segunda-feira, 23 de abril de 2012

DE OUTROS TEMPOS

  


AQUI UMA PEQUENA AMOSTRA
DOS MEUS TEMPOS IDOS.
DIRETO DO TÚNEL
DO MEU TEMPO!


NEOSALDINA, ASPIRINA E NOVALGINA

Dilatante
Latente
O sangue subindo
Pela cabeça
Ciba-Geigy dourando a pílula

Batente
Doente
Dormente
Enxaqueca persistente
Bayer direto na veia
Como agulha no palheiro

Dose
Overdose
Osmose
O mal me consumindo
Gota a gota
E eu sumindo
Enquanto Hoechst é apenas
Uma gota d’água no oceano

Dores e dolores
Que nem Neosaldina,
Aspirina e
Novalgina aliviam
Porque eu sou um paciente
Com sérias dificuldades
De engolir certas coisas.

( geraldo trombin - 30.01.1990)



DOMINGO NO QUARTO

Gil fez seu Domingo no Parque.
Na roda, José, Juliana, João.
Sorvete, espinho, uma canção,
No ritmo, compasso do coração.

Eu, meu Domingo no Quarto.
Cortina fechada para o mundo,
Poema-euforia, quase infarto.
Retrospectiva em um segundo.

A hora apressa, o dia passa,
Na janela, um triste retrato:
A vida, a raça, tudo às traças.
Uma rotina que já estou farto.

O presente assa,
Queima a carcaça.
Hoje, assim-assado,
Já virou passado.

Fogo, cinzas, estilhaço,
Queimando como mormaço.
O peito ardendo, inchaço.
Faca, o que é que eu faço.

Não dou um passo.
De novo, caio no laço.
A minha vez, repasso.
Deixo marca,
Marca-passo.
Mais um domingo
Sem cara de Sunday,
Mais um dia findo
Sem gosto de Sundae.

(Geraldo Trombin - 08.10.2000)


LIBERDADE NA PALMA DA MÃO


Liberdade não é dom.

É permanente permissão.
É o que vem de dentro como o som.

Não é apenas, num país distante, uma estátua.
É uma pequena ou grande espátula,
Espalmando, rastreando, sensibilizando.
É o nosso cérebro trabalhando, inventando.

Liberdade não é dom.
É um estado de espírito, de mutação.

É a mente se soltando, sem pretensão.

Não é apenas a derrubada de um muro ou muralha.
É levar ao chão preconceito que corta como fio de navalha.
Preconceito que, como sentimento, não se empalha.
É viver a vida sem qualquer represália.

Liberdade não é dom.

É a mais pura percepção.

A diferença entre sonho e desilusão.


Não é apenas uma forma de expressão.
É a plena libertação.
O nosso imaginário em ação.
O corpo em ebulição, vapor da emoção.

Liberdade não é dom.
É capturar da alegria, a cor, o tom.
É estampar na boca o sorriso como marca de batom.

Não é apenas o vento penteando a relva.
É, apesar de vivendo nesta infinita selva,
Assumir, ter o controle na mão,
Mesmo que remoto,
De toda forma de emoção.

(Geraldo Trombin - 14.08.2000)

Abraços Literários e até+.



23 comentários:

edweinels disse...

O ritmo de sua Poesia, Geraldo, vai conduzindo o leitor pelas maos. E, vale frisar, que o leitor estara sempre em otimas maos. Mais um show poetico. Parabens!

23 de abril de 2012 às 10:00
Blog do Piaia disse...

Sinceramente, não mudou nada no quesito talento. Já nasceu com ele.

23 de abril de 2012 às 10:08
geraldo trombin disse...

Valeu Ed, Valeu Piaia... Sempre apoiando, sempre presentes.
Abração

23 de abril de 2012 às 10:44
Anônimo disse...

Prezado Geraldo:
Parabéns novamente. Arrasou...
Um abração.
Marilene

23 de abril de 2012 às 11:32
Jussára C Godinho disse...

Parabéns, meu amigo Gera, sempre esbanjando talento...
Abração!
Ju

23 de abril de 2012 às 13:06
geraldo trombin disse...

Obrigado, Marilene e Ju...

E vamos seguindo... bjos

23 de abril de 2012 às 13:10
Sônia Barros disse...

Adorei conhecer seus "guardados" poéticos, Geraldo.
Parabéns!
Grande abraço.

23 de abril de 2012 às 13:28
geraldo trombin disse...

Oi, Sônia. Gostei do "guardados"... Bjos e boa semana.

23 de abril de 2012 às 14:02
anamauer disse...

Será que hoje consigo colocar meu comentário? Tentei inúmeras vezes e nada...
Parabéns meu amigo Ge, sempre nos oferecendo lindos escritos.
Bjão carinhoso,
Ana Isabel

23 de abril de 2012 às 14:43
geraldo trombin disse...

comentário do novo amigo João Batista Legnare:

"Se em um Domingo no Quarto, o ácido acetil salicílico e o fenildimetilpirazolonametilaminometansulfonatodesódio não conseguirem aliviar a dor de cabeça, o jeito será recorrer à cura através do método não fornecido pelas Ciba-Geigy, Hoescht e Bayer: a benzedeira! Parabéns pelos versos criativos!!!"

23 de abril de 2012 às 16:11
geraldo trombin disse...

Obrigado pelo carinho, Ana Isabel e José Legnare...
Abraços

23 de abril de 2012 às 16:12
Anônimo disse...

Gera.

Apesar do tempo, não houve perda de qualidade. Sua poesia não se importa com datas, vem de longe, é parte de algum misterioso DNA. Não tem sobras, reparos ou jeito. Melhor, jeito só tem um: continuar.

Deva

23 de abril de 2012 às 17:12
geraldo trombin disse...

ops... bacana, Deva... Sempre incentivando o de cá... abração

23 de abril de 2012 às 17:43
Maria disse...

MEU QUERIDO AMIGO POETA, SEMPRE ACRESCENTA MINHA ADMIRAÇÃO E CARINHO, JÁ FALEI QUE SOU FÃ INCONDICIONAL, MAS A CADA LEITURA ENCONTRO UMA CANÇÃO PERFEITA
E VOU NO EMBALO SEGUINDO O RITMO E CADÊNCIA DAS PALAVRAS, QUE LAÇAM E ENLAÇAM AO RITMO DOS VERSOS CHEGANDO ENVOLVENTE AO CORAÇÃO. ÉS ÚNICO. BEIJOS

23 de abril de 2012 às 18:23
geraldo trombin disse...

Obrigado, Maria... por tamanhas palavras... bjos

23 de abril de 2012 às 21:59
Dema disse...

O cara ja era bom, só que ainda não sabia.

24 de abril de 2012 às 11:58
geraldo trombin disse...

ehhh... menos, Dema! Menos... Gracias e abração.

24 de abril de 2012 às 15:48
Cris Dakinis disse...

Gera, meu querido amigo, mais uma vez espetacular! O passado retratado nos dois primeiros poemas (ÔOO da socapa!... haha). Como boa sagitariana que sou, adorei o da Liberdade na Palma da Mão tb...!
Parabéns e sucesso sempre!
bjbj!
Cris :)

24 de abril de 2012 às 16:26
geraldo trombin disse...

Ôoooo da socapa, gracias e bjos...

24 de abril de 2012 às 17:57
geraldo trombin disse...

mensagem do amigo Mario Bonzani:

Porra Sr Geraldo, esses escritos... me fez lembrar Manuel Bandeira, só que com mais otimismo, afinal lidar com a saúde e ainda brincar com fármacos não é pra qualquer um. O interessante é saber que na vida tudo passa, mas os registros não. Talvez a escrita consiga isso, nos eternizar, nos faz descobrir o quão efêmera pode ser a nossa própria existência. Bons tempos. Mario.

25 de abril de 2012 às 19:40
artes e literatura disse...

Maravilhoso, Geraldo. A musicalidade presente nos versos. Amei todos, principalmente o primeiro, parece eu rsrsrs. Parabéns, amigo! beijos e meu carinho, Aninha

26 de abril de 2012 às 00:14
geraldo trombin disse...

Obrigado Aninha pelas palavras e também por visitar a coluna... bjos

26 de abril de 2012 às 08:04
geraldo trombin disse...

comentário do amigo jornalista e també escritor Roberto Antonio Fava:

Geraldo, meu caro, não há o que falar do seus textos: inteligentes, sutis e, com poucas palavras, vc. diz um belo punhado de belas coisas. Abraços, Fava

29 de abril de 2012 às 09:30

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.