sábado, 9 de julho de 2011

Algumas pinturas de caráter social feitas por Cândido Portinari




Gosto muito da Arte engajada socialmente e sempre busco conhecer novos artistas e obras que tenham esse caráter de engajamento. Por isso, o artista escolhido para a matéria de hoje é Cândido Portinari. Ele figura dentre os mais importantes artistas brasileiros, reconhecido nacional e internacionalmente devido à suas pinturas, que chegaram até mesmo a escandalizar a academia.

Portinari, que é no Brasil homenageado de várias maneiras, nasceu em uma cidade no interior de São Paulo, chamada Brodowski, no dia 29 de janeiro de 1903. Filho de imigrantes italianos que lidavam na cultura cafeeira, este artista não chegou a completar o Ensino Primário.

Ele adentrou no mundo artístico quando um grupo de artistas que trabalhava na restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski e o recrutam como ajudante. Provavelmente, após descobrir sua vocação artística, Cândido Portinari, aos 15 anos, vai para o Rio de Janeiro matricular-se na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA).

Desde os 20 anos, ele já possuía obras que participavam de grandes exposições. Formado em um ambiente acadêmico, inicia a apreciar a Arte e os ideias difundidos pelo modernismo. Alguns atribuem o fato de a adesão a arte modernista ter, de alguma forma, contribuído para que ele não ganhasse a medalha de ouro no Salão da ENBA. Portinari somente foi agaloado com tal prêmio após ter pintado uma tela com elementos acadêmicos tradicionais. Juntamente com esse prêmio, o pintor ganhou a oportunidade de viajar à Europa.

Durante dois anos, o artista em questão viveu em Paris. Como esta cidade foi um dos principais irradiadores dos valores e ideais modernistas no mundo, nela Portinari travou contato com as vanguardas artísticas, com pinturas altamente vanguardistas como de Pablo Picasso, Van Dongen, entre outros. Em sua volta ao Brasil, Cândido Portinari, havia agregado novos conhecimentos às suas pinturas.

Em 1935 ele ganhou um prêmio em Nova Iorque, por sua obra “Café”. O que proporcionou a ele ser mais conhecido mundialmente. Ele recebeu muitas outras distinções altamente importantes, como Legião da Honra (1946) concedido pelo governo francês; medalha de Ouro (1950) pelo painel Tiradentes (1949), concedida pelo júri do Prêmio internacional da Paz, em Varsóvia, Polônia; medalha de Ouro (1955) como melhor pintor do ano, concedida pelo International Fine Arts Council em Nova Iorque; prêmio Guggenheim de Pintura (1956) na ocasião de inauguração dos painéis Guerra e Paz, na sede da ONU em Nova Iorque.

Gostaria de dar destaque, como assinalei no início desta matéria, a obra de Portinari comprometida com um engajamento social. Pois bem, após o início da Segunda Guerra Mundial, com a escalada do Nazi-facismo, com os horrores da guerra, o pintor brasileiro reforçou o caráter forte, trágico e social de sua obra, com a produção duas obras muito conhecidas e importantes: Retirantes e Meninos de Brodowski.

Destacarei, neste momento a obra Retirantes, pintada por Portinari em 1944, é uma tela 190 x 180 cm, está na coleção do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand. É uma das pinturas feitas por esse artista mais reconhecidas. E retrata, em um tom humanamente chocante, uma família de retirantes nordestinos.

Nela, observamos três crianças maiores, uma delas com a “barriga d’água”, um bebê esquelético, quase que somente uma sombra do ser, uma outra criança de colo, da qual só é possível perceber os ossos, quatro adultos altamente sofridos, com o rosto perdido em meio ao desespero e desilusão.

Sabemos que a tela em questão representa a árdua vida dos retirantes nordestinos, que em meio a seca, andam muitos quilômetros em busca de água, de um lugar decente e que possua condições mínimas de sobrevivência. Essas pessoas enfrentam as piores adversidades possíveis, como a fome, seca extrema, falta d’água, falta de remédios, de tratamentos de saúdes, contraem doenças devido a utilização de águas e alimentos impróprios para o consumo humano.

Outra pintura que muito me toca é Colheita de Milho, uma tela pintada em 1959, de medidas 65x81cm, que faz parte de uma coleção particular no Brasil. A imagem retratada é muito significativa, uma vez que pelo próprio título podemos inferir do que se trata: da colheita do milho.

Na pintura, são retratados três trabalhadores rurais, colhendo milho de maneira totalmente manual, enchendo balaios com o resultado da colheita e carregando-os nas costas. A ausência de máquinas agrícolas, aponta para o fato de serem trabalhadores pobres, como muitos brasileiros, que sobrevivem graças à agricultura.

Há muitas outras pinturas excepcionais produzidas por Cândido Portinari e que podem ser encontradas em sítios da internet. Há também algumas obras escritas sobre a vida e obra deste pintor que são importantes para aqueles que desejam conhecê-las à fundo. Por enquanto, indico a vocês leitores que acessem esse sítio, que possui algumas pinturas feitas por esse brasileiro e que possuem uma ótima visualização.

Outras fontes:

http://www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/biografi.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ndido_Portinari

http://www.culturabrasil.org/portinari.htm

http://www.suapesquisa.com/biografias/portinari.htm

http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/revistaNossaAmerica/20/port/mestre.htm

http://www.brasilazul.com.br/dez-faces-de-tiradentes.asp

http://www.revista.agulha.nom.br/ag48portinari.htm

Rodrigo C. M. Machado é Mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa.

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