Despedida da coluna "Poesia Comovida".
Contínua e nua, a Poesia continua!
por Altair de OliveiraÉ com uma certa nostalgia que noticiamos, aqui, hoje a interrupção de minha participação como colaborador aqui na coluna de poesia das segundas-feiras da revista Contemporartes nesta coluna "Poesia Comovida". Motivos de ordem particular me impedem no momento de prosseguir esta prazeirosa tarefa. Por isto faremos uma breve despedida e esperamos poder nos encontrar em outras boas ocasiões, sempre que a poesia se fizer presente!
A coluna de poesia das segunda-feiras, entretanto, continuará sendo editada normalmente na revista, por alguém, ainda indefinido, que está sendo buscado pela nossa editora Ana Maria Dietrich. Esperamos e desejamos que o novo colunista possa reabastecer sempre o inícios de nossas semanas com um bom trago de poesia. O nome da coluna "Poesia Comovida", poderá ou não ser mantido pelo novo condutor desta coluna, que continuará fazendo parceria com a coluna "Uni.Versos" do poeta Geraldo Trombin.
Com a proposta de trazer "uma amostra significativa da poesia que está sendo feita hoje no Brasil", durante mais de um ano tentamos trazer a vocês um pouco de poesia para temperar as segundas-feiras. Um pouco da poesia contemporânea e que, em nossa opinião, tem um comprometimento com a vida e tem, como arte, o poder de tocar as pessoas; independentemente se esta poesia nasceu no banco de uma faculdade de letras ou num banco de praça. Esperamos ter sido comprendidos assim e agradecemos imensamente a participação e a presença de nossos leitores. Esta experiência, sinceramente, trouxe-nos um grande aprendizado e espero que o mesmo possa ter ocorrido também com vocês!
Sabemos que trabalhar com poesia não é, como pode parecer aos incautos, uma tarefa simples. Na verdade é algo quase quixotesco, visto que a grande maioria das pessoas considera a poesia desnecessária em suas vidas, e que um poeta normalmente só passa a ser considerado importante após a sua morte. Mesmo assim há milhares de pessoas trabalhando para manter esta poesia imortal e disponível àqueles que não abrem mão de viver com poesia. Acreditem, somos disto testemunhas.
Escrever sobre poesia e sobre poetas, ainda que o redator seja um poeta, também não é um trabalho fácil! Observe o que disse Mário Quintana: "Bem que eu gostaria de entender tanto de poesia como certos críticos, mas aí, então, não conseguiria fazer um único verso." Por isso gostaríamos também de pedir desculpas a vocês pelos tantos equívocos e omissões que possamos aqui ter cometido. Por exemplo, tantos bons poemas e poetas que não pudemos ainda trazer aqui! "Um poeta é apenas uma pessoa comum que tenta escrever poesia", poderíamos dizer: temos feito isto quase que toda a vida. Obrigado.
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O que Quintana Disse mais sobre Poesia:
- "O verdadeiro poeta faz poesia com as coisas mais simples e corriqueiras deste e de outros mundos."
- "Um belo poema é aquele que nos dá a impressão que está lendo a gente... E não a gente a ele!"
- "Não é o leitor que descobre o poeta, mas o poeta que descobre o leitor e o revela a si mesmo."
- "Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras."
- "É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez."
Falas de Mário Quintana, in: "Para Viver Com Poesia", ed. Globo - 2007.
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Poemas de Altair de Oliveira:
AO FIO DA MEADA
Queremos do mesmo sonho e não sabemos
buscar urgentes e unidos o mesmo prêmio
Que ponha fim ao cansaço que escadeira
e esclareça o real, tão obsceno!!!
O que castre o poder daqueles que atrofiam
e que desintegre as idéias que aprisionam
e que ponha à procura os que esperam...
Mas que faça encontrar os que procuram.
E que traga a colheita aos que cultivam
para que tudo entre todos se reparta
até que nas mesas fartas falte a fome...
e a vontade de rir assalte as caras.
Altair de Oliveira – In: “Curtaversagem ou Vice-versos”, ed. do autor - 1988.
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DISTÂNCIAS
Pudesse, eu seria doce
e, se desse, desde o começo
de sede, eu viesse cedo
relendo o seu endereço.
E fosse avesso do avesso,
azul do tanto que houvesse
ousasse um gesto de gesso
num beijo gosto de festa.
e nunca mais me esquecesse
feliz em todas as espécies...
Por mais que a vida nos perca
e a morte esperta nos pesque.
Altair de Oliveira – In: "O Embebedário Diverso", ed. do autor - 1996.
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AVE-PALAVRA
"Poesia é quando a palavra começa a mostrar as calcinhas!"
A palavra quase falava
Furtava cores da vida...
Se lida, sinalizava
Asas que usava escondida
Se escrita se descompunha
E se punha toda ostensiva
Flertando desinibida,
Expondo vários sentidos
Somente para despertar
A voz que quer ser servida
E voar na vez de ser vida
Rindo e mostrando as vergonhas
Vibrando em festa no ouvido!!!
Altair de Oliveira - In- "O Lento Alento", ed. do autor - 2008.
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FLERTE
Às vezes sinto que flagras
a festa que me promoves
quando teus olhos se movem
e, de repente, me afagam...
Se o teu perfume me traga
a minha boca te chove...
A minha alma se vende
ao fogo que me comove
e acende de onde estiver!
...
- O meu corpo todo te quer,
muher que muito me ascende!!!
Altair de Oliveira - In: "As Provisões Provisórias" ou "Fala Falha" - inédito.
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Para ler mais:
- Visite o blog de poemas do Altair de Oliveira:http://poetaaltairdeoliveira.blogspot.com/
- Matéria sobre o poeta: http://simultaneidades.blogspot.com/2009/09/em-destaque-altair-de-oliveira.html
- Entrevista com o poeta: http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2011/05/altair-de-oliveira-entrevista-n-318.html
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Ilustrações: 1- foto do poeta Altair de Oliveira; 2- foto do poeta Mário Quintana; 3- foto da capa do livro "Para Viver com Poesia", de Quintana; 4- "Moça na Janela", da pintora mineira Solange Guarda.
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Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve quinzenalmente às segundas-feiras no ContemporARTES a coluna "Poesia Comovida" e conta com participação eventual de colaboradores especiais.
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