No meio do caminho havia uma pedra...
Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, cronista e contista mineiro que possui em seus escritos certa graça e leveza. Foi um dos grandes nomes do período modernista no Brasil, fundando “A Revista” e participando de outros movimentos literários da época.
Com versos livres, ele sugere em sua escrita a libertação dos moldes fixos, e com essa proposta, vai além do próprio conceito modernista, do qual é taxado, já afirmaria o teórico Alfredo Bosi, que chega a comparar o artista com Fernando Pessoa, poeta português.
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra”.
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra”.
Carlos Drummond de Andrade já foi retratado tanto no cinema quanto na televisão. Na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, consta sua escultura que atrai muitos turistas. Sua obra poética soma mais de 20 livros, 10 antologias, e por volta de 18 obras em prosa.
O verso, não, ou sim o verso?
Eis-me perdido no Universo
do dizer, que, tímido, verso,
sabendo embora que o que lavra
só encontra meia palavra.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
Renato Dering é escritor, mestrando em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo graduado também em Letras (Português) pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou estágio como roteirista na TV UFG e em seu Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolveu pesquisa acerca da contística brasileira e roteirização fílmica. Atualmente também pesquisa a Literatura e Cultura de massa. É idealizador e administrador do site EFFI, que divulga o cinema e conteúdos audiovisuais. Contato: renatodering@gmail.com | @rdering
0 comentários:
Postar um comentário
Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.