TROTE E RITO DE PASSAGEM: A polêmica sobre a recepção dentro e fora dos campi
por Lucas Piter Alves Costa
É início de período e presenciamos aquela constante renovação que ocorre em Viçosa. Em muitas repúblicas e alojamentos os veteranos se formaram, cedendo lugar aos calouros que estão chegando.
Uma coisa comum em algumas dessas moradias estudantis é a de recepção aos calouros com uma série de práticas sociais. Infelizmente, nem todas elas são amigáveis, algumas são até abusivas. De qualquer modo, todas essas práticas sociais em que o calouro se integra ou a que se submete são uma forma de rito de passagem – até mesmo uma mera citação das regras da casa.
E em relação ao trote, não há como negar que, assim como uma série de outros acontecimentos, marca uma passagem na vida dos estudantes, como em um rito de passagem mesmo. É preciso dizer que uma espécie ou outra de rito de passagem sempre existiu, ainda existe, e sempre existirá em qualquer organização humana. Alguns desses ritos são institucionalizados, como o casamento ou as cerimônias fúnebres. Outros estão tão naturalizados que poucos pensam neles como algo socialmente aceito como indicador de mudança de status, mesmo que seja um rito particular, como o primeiro emprego, o primeiro beijo ou a primeira vez que um casal diz “eu te amo”. A sociedade está cheia de ritos, eles integram práticas do cotidiano, eventos esporádicos ou únicos. Podem ser complexos, simples, pragmáticos, simbólicos, institucionais, culturais, religiosos. Seja como for, significam mudança de alguma coisa e alteração do status de um indivíduo em relação a algum núcleo social.
O problema está quando o trote perde seu caráter de rito de passagem (que é baseado no sentimento de orgulho coletivo) e se transforma em um mecanismo de opressão, mecanismo que se reforça a cada ano. Isso tem sido constante em muitas universidades e tem transformado um momento de muita vitória por parte dos calouros em algo traumático para o calouro e/ou a sua família. À guisa de exemplo, citemos os casos dos estudantes Carlos Alberto de Sousa (Jornalismo/Universidade de Mogi das Cruzes-SP - 1980), em decorrência de traumatismo crânio-encefálico resultante de agressões de veteranos e George Mattos (Direito/ Fundação de Ensino Superior de Rio Verde-GO - 1990), em decorrência de parada cardíaca ao tentar fugir de veteranos.
Casos como esses têm mobilizado setores acadêmicos com o objetivo de acabar com o trote violento ou abusivo e de incentivar os chamados trotes solidários, lúdicos, conscientes, etc. Essa é uma iniciativa válida, mas muito pouco tem alcançado o ambiente privado das moradias estudantis. Ocorre que as políticas em torno do trote têm atacado a sua forma, sem questionar a ideia e os motivos que têm solidificado essa prática por tantos anos.
A ideia por trás do trote não está sendo trabalhada como devia, e a culpa não é só dos setores administrativos das universidades, mas também dos veteranos, que não refletem sobre o que querem construir com o trote. O trote é um evento social, e os universitários deviam aproveitar essa ocasião para refletirem sobre os seus próprios papéis na sociedade, sobre que tipo de profissionais estão se formando e o que se espera deles.
Diante dessas observações, compartilho a fala do Dr. Luis Carlos Giarola, médico, professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp, e Presidente da Comissão de Assuntos Estudantis/FMB, que afirmou na revista Interface (1999) que o trote como uma brincadeira ou como uma integração é importante para o início da vida universitária, desde que não ultrapasse os limites da integridade do calouro.
É este o ponto que precisa ser restaurado: a preservação da integridade do calouro. É preciso tornar o trote uma prática baseada no orgulho coletivo. O trote precisa mostrar ao calouro que ele agora faz parte de um grupo que tem um papel específico na sociedade, não que ele é calouro burro. Sem consciência, qualquer atividade social pode se tornar um evento traumático: algumas partidas de futebol estão aí para exemplificar.
O problema do trote não está apenas na sua forma – como no caso de trotes violentos ou humilhantes –, mas antes de tudo, nos valores que estão sendo reforçados em sua prática. Geralmente, os veteranos tentam subjugar os calouros, afirmando alguma superioridade. Ora, é inegável que alguma hierarquia e diferenciação existe entre veteranos e calouros, como existe no sistema acadêmico como um todo, mas isso não significa que o abuso de poder tenha que ser permitido ou incentivado. Os limites do respeito à integridade do calouro são ultrapassados quando a experiência de veterano é supervalorizada (e toda super ou subvalorização é um engano).
Mas como transformar a alteridade em algo positivo? Como evitar o antagonismo entre veteranos e calouros sem desvalorizar a experiência? Como tornar a experiência em motivo de orgulho e não em mecanismo para o medo? De fato, o veterano deve servir de exemplo ao calouro. Deve ser alguém politizado, preocupado com a sua formação discente e com a da coletividade, e consciente de seu papel social – isso é solidificar os ideais humanísticos pregados pela universidade desde a sua origem. O trote aplicado por veteranos imbuídos desses valores com certeza terá um caráter verdadeiramente pedagógico, e não opressor, pois a relação hierárquica será baseada na experiência, no respeito e na solidificação de valores nobres. Será um rito de passagem que trará benefícios coletivos, por mais utópico que isso possa parecer.
Já que estamos falando de rito de passagem, gostaria de falar do rito de passagem dos jovens da tribo Sioux, quando eles atingem a adolescência e precisam se preparar para assumirem um papel na tribo. Os Sioux foram uma tribo muito ligada à natureza. Suas crianças eram educadas desde cedo a amar a natureza como representante do que há de mais sagrado para o seu povo. Tudo na natureza tinha para os Sioux uma razão de ser, e os mais velhos pregavam a unidade dos povos, a honra e a comunhão com toda a criação. Como um dos muitos ritos de passagem da tribo, ao jovem sioux era legada a responsabilidade de cuidar do seu próprio cavalo, até que ambos atingissem certa maturidade. A intenção era imbuir o jovem de responsabilidade e mostrar a ele que cada um na tribo tinha o seu papel. Se esse cavalo morresse, significava que o jovem ainda não estava pronto para prosseguir com os outros ritos, ligados à caça, à guerra e à proteção da família, o que seria muito vergonhoso para si e para o seu clã.
Não sou contra o trote como rito de passagem, mas sou contra qualquer forma de trote que seja abusivo (leia-se, forçado). Não considero abusivo pedir dinheiro na avenida para pagar a cerveja no bar logo à noite, onde calouros e veteranos se sentarão juntos à mesa. Nem acho humilhante, nas moradias estudantis, o calouro ficar responsável por repor o papel higiênico do banheiro durante um ano, para lhe lembrar que agora ele não está na casa da mamãe e vai ter que aprender a ser responsável (tem muito estudante que não sabe sequer lavar a louça). Desde que não seja nada forçado, que fique claro.
A maneira como veterano e calouro lidam com o trote revela muito sobre a visão que têm de si e dos outros. Desconfio muito da maturidade de um estudante que diz ser contra ser pintado de várias cores dos pés à cabeça por achar isso humilhante, mas que, no entanto, tem coragem de pagar caro por um ingresso de uma festa típica de Viçosa, que ocorre no lamaçal, e voltar bêbado, vomitando, e sujo de lama, dos pés à cabeça. Ao meu ver, isso é mais humilhante para a elite universitária do que a tinta e o elefantinho.
Voltando ao ponto sobre as moradias estudantis, muitos veteranos têm feito os calouros cuidarem de seus “cavalos”. Ficar responsável pelo papel higiênico ou ter que acordar cedo para fazer café para os veteranos são duas coisas bem diferentes. Alguns veteranos tentam aplicar ao calouro deveres que eles mesmos não cumpriam, e ainda tentam ensinar valores que sequer trouxeram de casa. É aqui que vemos algumas diferenças entre os trotes aplicados nos campi e aqueles aplicados nas moradias estudantis, onde as políticas da administração universitária não alcançam.
Agora uma pergunta polêmica: será mesmo que acabar com o trote é a fórmula para acabar com a repressão ao calouro? Com as políticas da administração universitária proibindo o trote dentro dos limites do campus, ocorre que o problema tem sido transferido para fora da universidade, e tomado proporções ainda maiores. A universidade em geral (administração, professores, veteranos, calouros...) tem perdido a oportunidade de debater o assunto, pois tem subestimado o significado que o trote como rito de passagem tem. É claro que alguma atividade simbólica é necessária para iniciar o calouro, e a simples proibição do trote sem um debate não tem gerado resultados satisfatórios. Ataca-se a forma, mas o conteúdo não é questionado. É como jogar a poeira para baixo do tapete.
Para finalizar, uma curiosidade: o hábito de raspar a cabeça do calouro vem de longa data. Na Europa, nas primeiras universidades, com o intuito de evitar epidemias (piolhos, sarnas, etc), os calouros tinham suas cabeças raspadas e suas roupas queimadas. Depois disso, recebiam novas roupas e passavam a estudar em vestíbulos diferentes daqueles dos veteranos. Daí também vem o nome “vestibulando” para designar o novato. De lá para cá, essas medidas profiláticas não foram mais necessárias, mas alguns hábitos permaneceram e foram até se diversificando. Será que podemos extrair algum simbolismo daí e renovar a prática do trote?
Fontes das imagens:
Ilustração 1: http://www-usr.inf.ufsm.br/%7Eroben/fotos/Trote/trote_15.jpg
Ilustração 2: http://www.tcexp.com.br/blog/wp-content/uploads/2008/02/trote_marketing_educacional.jpg
Ilustração 3: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyHKmTBY3Yqx7ghE57H_7fujSbjjCvdWDVScL6J9PlOMmdUKe-K_iTS6Im9G5yY1sHej9MKUQHFEPgNgvAqDirDJLA43yWrC_aAek06biA9Rpd00HVqoaqPPrdvxgVyNaPUjFJiHUvYHo/s400/trote2004_2.jpg
Contribuição do leitor Lucas Piter Alves Costa, graduado em Letras pela Universidade Federal de Viçosa. Foi membro do Centro Acadêmico de Letras Ipsis Litteris e da Comissão Organizadora do XII EMEL. Foi representante discente da Coordenação do Curso de Letras da UFV (2009). Áreas de interesse: Literaturas de Língua Portuguesa; Literatura Comparada; Cinema; HQs; Artes Plásticas, Estudos de Tradução Intersemiótica, Narratologia, AD Semiolinguística. Tem experiência como professor de desenho artístico.
Uma coisa comum em algumas dessas moradias estudantis é a de recepção aos calouros com uma série de práticas sociais. Infelizmente, nem todas elas são amigáveis, algumas são até abusivas. De qualquer modo, todas essas práticas sociais em que o calouro se integra ou a que se submete são uma forma de rito de passagem – até mesmo uma mera citação das regras da casa.
E em relação ao trote, não há como negar que, assim como uma série de outros acontecimentos, marca uma passagem na vida dos estudantes, como em um rito de passagem mesmo. É preciso dizer que uma espécie ou outra de rito de passagem sempre existiu, ainda existe, e sempre existirá em qualquer organização humana. Alguns desses ritos são institucionalizados, como o casamento ou as cerimônias fúnebres. Outros estão tão naturalizados que poucos pensam neles como algo socialmente aceito como indicador de mudança de status, mesmo que seja um rito particular, como o primeiro emprego, o primeiro beijo ou a primeira vez que um casal diz “eu te amo”. A sociedade está cheia de ritos, eles integram práticas do cotidiano, eventos esporádicos ou únicos. Podem ser complexos, simples, pragmáticos, simbólicos, institucionais, culturais, religiosos. Seja como for, significam mudança de alguma coisa e alteração do status de um indivíduo em relação a algum núcleo social.
Ilustração 1: Calouros se alegram e exibem sua "sujeira" como troféu: só para quem pode. |
O problema está quando o trote perde seu caráter de rito de passagem (que é baseado no sentimento de orgulho coletivo) e se transforma em um mecanismo de opressão, mecanismo que se reforça a cada ano. Isso tem sido constante em muitas universidades e tem transformado um momento de muita vitória por parte dos calouros em algo traumático para o calouro e/ou a sua família. À guisa de exemplo, citemos os casos dos estudantes Carlos Alberto de Sousa (Jornalismo/Universidade de Mogi das Cruzes-SP - 1980), em decorrência de traumatismo crânio-encefálico resultante de agressões de veteranos e George Mattos (Direito/ Fundação de Ensino Superior de Rio Verde-GO - 1990), em decorrência de parada cardíaca ao tentar fugir de veteranos.
Ilustração 2: Caloura pedindo dinheiro na avenida |
Casos como esses têm mobilizado setores acadêmicos com o objetivo de acabar com o trote violento ou abusivo e de incentivar os chamados trotes solidários, lúdicos, conscientes, etc. Essa é uma iniciativa válida, mas muito pouco tem alcançado o ambiente privado das moradias estudantis. Ocorre que as políticas em torno do trote têm atacado a sua forma, sem questionar a ideia e os motivos que têm solidificado essa prática por tantos anos.
A ideia por trás do trote não está sendo trabalhada como devia, e a culpa não é só dos setores administrativos das universidades, mas também dos veteranos, que não refletem sobre o que querem construir com o trote. O trote é um evento social, e os universitários deviam aproveitar essa ocasião para refletirem sobre os seus próprios papéis na sociedade, sobre que tipo de profissionais estão se formando e o que se espera deles.
Diante dessas observações, compartilho a fala do Dr. Luis Carlos Giarola, médico, professor do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp, e Presidente da Comissão de Assuntos Estudantis/FMB, que afirmou na revista Interface (1999) que o trote como uma brincadeira ou como uma integração é importante para o início da vida universitária, desde que não ultrapasse os limites da integridade do calouro.
É este o ponto que precisa ser restaurado: a preservação da integridade do calouro. É preciso tornar o trote uma prática baseada no orgulho coletivo. O trote precisa mostrar ao calouro que ele agora faz parte de um grupo que tem um papel específico na sociedade, não que ele é calouro burro. Sem consciência, qualquer atividade social pode se tornar um evento traumático: algumas partidas de futebol estão aí para exemplificar.
O problema do trote não está apenas na sua forma – como no caso de trotes violentos ou humilhantes –, mas antes de tudo, nos valores que estão sendo reforçados em sua prática. Geralmente, os veteranos tentam subjugar os calouros, afirmando alguma superioridade. Ora, é inegável que alguma hierarquia e diferenciação existe entre veteranos e calouros, como existe no sistema acadêmico como um todo, mas isso não significa que o abuso de poder tenha que ser permitido ou incentivado. Os limites do respeito à integridade do calouro são ultrapassados quando a experiência de veterano é supervalorizada (e toda super ou subvalorização é um engano).
Mas como transformar a alteridade em algo positivo? Como evitar o antagonismo entre veteranos e calouros sem desvalorizar a experiência? Como tornar a experiência em motivo de orgulho e não em mecanismo para o medo? De fato, o veterano deve servir de exemplo ao calouro. Deve ser alguém politizado, preocupado com a sua formação discente e com a da coletividade, e consciente de seu papel social – isso é solidificar os ideais humanísticos pregados pela universidade desde a sua origem. O trote aplicado por veteranos imbuídos desses valores com certeza terá um caráter verdadeiramente pedagógico, e não opressor, pois a relação hierárquica será baseada na experiência, no respeito e na solidificação de valores nobres. Será um rito de passagem que trará benefícios coletivos, por mais utópico que isso possa parecer.
Já que estamos falando de rito de passagem, gostaria de falar do rito de passagem dos jovens da tribo Sioux, quando eles atingem a adolescência e precisam se preparar para assumirem um papel na tribo. Os Sioux foram uma tribo muito ligada à natureza. Suas crianças eram educadas desde cedo a amar a natureza como representante do que há de mais sagrado para o seu povo. Tudo na natureza tinha para os Sioux uma razão de ser, e os mais velhos pregavam a unidade dos povos, a honra e a comunhão com toda a criação. Como um dos muitos ritos de passagem da tribo, ao jovem sioux era legada a responsabilidade de cuidar do seu próprio cavalo, até que ambos atingissem certa maturidade. A intenção era imbuir o jovem de responsabilidade e mostrar a ele que cada um na tribo tinha o seu papel. Se esse cavalo morresse, significava que o jovem ainda não estava pronto para prosseguir com os outros ritos, ligados à caça, à guerra e à proteção da família, o que seria muito vergonhoso para si e para o seu clã.
Não sou contra o trote como rito de passagem, mas sou contra qualquer forma de trote que seja abusivo (leia-se, forçado). Não considero abusivo pedir dinheiro na avenida para pagar a cerveja no bar logo à noite, onde calouros e veteranos se sentarão juntos à mesa. Nem acho humilhante, nas moradias estudantis, o calouro ficar responsável por repor o papel higiênico do banheiro durante um ano, para lhe lembrar que agora ele não está na casa da mamãe e vai ter que aprender a ser responsável (tem muito estudante que não sabe sequer lavar a louça). Desde que não seja nada forçado, que fique claro.
Ilustração 3: Nudez parcial: é necessário isso? |
A maneira como veterano e calouro lidam com o trote revela muito sobre a visão que têm de si e dos outros. Desconfio muito da maturidade de um estudante que diz ser contra ser pintado de várias cores dos pés à cabeça por achar isso humilhante, mas que, no entanto, tem coragem de pagar caro por um ingresso de uma festa típica de Viçosa, que ocorre no lamaçal, e voltar bêbado, vomitando, e sujo de lama, dos pés à cabeça. Ao meu ver, isso é mais humilhante para a elite universitária do que a tinta e o elefantinho.
Voltando ao ponto sobre as moradias estudantis, muitos veteranos têm feito os calouros cuidarem de seus “cavalos”. Ficar responsável pelo papel higiênico ou ter que acordar cedo para fazer café para os veteranos são duas coisas bem diferentes. Alguns veteranos tentam aplicar ao calouro deveres que eles mesmos não cumpriam, e ainda tentam ensinar valores que sequer trouxeram de casa. É aqui que vemos algumas diferenças entre os trotes aplicados nos campi e aqueles aplicados nas moradias estudantis, onde as políticas da administração universitária não alcançam.
Agora uma pergunta polêmica: será mesmo que acabar com o trote é a fórmula para acabar com a repressão ao calouro? Com as políticas da administração universitária proibindo o trote dentro dos limites do campus, ocorre que o problema tem sido transferido para fora da universidade, e tomado proporções ainda maiores. A universidade em geral (administração, professores, veteranos, calouros...) tem perdido a oportunidade de debater o assunto, pois tem subestimado o significado que o trote como rito de passagem tem. É claro que alguma atividade simbólica é necessária para iniciar o calouro, e a simples proibição do trote sem um debate não tem gerado resultados satisfatórios. Ataca-se a forma, mas o conteúdo não é questionado. É como jogar a poeira para baixo do tapete.
Para finalizar, uma curiosidade: o hábito de raspar a cabeça do calouro vem de longa data. Na Europa, nas primeiras universidades, com o intuito de evitar epidemias (piolhos, sarnas, etc), os calouros tinham suas cabeças raspadas e suas roupas queimadas. Depois disso, recebiam novas roupas e passavam a estudar em vestíbulos diferentes daqueles dos veteranos. Daí também vem o nome “vestibulando” para designar o novato. De lá para cá, essas medidas profiláticas não foram mais necessárias, mas alguns hábitos permaneceram e foram até se diversificando. Será que podemos extrair algum simbolismo daí e renovar a prática do trote?
Fontes das imagens:
Ilustração 1: http://www-usr.inf.ufsm.br/%7Eroben/fotos/Trote/trote_15.jpg
Ilustração 2: http://www.tcexp.com.br/blog/wp-content/uploads/2008/02/trote_marketing_educacional.jpg
Ilustração 3: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyHKmTBY3Yqx7ghE57H_7fujSbjjCvdWDVScL6J9PlOMmdUKe-K_iTS6Im9G5yY1sHej9MKUQHFEPgNgvAqDirDJLA43yWrC_aAek06biA9Rpd00HVqoaqPPrdvxgVyNaPUjFJiHUvYHo/s400/trote2004_2.jpg
Contribuição do leitor Lucas Piter Alves Costa, graduado em Letras pela Universidade Federal de Viçosa. Foi membro do Centro Acadêmico de Letras Ipsis Litteris e da Comissão Organizadora do XII EMEL. Foi representante discente da Coordenação do Curso de Letras da UFV (2009). Áreas de interesse: Literaturas de Língua Portuguesa; Literatura Comparada; Cinema; HQs; Artes Plásticas, Estudos de Tradução Intersemiótica, Narratologia, AD Semiolinguística. Tem experiência como professor de desenho artístico.
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