domingo, 13 de março de 2011

Todo o Carnaval tem seu fim



Agora que o Carnaval definitivamente acabou. Vai-Vai e a Beija-Flor foram as campeãs. Agora que o ano no Brasil realmente pode começar, podemos assim nos perguntar: o que é o Carnaval brasileiro, ou melhor, o que representa o Carnaval aqui no Brasil?

Bom, acredito que existem vários possibilidades, principalmente se nos referirmos a diferentes perspectivas. Por exemplo, podemos falar em termos turísticos, e dizermos que o Carnaval representa um aumento considerável no número de turistas que se aventuram em terras brasileiras e consequentemente, há um investimento por partes desses mesmos turistas.

Outro ponto de vista poderia ser o que eu já ouvi várias vezes, radical para algumas pessoas e extremamente correto para outras. Sobre o questionamento da quantidade de verba que o governo despende todos os anos para os desfiles. Há pessoas que alegam que essa quantia deveria ser destinada à educação, saúde, ou quem sabe para a cultura?!

São muitas as perspectivas, mas aproveitando o gancho da cultura, que é o meu interesse nesse texto, Carnaval pode ser considerado cultura? Bem, acredito que todos concordem que no caso do Brasil, não tem como afirmar o contrário, Carnaval é cultura sim.

 No entanto, podemos considerá-lo como cultura popular ou cultura hegemônica? Atualmente, é complicado traçar limites na área da cultura, as coisas não são estáveis ou delimitadas. Existem fluxos de influências constantes, principalmente se considerarmos os meios de comunicação como catalisadores desse processo. Dessa maneira, podemos utilizar um termo muito bem empregado por Néstor Garcia Canclini, a hibridação das culturas. É através desse termo que o autor define as influências que a cultura popular sofre da cultura hegemônica e as apropriações que a cultura hegemônica faz da cultura popular.

Sendo assim, é cada vez mais difícil afirmar que algo faz parte da cultura popular ou não. Ainda sobre o Carnaval, podemos olhar sob diversos ângulos e encontrar na mesma festa características popular e hegemônica. Com isso, na época em que vivemos, não faz mais sentido afirmar que determinadas festas ou expressões culturais são autênticas ou puras, sem intervenções dos interesses hegemônicos, já que vivemos num mundo que passa por constantes hibridações.


 


Ana Paula Nunes é jornalista, Pós-graduanda em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo/USP. Editora assistente e Coordenadora de Comunicação da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades. Escreve aos domingos na ContemporARTES.



1 comentários:

Felipe Menicucci disse...

Adorei o post! Acho válidas reflexões como essa que pegam assuntos e contextos que muitos sequer param para pensar sobre. Com esses "novos olhares", mais acadêmicos podemos entender o porquê de muitas manifestações.

15 de março de 2011 às 12:48

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