O TAPETE MÁGICO
Hoje é um daqueles dias que acordei com a alma pequena. A imensidão da noite infinita quase sufocou-me. Não fosse a melodia das maritacas lembrando-me adolescentes felizes, eu continuaria deitada. A fuga é dormir, procurar no mundo dos sonhos o pote de ouro no fim do arco-íris.Acordada, procuro no mundo dos homens o pote de esperança a cada dia.Mas só encontro solidão. Pessoas vivendo em mundos pessoais onde impera o egoísmo acima do bem-comum. Nesses dias, dentro de mim cai uma nevasca que congela sentidos e cobre a paisagem. A vida transforma-se em filme em preto e branco e as pessoas caminham em slow motion. Os pensamentos ecoam tão alto no vazio da desumanidade, que a dor dilacera meus versos. Apesar das lágrimas de neve, buscarei algo.Não sei o que, nem onde.
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Percebo que o silêncio é diferente do silêncio em minha vida. Presto atenção e escuto crianças na área infantil.De repente, uma gargalhada depois de um eletrônico “múúú”.Fecho os olhos e sinto o calor de uma fogueira e cheiro de café quente. Passeio entre os departamentos, como se estivesse viajando por terras antigas. Um índio, sentado em uma poltrona, gargalha com textos de Arnaldo Jabor. Em pé, a idosa molha um livro de Lygia Telles com líquida emoção. Sim, estou viajando além da minha ilha, onde tão sozinha vivo. Decido escolher obras literárias diversas. A dois não existe solidão nem desesperança. O livro, o companheiro, o amigo, aquece minhas mãos com imagens e acaricia meu coração com exemplos imortalizados de Gandhi, Mandela, Thereza de Calcutá.
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