Arte É Política!!!
Arte É Política!!!
por Aline SerzeVilaça
E Novamente aos Berros,
Com a voz sonoramente rouca, com o timbre um tanto quanto tremulo, num tom embargado, com os olhos pulsando com desespero, raiva e paixão,
Aos berros, num gritar altivo, com pausas dramáticas, gestualidade de líder, com o rosto vibrando, e o corpo emocionadamente tenso e enlouquecido
Em auto, bom som e o indicador apontando o céu, Grito à todos:
- Nosso sujeito de Luta que: Dança, Canta, Interpreta e Leciona, faz de nossos corpos e alma objeto, munição e gatilho para vivermos as lutas políticas. As manifestações culturais/ artísticas são políticas e estão a serviço das lutas. Movimentos, voz, textos, pincéis são armas que usamos e usaremos em militância. Que fique registrado que Arte é Política. E tenho dito!!!
E seria assim que Aos berros com a voz carregando até uma certa ironia, por ter que explicar algo aparentemente tão claro, tão óbvio, tão curiosamente simples, que afirmaria tais pólvoras no-va- mente.
Curiosamente pode parecer simples, mas não é. Feito pólvora a Arte pode pegar fogo, com labaredas de expressão entregue, verdadeira, visceral da carne. Pode inflamar toda uma população em seu fazer político.
Certa disso, justifico essa preguiça, essa vontade de não explicar no-va-mente, o cansaço nos ombros de ter que mais uma vez invocar o poder real da Arte diante dos céticos e dos homens de pouca fé.
Mas, também passo a entender que minha má vontade, é no mínimo injusta, porque vivemos em uma sociedade que programou essa lacuna.
O sistema acusa:
o modelo contemporâneo de homo sapiens estatisticamente em sua maioria apresenta a seguinte lacuna: a ausência da capacidade de enxergar:
Enxergar o real PODER da ARTE!
Agora veja você, ter que passar por esse nível de irritação logo no começo do ano, eu que sou apenas uma aspirante à artista. Justo eu, que sou apenas estudante.
Piadas a parte...
O discurso citado no quarto parágrafo, ali em cima, poderia ter sido proferido no maracanãzinho, em um trio elétrico na incrivelmente quente Ipanema, como fez aquela figura, digamos, interessante que atende como atual presidente da UNE no dia 21 de janeiro. Poderia ter sido jorrado em um palanque, showmício, mas sinto em dizer ele não foi dito, pelo menos não aos berros e tão pouco para tanta gente com tais sentimentos.
Mas foram dizeres inúmeras vezes repetidos em estado febril, com ligeira agonia da minha parte durante o CONEB – Conselho Nacional de Entidades de Base - e a Bienal de Arte da UNE – União Nacional dos Estudantes-, realizados no Rio de Janeiro no primeiro mês do ano.
Isso porque diante da sua extensa programação e caótica des- organização, durante o evento não houve debate proposto por alguém sem a tal lacuna citada acima, que abordasse a relevância da Arte enquanto ato político, enquanto manifestação dentro de movimentos políticos, enquanto poderosa arma de mobilização de pessoas, enquanto libertadora de populações alienadas, enquanto meio eficaz de derrubar a ordem estabelecida, como objeto educacional de incluir as pessoas nos grandes debates da sociedade que estão restritos nas mãos de alguns.
Agora lhe pergunto:
- Como um evento nacional, com mais de 4 mil estudantes, com aqueles que deveriam ser a elite intelectual do país, pode não tocar além da superfície na importância da Arte, ou ao menos, não se deu o trabalho de lembrar que Arte É Política???
Responderei com mais um questionamento:
- Será que é porque a organização do evento é a favor das lacunas????
Bom,
Deixemos o complô para mais tarde.
Feliz Ano,
Fiquem tranqüilos que na próxima coluna realmente vou contar detalhes do CONEB, da Bienal e o porque das fotos...
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