Maioridade da Bienal do Livro de São Paulo.
O Evento Literário da Semana.
por Altair de Oliveira
Nesta quinta-feira (12/08/210) inicia a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a mais famosa feira de livros do país, que neste ano presta homenagem aos escritores Monteiro Lobato e Clarice Lispector, promete reunir mais de 700 mil visitantes.
A bienal do livro de São Paulo, que acontece no parque Anhembi em São Paulo de 12 a 21/08/2010, tem seus ingressos ao preço de 10 reais (a inteira) e 5 reais (meia), funcionará das 10:00 às 22:00 hs, porém no dia da abertura (12/08), o evento será aberto somente para os profissionais da àrea (livreiros).
Assim como a maioria das bienais do livro que acontecem no Brasil, a feira de São Paulo é um evento com fins lucrativos e é bancada por livreiros (editoras, livrarias e distribuidoras de livros). Portanto, ela é primeiramente um palco de negócios dos livros que estão disponíveis no mercado, antes de ser um palco da palavra ou um espaço para que escritores e poetas possam mostrar seus trabalhos. Como também no mercado editorial, a menos que pague por ele, a poesia e os autores independentes têm muito pouco espaço na bienal, que é hoje uma espécie de vitrine da literatura brasileira. Mesmo assim, ela é o maior acontecimento literário brasileiro e grandes livros e autores podem ser encontrados lá!
Da Programação da Bienal:
Para ver a programação completa da feira, por favor, visite o seguinte link, no site oficial da bienal: http://www.bienaldolivrosp.com.br/Programacao-Cultural/
Desta progração, destacamos 2 eventos, relacionados à poesia, os quais acreditamos que não devíamos perder:
1- dia 17/08, a partir das 17:00 hs, no espaço "Território Livre", o debate " Letra, música e poesia: o trabalho de escrever e compor." Com a participação de Toninho Horta, Fabrício Corsaletti, Wilson Sideral, Lobão, André Midani. Os participantes prometem desvendar as relações entre palavras e música e o universo de quem escolhe se dedicar a elas. Temos que conferir!
Nota: sobre este tema "música poética / poesia musicada" sugiro que prestem atenção também nas letras de músicas de artistas como Luís Tatit, Itamar Assumpção, Zeca Balero, Adriana Calcanhoto, Chico Buarque, Chico Cézar, Lenine e outros, E ainda nos poemas de Alice Ruiz e Paulo Leminski, etre tantos outros bardos musicais. Ou assistam ainda ao documentário "Palavra (En)Cantada", de Helena Solberg, com depoimentos que tratam o tema.
2- Sessão de autógrafos da poeta Flora Figueiredo:
Grande poeta da atualidade, Flora Figueiredo estará autografando seus livros "Florescência", "Calçada de Verão", "Amor a Céu Aberto", "Estações, Limão Rosa" no 14 de agosto, das 14 às 16 horas, no espaço da Editora Novo Século, entre as ruas M16/N17. Imperdível!
Alguns Poemas
FLUTUAÇÕES
O sonho aprendeu a pairar bem alto,
lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.
Namorou a trôpega ilusão,
até que trêfego e desajeitado,
desprendeu-se de seu reino idealizado,
veio pousar tamborilante em minha mão.
Assim, aquecido e aconchegado,
parece que se esqueceu de ir embora.
Na hora em que ressona distraído,
eu lhe pingo malemolências ao ouvido,
à sua inquietação eu me sujeito.
Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,
seu corpo repousa no meu peito.
Poema de Flora Fiqueiredo, In: "Amor a Céu Aberto".
***
MILÁGRIMAS
Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre
Poema de Alice Ruiz, musicado por Itamar Assumpção.
***
DODÓI
Eu ando tão dodói
Mas tão dodói
Que quando ando dói
Quando não ando dói
Meu corpo todo dói
Tendão dói
Dedão dói
Pomo-de-adão dói
Ouvido dói
Libido dói
Fígado dói
Até meu dom dói
Pois quando canto
Não importa o tom dói
Composição de Luiz Tatit e Itamar Assumpção.
***
DESANDANÇAS
Sou desde cedo incompleto
perto de estar descontente
busco no todo e no sempre
tomar um tento do incerto.
Esgrimo por entre as gentes
conserto meus desconcertos
e eu tento, de todo jeito,
manter um sonho por perto…
Disfarço meus embaraços,
enfrento mil contratempos
Num tempo de pouco tempo
Contemplo o pouco que faço.
Mas inda trago esperanças
que a sorte um dia me alcance
onde, apesar de impedâncias,
eu possa dançar…e não dance!
Poema de Altair de Oliveira, musicado por Iso Fischer.
Ilustrações: 1- foto da fachada da bienal do livro de SP; 2- foto da poeta Flora Figueiredo; 3- capa do livro Chão de Vento, de Flora Figueiredo; 4- foto do compositor e cantor Itamar Assumpção (1949-2003).
Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve às segundas-feiras no ContemporARTES. Contará com a colaboração de Marilda Confortin (Sul), Rodolpho Saraiva (RJ / Leste) e Patrícia Amaral (SP/Centro Sul).
1 comentários:
Os poemas são lindos!Obrigada por compartilhar.
10 de agosto de 2010 às 04:23Postar um comentário
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