"Na Estrada da Vida": Musical À "moda" sertaneja. Parte II
Ginger Roger e Fred Astaire |
Fred Astaire e Ginger Roger dançando impecáveis nos filmes da Sessão da Tarde: esta foi minha primeira referência de "filme musical". Gosto da espectativa de ser surpreendida pelos personagens que, do nada, começam a dançar e a cantar em lugares e situações inusitadas; isso é mágico para mim. Sempre gostei dessa coisa de surgir algo descaradamente ensaiado, nada natural, no meio do filme de ficção. Nos musicais essa sensação funciona como um distanciamento, um momento de reflexão e contemplação lúdica do universo dos espetáculos. Pensando melhor, agora percebo que o meu encanto por este gênero vem também da sensação poética de liberdade que suplanta o suposto realismo fílmico. Lógico que todos aqueles atores, cantores e bailarinos ensaiaram até a exaustão para executarem aqueles números fantásticos, colocados em lugares imprevisíveis no decorrer do filme. Os musicais valorizam os cenários, os figurinos as atuações de canto e dança.
Bjork em Dançando no Escuro |
Grease - Nos tempos da Brilhantina |
Tango - Carlos Saura |
Carmen de Carlos Saura |
Deliciei-me com “Grease - Nos tempos da brilhantina” (1978), “Dançando no escuro” de Lars Von Trier e os tantos de Carlos Saura como: “Carmen” (1983), “Amor Bruxo” (1986), “Tangos” (1988). O exuberante “Moulin Rouge - Amor em vermelho” (2001) tem Nicole Kidman como Satine, Ewan McGregor como Christian e John Leguizano com Toulouse-Lautrec, vivendo uma trágica história de amor com cenários e figurinos cuidadosamente preparados para encantar. Também não consigo esquecer de duas cenas de “E La Nave Va” (1983) de Fellini: a primeira acontece na casa das máquinas, onde os operários navais alimentam as caldeiras. A pedido dos operários, os cantores líricos começam a cantar, tentando suplantar o ruído ensurdecedor do lugar com suas vozes privilegiadas. Os sons das vozes se misturam aos ruidos, criando um som humano e maquinal desconcertante. Cada um dos cantores tentam dar o melhor de si, em uma briga de egos cômica. Na outra cena, o navio “Gloria N” está afundando e todos continuam cantando durante o naufrágio. Como numa ópera, eles descrevem cantando o momento trágico, vestidos com glamour e eretos como mandam os manuais de canto lírico.
No Brasil já foram produzidos muitos musicais desde o tempo da Vera Cruz e Atlântida. Dos 66 filmes produzidos pela Atlântida, muitos eram musicais. “Na estrada da vida” (1979) de Nelson Pereira é uma musical brasileiro de uma safra, década de 1970/1980, em que os musicais estavam em baixa por aqui. O filme conta a história da dupla sertaneja Milionário e José Rico e está recheado de muitas músicas da dupla como: “De longe também se ama”, “Jogo de amor”, “Berço de Deus” e outras. O filme emociona os amantes da música sertaneja.
Quem gosta de música sertaneja vai viajar no tempo e rever os percalços da dupla em busca do tão sonhado sucesso. A identidade visual dos cantores dentro do filme, foi criada para representar o sertanejo simples daquela época; calças pantalonas de cores quentes, paletós quadrezes e camisas com golas grandes.
Fora do filme, a dupla continua fazendo sucesso até hoje: são 40 anos de "estrada da vida". Com a inserção da dupla no mercado fonográfico, suas vestimentas mudaram. As roupas surradas e sapatos furados foram deixadas de lado e elementos do country foram sendo incorporandos ao visual: Blaizers com aplicação de couro, botas de bico fino, chapéus largos e cintos de fivela. Milonário ainda incrementou seu visual com muitos colares de ouro em formato de clave de sol, com a figura de santo espedito e outros. Os óculos escuros continuam, marca registrada de Milionário. Porém a música continua focada no sertanejo de raiz, incrementada, lógico, pelos instrumentos eletrônicos, luzes e cenários sofisticados. Bem diferente daqueles mostrados no começo de suas carreiras. Vejam em uma cena do filme:
Um trechinho de um show atual. Eles continuam "os gargantas de ouro do Brasil" só que bem tratados. Enfim, agora fazem juz ao nome, Milionário e José Rico. Maravilhosos!!!
E la Nave Va - Fellini |
A dupla representada no filme |
Fora do filme, a dupla continua fazendo sucesso até hoje: são 40 anos de "estrada da vida". Com a inserção da dupla no mercado fonográfico, suas vestimentas mudaram. As roupas surradas e sapatos furados foram deixadas de lado e elementos do country foram sendo incorporandos ao visual: Blaizers com aplicação de couro, botas de bico fino, chapéus largos e cintos de fivela. Milonário ainda incrementou seu visual com muitos colares de ouro em formato de clave de sol, com a figura de santo espedito e outros. Os óculos escuros continuam, marca registrada de Milionário. Porém a música continua focada no sertanejo de raiz, incrementada, lógico, pelos instrumentos eletrônicos, luzes e cenários sofisticados. Bem diferente daqueles mostrados no começo de suas carreiras. Vejam em uma cena do filme:
Um trechinho de um show atual. Eles continuam "os gargantas de ouro do Brasil" só que bem tratados. Enfim, agora fazem juz ao nome, Milionário e José Rico. Maravilhosos!!!
A mestranda em Comunicação da UNIP, Nise Dantas escreveu sobre a indumentária do sertanejo no decorrer dos tempos. Vamos ver a seguir:
A estetização do cantor sertanejo
Introdução:
Em meados dos anos 80, surge no mercado fonográfico brasileiro um novo estilo musical sertanejo que se traduz numa reciclagem dos temas abordados nas letras das canções, na incorporação de novos instrumentos musicais, na criação de uma nova visualidade para os seus intérpretes, entre outros. Nesse momento, configurou-se o interesse da mídia em divulgar, ampliar e disseminar o novo estilo sertanejo brasileiro, transformando-o num fenômeno de massa.
No campo da moda, os estilistas passaram a dar forma a esse novo estilo, compondo uma visualidade estética própria em suas coleções, por meio da agregação de elementos alheios à realidade do homem do sertão retratado no estilo sertanejo tradicional, tais como: botas country, chapéus de cowboy, cintos, fivelas, calças e outros elementos que remetem mais à imagem do sertanejo americano do que ao homem do campo brasileiro.
Para que possamos entender este processo é necessário entender também a visualidade do sertanejo e suas relações com as transformações de estilo e gênero dos cantores e canções sertanejas surgidas a partir dos anos 1980.
A estetização do cantor sertanejo
A visualidade sertaneja passou por um processo de modernização e se incorporou ao contexto urbano. Rosa Nepomuceno (1999) observa em seu estudo que as duplas sertanejas, no final dos anos 70, perceberam a necessidade de adequar sua indumentária aos ritmos e performance mais modernos, para que pudessem interagir com o mundo urbano.
Tal explicação remete à argumentação de Malcolm Barnard (1996, p.153), que observa: “...a interação social por meio da moda e da indumentária é uma forma pela qual a identidade de classe é constituída”.
A modernização de estilo abre um espaço na mídia para novas duplas sertanejas, as quais passam a se apresentar com trajes, acessórios e movimentos corporais capazes de produzir uma identificação no mundo urbano.
Barnard defende ainda a ideia de que “... moda e indumentária são utilizadas para criar e comunicar imagens” (1996, p. 110). Assim, verifica-se que o processo de estetização para uma nova imagem do sertanejo começa, a partir de então, a ser midiatizado. Os novos sertanejos são percebidos pelo público como artistas e cantores talentosos e sedutores. Suas vestimentas colaboram para compor esta imagem: calças justas acopladas ao corpo, marcando sua virilidade, cintos com fivelas estilizadas que remetem à figura do cowboy americano.
A respeito dessa modernização, Rosa Nepomuceno comenta a performance do artista e cantor Almir Sater, que, em 1981, lançou seu primeiro disco. Segundo ela, Almir Sater refazia modas antigas, “modas de viola”, passeava pelo som country, com sotaque de matuto, conferindo charme ao chapéu de boiadeiro.
Almir Sater |
A partir de então, os dirigentes da mídia passam a investir na empatia que o charme do homem sertanejo provoca no consumidor. O homem rural é visto pelos jovens do meio urbano - público que interessava conquistar - como um símbolo de virilidade e sensualidade. Para melhor evidenciar esta observação, vale lembrar José de Camargo - Zezé di Camargo - e seu irmão - Welson David, o Luciano - que estrearam na mídia com movimentos sensuais, vestindo calças justas, incorporando uma nova estética performática.
Apesar das apropriações estéticas do sertanejo norte americano, nossos artistas interpretam canções com temas nacionais, que relatam histórias da realidade brasileira. Os ritmos da canção sertaneja, que antes eram produzidos por uma viola ou um violão, também passam por transformações: são incorporados instrumentos eletrônicos, reforçando a modernização da canção sertaneja.
Cantores populares também contribuíram para a valorização dos sertanejos. Em 1971, a indústria têxtil Rhodia se interessou em associar a música sertaneja com a nova coleção de moda inspirada no campo, a”Nhô look”, para tanto convidou o maestro Duprat para este trabalho. “Num grande show em São Paulo... Rita Lee se vestiu de caipira fashion e dividiu o palco com o guitarrista Lanny Gordin, um dos maiores de sua geração.” Nepomuceno, 1999, p:177).
Tonico e Tinoco com Rita Lee no show "Nho Look"/ FENIT / São Paulo |
A partir dos anos de 1980, Tonico e Tinoco se renderam a nova performance sertaneja e para se adaptar aos tempos ,”...terçavam sanfonas e violas com baixo, guitarras e teclados, buscando dar um acabamento mais moderno no seu repertório...”(Nepomuceno, 1999,p:204)
“O repertório foi renovado, com músicas mais alegres, mais comerciais, porém nada que agredisse o publico de Tonico e Tinoco... Depois entraram os teclados dando roupa nova às velhas modas.”
Observa-se que esta transformação não está na semântica, mas na forma de expressão e interação entre o emissor e o receptor, de modo a provocar uma dinâmica corporal e sensorial constituída por um conjunto de estímulos sensoriais que remetem à percepção de sentimentos e valores.
Esta nova performance vem da necessidade de se atualizar em função do mercado, apresentar uma nova identidade, sem, no entanto, perder suas referências de origem. Renato Ortiz (1994, p.75) defende esta possibilidade: “... é preciso que os grupos construam nichos no seio dos quais a lembrança possa sobreviver. Um novo território é redesenhado, no qual a identidade anterior é preservada”.
A modernização do sertanejo abre, assim, portas para o mundo atual conhecer as canções do sertanejo raiz, ao mesmo tempo em que quebra preconceitos estabelecidos pelo homem urbano. Vivencia-se, a partir dos anos 80, uma nova proposta no vestuário do cantor sertanejo, no modelo de sua calça, de sua camisa e do acessório que retrata, com formas, cores e tecnologias modernas (instrumentos eletrônicos, coreografias, iluminação e etc) o novo estilo do sertanejo.
Para falar em estilo, a partir dos anos 80, é necessário entender o conceito de moda moderna. Lipovetsky define moda moderna em três faces: burocrática-estética, industrial e democrática e individualista. Com relação as duas últimas,o autor aponta que na face industrial, o mercado percebe “a necessidade de oferecer um vestuário que some Moda e Estética” (2009, p.126). Esta face antecede a face democrática e individualista que, a partir dos anos 80, “... concebe roupas com um espírito mais voltado à audácia, à juventude, à novidade...”
As novas duplas sertanejas passam a representar o novo pelas diferenças que as distanciam de sua matriz cultural. Estas diferenças promovem grupos que passam a compartilhar e a se identificar com a proposta das duplas sertanejas.
Seguem ilustrações de duas duplas sertanejas que representam, através de suas indumentárias, um estilo e uma performance de diferentes valores. Os cenários são diferentes. Os elementos visuais, o modelo de roupa, o tecido, as cores, o corte de cabelo, que estetizam a performance da dupla Tonico e Tinoco, remetem à simplicidade do homem do campo. Em contrapartida, a dupla Chitãozinho e Xororó se apresenta com elementos visuais que estetizam o moderno e o sofisticado.
Tonico e Tinoco / Fatos e Fotos |
Chitãozinho e Xororó |
Todo esse processo de transformação não se dá apenas em um aspecto, mas em todas as outras atividades sociais que se cruzam interferindo no espaço do capital, do trabalho, das indústrias que se articulam em torno dos anseios dos produtores culturais e dos desejos do público receptor. Esta observação convida a recorrer novamente aos estudos de Rosa Nepomuceno.
De acordo com o seu estudo, na década de 80, o interior do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais, de Goiás e de Mato Grosso ganhou grande força econômica. Além do café, tradicional produto de exportação brasileiro, a cana de açúcar e o gado conquistaram espaços sólidos e amplos no mercado externo. As metrópoles, ao contrário, empobreciam. Ao mesmo tempo, o cenário e os valores rurais se modificaram. Diante disso, os jovens ricos e da classe média passam a enxergar, no interior, oportunidades promissoras. (p.201)
Para se criar uma nova performance estética, os cantores sertanejos vão em busca de vários elementos visuais para compor uma indumentária moderna e que também se identificasse com o seu gênero musical.
Observa-se que para essa nova estetização dos anos 80, os intérpretes sertanejos experimentaram muitos estilos diferentes. Rosa Nepomuceno explica esse momento de transição com detalhes:
“... inaugurou um novo estilo, misturando trajes de boiadeiro com roqueiro: camisas com estampados psicodélicos, abertas ao peito em conjunto com uma profusão de medalhões e pulseiras pendurados; cabelo comprido e desfiles no asfalto das cidades urbanas de motos e guitarras”. (NEPOMUCENO, 1999 p.179)
Apresentam-se, nas páginas seguintes, algumas ilustrações mostrando cantores sertanejos em épocas distintas e é possível observar em cada uma o grau de interesse e o zelo que o personagem teve com os objetos, com a ambientação e com outros artifícios que poderiam auxiliar na projeção de um sentido.
As fotos demonstram preocupações diferentes, em épocas diferentes. No mundo moderno, o sujeito não é a figura central, mas é sua interação com todos os elementos visuais que dará àquela imagem uma configuração estética.
Cabe citar a teoria do campo não hermenêutico, na qual Hans Ulrich Gumbrecht se refere à acoplagem. Segundo ele, a forma como todos os elementos se acoplam ao corpo é que gera uma expressão estética; ou seja, vestuário, tipo de tecidos, cores, texturas e, em segundo nível, a maneira que este corpo se acopla ao veículo midiático (iluminação, movimento de câmera e outros) (1999, cpa.V).
Foto 1 |
A foto 1 se refere à dupla sertaneja Raul Torres e Florêncio, nos anos 40. A ilustração evidencia um ambiente simples com cantores igualmente simples, espelhando uma vida humilde.
Num cenário que tem como pano de fundo uma parede rústica, sem acabamento, as vestimentas dos personagens estão descuidadas sobre o corpo dos cantores e com aparência de amassadas. Os chapéus são do mesmo estilo do chapéu sertanejo de palha usado pelo homem que trabalha no campo. Os dois violões estão posicionados de forma negligente, manifestando despreocupação em conferir importância ao cenário.
A produção da foto parece estar focada no rosto e na expressão facial dos cantores. A forma dos objetos e a maneira em que estes se acoplam enfatizam o rosto dos cantores de forma a minimizar a presença de outros elementos.
Fotos 2 e 3 |
Já as imagens das fotos 2 e 3 revelam a preocupação com a “aparência estética”: os cantores da dupla sertaneja Milionário e José Rico interpretam uma performance que se articula com diversos elementos visuais.
Pode-se perceber, na foto 2, a produção no visual e na vestimenta dos cantores: o corte e o penteado do cabelo, o lenço no pescoço, a gola da camisa dos dois cantores são do mesmo formato, ressaltando a sintonia e a identificação entre os dois artistas. A iluminação se faz presente, evidenciando estes elementos.
A foto 3 apresenta os mesmos artistas da foto 2, em época diferente, agora no final dos anos 70. A dupla se apresenta num cenário que insinua um ambiente fechado, numa atmosfera social. Fica perceptível que o fotógrafo quis registrar o momento, escolhendo o melhor ângulo: os cantores se mostram com uma indumentária que estetiza seu personagem, apesar do ambiente fechado. O cantor José Rico usa seus óculos escuros e se veste de roupa de couro, de barba e com cabelos compridos, elementos visuais que remetem ao estilo roqueiro. O cantor Milionário, apesar de fazer dupla com o cantor José Rico, se apresenta com uma mistura de elementos visuais, chapéu country e poncho mexicano.
Foto 4 |
A foto 4 retrata o estilo do sertanejo country representado pelo cantor Daniel. Como pano de fundo, apresenta a imagem de um campo bem tratado com a presença de uma cerca. Evidencia uma exuberância distante da aridez do sertão. O cantor se apresenta usando acessórios que fazem parte da indumentária country: chapéu de cowboy, lenço no pescoço, colete, cinturão abaixo da cintura. As mangas da camisa dobradas são elementos que insinuam o vaqueiro no exercício de sua função, ou seja, a lida no campo. A barba por fazer reforça a imagem máscula que o estilo referência.
Moda e Midiatização
A modernização do sertanejo colabora para que o mundo possa conhecer as canções do sertanejo raiz e quebra preconceitos estabelecidos pelo homem urbano. Vivencia-se assim, a partir dos anos 80, uma nova proposta no vestuário do cantor sertanejo: o modelo de sua calça, de sua camisa e de um acessório que retrata com formas, cores e tecnologias modernas - instrumentos eletrônicos, coreografias, iluminação, etc – passam a compor o novo estilo do sertanejo.
Estas observações coincidem com os estudos de Diana Crane, nos quais ela aponta o vestuário como um dos elementos principais de estratégia para montar uma identidade. A autora afirma: “As roupas são uma ferramenta de suma importância na construção da identidade, oferecendo uma vasta gama de opções para a expressão de estilos de vida ou identidades culturais”.(2006, p.337)
Interessante é verificar como os pensamentos dos estudiosos se cruzam: Malcolm Barnard (1996: p.153) diz que: “... a interação social por meio da moda e da indumentária é uma forma pela qual a identidade de classe é constituída”, ele ainda defende que “... moda e indumentária são utilizadas para criar e comunicar imagens” (1996, p. 110).
Entretanto, a autora Diana Crane, em busca de uma compreensão de significados no que se refere aos itens de vestuário e o papel da cultura popular, afirma que, estes significados são: “... frequentemente redefinidos tanto pelos criadores de cultura como pelos consumidores...” (2006, p. 339)
A autora coloca o cinema e a música como elementos importantes no processo de redefinição de significados:
“O cinema e a música são elementos importantes nesse processo. Ao associar imagens de destaque a peças de roupa ‘específicas, ambos alteram o significado dessas peças e seu poder simbólico para o público...” (2006, p.339)
Assim, na medida em que os personagens da canção sertaneja se apropriam de elementos visuais de outras culturas, estes passam a adquirir uma nova identidade produzida pela mídia, pela tecnologia e consumida pelo público. A questão da identidade é muito ampla e complexa. Entretanto, não se pode deixar escapar nesse estudo que os cantores sertanejos com sua nova performance constituíram um estilo de identificação. O livro de Stuart Hall, A identidade cultural na Pós-modernidade, apresenta um comentário sobre as nações modernas, interessante para nossa compreensão. “... A Europa Ocidental não tem qualquer nação que seja composta de apenas um único povo, uma única cultura e etnia. As nações modernas são, todas, híbridos culturais.”(1992,p.62).
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