terça-feira, 28 de dezembro de 2010

RECOMEÇO - 2011


Todos nós, em um momento da vida, temos que lidar com a dor do luto. A morte em sua túnica negra que vem e nos leva alguém para sempre. Nunca mais teremos a chance de dizer o quanto o amávamos, segurar suas mãos ou beijar sua testa. Nunca mais teremos a possibilidade de dizer o quanto nos arrependemos de palavras e atos proferidos entre chamas de intempestividade. Mas quem ama sabe, entende e perdoa mesmo que não tenhamos tido oportunidade de verbalizar um pedido. A morte também se aplica a relacionamentos, empregos, residências, saúde, entre outros. No sentido figurado é “fim, desaparecimento de qualquer coisa que tenha se desenvolvido por algum tempo”.

Em 1969, a Dra. Elisabeth Kubler, uma psiquiatra suíça, descreveu os cinco estágios das emoções de quem sofre de luto. Nem sempre passamos por todos, ou na sequência que ela usou, mas quem sofre uma perda provavelmente encontrar-se-á nessas emoções. A primeira, a negação, quando não aceitamos o que aconteceu, entramos em um estado fantasioso e não tomamos as providências necessárias. “Eu não acredito que isso aconteceu, é um sonho, quando acordar tudo voltará a ser como antes”. Acreditamos que podemos reaver o que ou quem perdemos, continua-se o dia a dia como se nada houvesse acontecido, estranhamente com alegria.

Na segunda, a raiva nos consome, procuramos defeitos no passado ou acusamos pessoas e o destino pelo evento: “Nem era um bom emprego”. “Os outros” são culpados pela nossa perda, pelo nosso fracasso, como se não houvéssemos participado do processo ativamente. A negociação vem a seguir, a dor é grande demais e passamos a procurar formas de amenizá-la, seja através de oração, reuniões, pedido de desculpas: “Não posso viver com esse vazio”. Procuramos o passado para tentar mudá-lo. Depois, na depressão, percebemos que realmente não foi possível negociar com a vida e voltar a um tempo antes da perda, entramos em um estado depressivo, sentimos impotência, culpa: “A minha vida não mais tem cores”. Finalmente, vem a aceitação e continuamos a vida, seguimos em frente, buscamos novos objetivos, reencontramos a energia de outrora e voltamos a sorrir: “É preciso continuar”.
A época do Natal inunda muitas pessoas de nostalgia e sentimentos de luto, como um tsunami de memórias de um tempo que se afogou. Se não fossem as crianças esperando o Papai Noel, talvez muitos preferissem acordar em janeiro (negação).  Nós, adultos, temos que lidar com a confirmação de que mais um ano se foi feliz ou não, nunca mais viveremos os mesmos momentos. Filhos cresceram, pessoas amadas partiram, empregos terminaram...  Para os que foram felizes nesse ano, desejo que 2011 seja ainda melhor. Para os que passaram por um luto em 2010, desejo que o próximo ano seja o começo de uma nova estória, dessa vez com um final feliz.
Reafirmo as palavras de Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.




 
Simone Pedersen, escritora, autora de diversos livros infantis e dois para adultos, tem mais de cem textosselecionados  em concursos literários no Brasil e exterior, participando de mais de sessenta antologias com poemas, contos e crônicas.

Blog: http://www.simonealvespedersen.blogspot.com/



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