domingo, 12 de junho de 2011

Amado Capitão


             Já culminava à meia-noite, a lua elucidava a pequena cidade de Camamu, na Bahia. Era uma noite triste e com o passar das horas luzes iluminavam o interior dos acanhados casebres, gatos miavam nos becos e, como de costume, raparigas esperavam pelos viajantes que viriam a desembarcar no porto. Ansiosa eu esperava por meu amado, eis que estava disposta a passar a noite observando os reflexos do mar, as estrelas do céu, até que meu amado Capitão chegasse e a saudade que me amargurava a cada segundo acabasse.
           
      Aos poucos recordava o primeiro encontro, à troca de olhares, o redemoinho no estômago, o primeiro e inesquecível beijo e mais tarde, o nosso enlace. Um amor avassalador, ora doentio, ora sadio. A espera continuava e finalmente ouvi o apito e a luz ainda longe. Uma nova brisa soprava meus cabelos e me levantara o ânimo.
            
      O tempo foi consumindo e à medida que os viajantes desembarcavam meu coração disparava. Era muito tempo sem uma palavra sussurrada ao ouvido, um beijo, um toque.
             
            No semblante dos marinheiros notei tristeza e aflição, pareciam esconder-me algo e soluçando vertia insondáveis lágrimas imaginando o que poderia ter acontecido. Enfim, a notícia: meu amado capitão havia se afastado para sempre. A morte o levara discreto e surdamente para onde eu não poderia encontrá-lo.
             
           Hoje percebo que o tempo passa, mas há instantes que ficam. E vejo muitas pessoas viverem de certezas. Outras, porém, de incertezas. Eu continuo a viver do mais sublime sentimento: o amor.

            Penso que um dia o tocarei e o meu fascínio por seus olhos voltará a satisfazer todos os meus desejos. Toda noite me vejo junto dele e hoje estou a desfrutar novamente dos raios da lua refletindo sobre o mar, que um dia hão de me levar para junto dele, o meu Amado Capitão.


Maikely Teixeira Colombini, nascida em 1989. É natural de Mimoso do Sul, Espírito Santo, mas viveu grande parte da sua vida em Cachoeiro de Itapemirim. Hoje é graduanda em Letras com Licenciatura em Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais.  Entre as suas grandes paixões está a Literatura. Atualmente está pesquisando os Espaços íntimos e espaços públicos na narrativa de Joaquim Manuel de Macedo. Áreas de interesse: Linguística, Letras e Artes, e mais especificamente, Literatura Brasileira.

A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.


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