sábado, 6 de fevereiro de 2010

O teatro de Almeida Garrett



Caríssimos leitores, hoje saberemos um pouco mais acerca de João Baptista da Silva Leitão de Almeida, que mais tarde se tornou o conhecido visconde Almeida Garrett. Este foi um dos mais importantes escritores e ainda mais importante dramaturgo português na época em que estava em voga o Romantismo europeu.

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo em terras lusitanas, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

Em relação a escrita teatral portuguesa, consta que após António José da Silva (O judeu), no século XVIII, Portugal experenciou uma lacuna na produção teatral, não houve nenhuma peça ou autor expressivos que surgiram no meio tempo até a inicialização de Almeida Garrett.

Garrett iniciou a escrever peças teatrais e depois reestruturou o teatro luso, principalmente, porque havia uma necessidade em Portugal de se transformar a sociedade, de reeducá-la, pois devido aos conflitos entre D. Pedro IV (o D. Pedro I do Brasil) e D. Miguel seu irmão o país ficara desestruturado, sem condições de oferecer educação à sua população.

Para atingir seus objetivos no que diz respeito à educação dos portugueses, o autor buscou as fontes clássicas Gregas, nas quais o teatro era utilizado como meio educador da população. Dessa forma, ao observar como eram educados os gregos na antiguidade (através do teatro) e que esse tipo de educação era extremamente eficaz, Garret resolveu adotar tal sistema também em Portugal.

Se o teatro grego possuía uma ótica educativa, através do qual o ser humano seria educado para viver na polis, em Portugal o teatro seguiu a mesma linha de pensamento, buscando ensinar as pessoas, para que pudessem entre outras coisas ter educação cultural e amor à pátria. Neste ponto é visível o principio Horaciano de que a literatura deve deleitar e também educar.

O romantismo garrettiano foi construtivista e muito mais Iluminista, com um empenho e consciência de que a literatura deveria ser propedêutica. Para produção de suas peças a História da pátria foi indispensável, na medida em que para ele a valorização do passado através do teatro traria a percepção de que em algum momento, sobretudo de formação nacional, no passado seria possível empreender um resgate ficcional que contrastasse com o mundo contemporâneo e mostrasse que aqueles eram bons tempos que deveriam retornar – em relação aos valores humanos. Ele retomou na História o espírito educativo do teatro, predispondo sua produção a continuar o principio de que o texto literário tem lições válidas a todos.

O objetivo maior seria de que a lição do passado se fizesse também no presente, levando em consideração que o que passou é marcado por valores de integridade que o contemporâneo desconhece ou então vê com saudosismo. Buscou-se, principalmente, resgatar a nacionalidade suspensa ou mesmo perdida da população lusitana.

A peça teatral garrettiana de maior destaque foi e é o Frei Luís de Souza, porque além de obra multifacetada, susceptível, por isso de desencadear diversificadas interpretações, surge também em uma época na qual acontecia uma reflexão sobre a produção literária no país, interessada, principalmente, na questão dos marginais e na função social – catequética – do teatro. Por isso, nesta obra, o autor tentou incluir uma lição cívica: “o sentimento da independência, que a intervenção antidemocrática de Ingleses e Espanhóis na vida política portuguesa fazia vibrar agudamente”. (SARAIVA & LOPES, 2005, P.688)





Rodrigo Machado é Graduando em Letras pela Universidade Federal de Viçosa e escreve aos sábados no ComtemporARTES.

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