter um desenvolvimento natural, nós deveríamos deixá-las viver conforme a sua natureza, se preciso mudando instituições que impossibilitam o acesso à sua moralidade natural, e provocam encouraçamentos que comprometem a sua auto-regulação”(Matthiensen. Sara Quenzer. A Educação em Wilhelm Reich: Da psicanálise à pedagogia econômico-social. São Paulo: UNESP, 2005.)
A possibilidade e a incessante busca pela felicidade regeram os estudos reichianos em busca de uma sociedade livre de patologias, e isto apenas seria possível com a educação livre das crianças.
“O amor, o trabalho, e o conhecimento são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la” (Reich, Wilhelm)
Dessa forma, existe a necessidade de uma utilização positiva do potencial educativo da mídia, a qual visa analisar as reais influências exercidas pela mídia na formação da sexualidade infantil, principalmente no que diz respeito aos conceitos de sexo e violência veiculados nos produtos midiáticos – novelas e telejornais-. Os programas em geral, apesar de apresentarem direcionamento a faixas etárias definidas, estão disponíveis a todo o público. Logicamente, a mídia será tomada aqui como um dos agentes socais que contribuem para a ratificação das normas e valores sociais (produtos do sistema), não extinguindo as escolas e a família de suas funções.
“A criança é estimulada desde cedo a buscar no outro um respaldo para suas ações” (Reich, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1992)
Quem é Reich ?
O estudo da sexualidade infantil teve início com o psicanalista Sigmund Freud e foi continuada, ou até mesmo negada, por outros estudiosos ao longo da história.
Wilhelm Reich, ainda que até certo ponto, foi de seus seguidores. Reich aliou o estudo científico à realidade da vida. Ousou identificar profundamente as neuroses humanas, a possibilidade de bem estar na cultura e a necessidade do equilíbrio energético, e para tal, desenvolveu o que se chama de Orgonomia. Para essa vertente, o indivíduo é a expressão de uma energia chamada orgone, que se forma desde a concepção e que, num movimento de pulsação constante se soma a outras energias.
“Uma de suas descobertas fundamentais foi perceber que as experiências emocionais dão origem a certos padrões musculares que bloqueiam o livre fluxo de energia. Estes bloqueios musculares – couraças- refletem a personalidade e a história emocional dos indivíduos. Reich considera que o desenvolvimento do caráter e da couraça expressiva se dá no início da infância à medida que impulsos básicos são reprimidos. Assim, dependendo do tipo de bloqueio, o corpo consolida uma couraça protetora, cuja função é imobilizar a energia e ajudar a pessoa a conter emoções.” (Motta. Veranilda)
Lara Carlette escreve quinzenalmente no ContemporARTES.
laracarlette@gmail.com
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