Lembranças e esquecimentos de Auschwitz
Em algumas narrativas de sobreviventes do holocausto, fica-se evidente a dor que provoca o relato, porém, muitos vêem como dever relatar essa história – principalmente quando se aproximam da morte, como é o caso da húngara de origem judaica Veronika Schwartz, que deu o seu depoimento no Canadá, Montreal, em 1994. No pequeno trecho a seguir, destaca-se o fato que ela resolveu narrar essa experiência bem tardiamente, pois tentou “permanecer sã”, ou seja, para superar a magnitude de tal trauma foi preciso esquecer, como afirma Pollack, para se continuar a viver:
Memorial às vítimas do holocausto. Berlim.
Desde que retornei de Auschwitz, em maio de 1945, senti que tinha que escrever o que aconteceu com minha família e comigo – todas as minhas experiências. Só a lembrança daquilo traz-me dores e lágrimas. Tentando permanecer sã, fui adiando isto. Hoje, se passaram mais de 50 anos desde o genocídio planejado por Hitler contra nosso povo. Sinto-me forçada a registrar da forma que me lembro. O tempo está acabando. Tenho 67 anos. Meus filhos, a quem tentei educar da forma mais normal possível, e com quem tentei não falar sobre o passado, hoje são homens crescidos. E têm o direito de conhecer a história de sua família. Portanto, dedico minhas memórias a meus maravilhosos filhos e netos. (SCHARWZ, V., 1994)
Outro autor que explorou a temática da importância do silêncio e esquecimento para a memória foi Andreas Huysen. Segundo ele, toda lembrança está associada a um esquecimento, no entanto, com a fixação das sociedades contemporâneas ao dever da memória, não se problematiza as políticas de esquecimento público, ou seja, não se observa que determinados assuntos, temas, acontecimentos são esquecidos voluntariamente, na mesma linha de raciocínio de SEIXAS (2004). Ou seja, se esquece porque se quer (voluntariamente) lembrar determinados fatos e (também voluntariamente) esquecer outros. Ele afirma que se deve superar a oposição simplista entre lembrar e esquecer.
É necessário situar o esquecimento num campo de termos e de fenômenos tais como silêncio, ausência de comunicação, desarticulação, evasão, apagamento, erosão, repressão que revelam um espectro de estratégias tão complexas quanto às da memória. (Ibid, p.3)
Quais são outras linguagens que tornam a memória relativa a II Guerra Mundial ainda presente nos dias de hoje? Acredito na importância de três exemplos, que descrevo a seguir. O primeiro se refere aos processos de musealização de campos de concentração, outro, ligado a esse primeiro, se relaciona à criação de diferentes monumentos de memória em homenagem às vítimas da II Guerra Mundial. O terceiro se refere a um “fôlego” cinematográfico sobre a II Guerra, que traz narrativas fílmicas sob outras perspectivas que não ao hegemônico cinema hollywoodiano.
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Radar Contemporartes
Senhores e Senhoras,
Investindo-me na função de prefaciador, quis o autor Raphael Reis me dar a oportunidade de escrever depois de tantos anos. Agradeço o convite. Digo que buscarei, na medida do possível, corresponder à vossa confiança e ser sucinto.
Esta é a primeira obra do nosso mais novo prosador e como me confidenciou, quer ser o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio Nobel, apesar de eu não acreditar nisso.
Foram escritos 15 contos: uns péssimos, outros bons, como naturalmente acontece. Não posso comentá-los, pois assim perderia qualquer graça que por ventura eles possam ter. Ou seja, caro leitor, leia você mesmo e teça suas próprias conclusões.
Está prefaciado o prefácio. Que comece a leitura!
Machado de Assis
Verão de 2009
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(11) 3031-3056
Ana Maria Dietrich, doutora em História Social pela USP e professora adjunta da UFABC, é coordenadora da Contemporartes-Revista de Difusão Cultural junto a Vinicius Rennó.
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