quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ARTE URBANA COM CHICLETES



Ben Wilson (nascido em 1963) se tornou uma figura familiar nas calçadas de Londres, quando passou a explorar uma mídia inusitada: pinturas em miniatura sobre chicletes jogados no chão. Irritado com o lixo, os carros e resíduos industriais que se tornaram parte integrante da sociedade urbana ele se refugiou no interior, mas ainda assim tinha que enfrentar a sujeira. Começou a trabalhar com o lixo que encontrava, catando bitucas de cigarro e pacotes de batata frita para incorporá-los a suas colagens. Trabalhar com chiclete mascado, in situ, foi uma evolução natural.

Desde 2004 Wilson decidiu trabalhar em tempo integral com as pinturas em chicletes, e há anos vem tentando melhorar o ambiente urbano pintando em cima de outdoors e anúncios, mas a atividade ilegal o levou a conflitos com a lei. O uso do chiclete lhe permitiu trabalhar de forma espontânea, sem ter de pedir permissão. Nosso ambiente é muito controlado e o que mais precisamos é de diversidade. Mesmo galerias, museus e editoras são muito controlados,afirmou ele. 

Seu método é bem requintado, ele usa maçarico para aquecer os chicletes e pequenos pincéis para pintar motivos em miniaturas. Primeiro ele seleciona um chiclete velho, derrete-o com o maçarico para endurecer a superfície, cobre-o com com uma camada de esmalte acrílico branco e inicia a pintura. Com joelheiras amarradas na calça manchada de tinta, e um descanso para apoiar o cotovelo, é capaz de passar várias horas debruçado sobre suas obras. Quando a pintura está pronta, Wilson usa a chama de um isqueiro para secá-la, aumentar a clareza das linhas e evitar o pó. Depois passa mais uma camada de spray automotivo para dar um acabamento resistente. O método faz com que a obra dure cerca de seis meses.

                                                                                                                 

Ben Wilson em plena função nas ruas de Londres e suas miniaturas abaixo.



                                                                     




















Wilson adora o relacionamento direto com as pessoas, os encontros que lhe dão o tema e a inspiração para seu trabalho. As pessoas lhe dizem o que gostam e querem, e ele interpreta cada assunto com base na intuição. O desafio de condensar a história de vida de uma família inteira em um único pedaço de chiclete o anima e a intimidade do meio o inspira.
Usando esse tipo de suporte, acho que todo mundo concorda que Ben Wilson é um artista mais do que original...







Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR. Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e Antropologia Visual. Escreve quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.

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