MEAT AMERICA, A FOTOGRAFIA NUA E CRUA
"De tudo o que os seres humanos têm em comum, o mais comum é que precisam comer e beber. E é singular que este seja o elemento mais egoísta, que é por sinal o mais imprescindível e imediatamente restrito ao indivíduo. Já o que se pensa, pode-se dar a conhecer a outros; o que se vê, pode-se deixar que outros vejam; o que se fala, centenas podem escutar, mas o que se come não pode, de modo algum, ser igualmente comido por outro." (Georg Simmel, Sociologia da Comida)
A comida é também um dos principais fatores que caracterizam uma sociedade, o que revelam a identidade e a cultura de um povo. É por onde correm as tradições, as histórias e, mais, é um dos meios pelos quais encontramos todo o contexto necessário para entender um quadro social. Por isso, a comida, combinada com a arte conceitual é um poderoso elemento para conduzir o público a uma certa mensagem. E foi exatamente isso que fez o fotógrafo americano Dominic Episcopo.
A comida é também um dos principais fatores que caracterizam uma sociedade, o que revelam a identidade e a cultura de um povo. É por onde correm as tradições, as histórias e, mais, é um dos meios pelos quais encontramos todo o contexto necessário para entender um quadro social. Por isso, a comida, combinada com a arte conceitual é um poderoso elemento para conduzir o público a uma certa mensagem. E foi exatamente isso que fez o fotógrafo americano Dominic Episcopo.
Dominic Episcopo é um dos fotógrafos mais conceituados da Filadélfia. Sua carreira se estende por mais de 20 anos de experiência, durante a qual ele construiu uma reputação em vários mercados importantes por ser igualmente profissional e criativo. Dominic estudou na Universidade de Artes, onde obteve o diploma em fotografia. Seu interesse pela arte da fotografia foi despertado inicialmente pela música, principalmente pelo imaginário edgy utilizado em publicações como a Revista Rolling Stone.
Com facas afiadas, pedaços de carne, criatividade e um bom equipamento fotográfico, ele criou a série “Meat America” – uma alusão a várias situações que dão margem para questionamentos relevantes dentro da sociedade americana. É uma metáfora provocante e original que, por meio da fotografia, conversa com o público na intenção de abrir os olhos de pessoas com artérias sociais fechadas.
Mas “Meat America” vai além de uma sarcástica imagem da sociedade, mostrando pontos de vista diversificados com um humor bem cru, por assim dizer.
A série também celebra a cultura pop americana, amante voraz da carne. Os Estados Unidos são líderes em produção de carne bovina, representando 21% do total mundial, e estão em quarto lugar no ranking de maior rebanho. Além disso, são líderes mundiais de consumo. Por isso os bifes cortados em forma de estados e ícones americanos como Elvis, Abraham Lincoln, Ben Franklin e a marca Nike.
A série virou um livro fotografia e é indispensável para quem quer conhecer a fundo a verdadeira sociedade do consumo desenfreado. O nome faz um inteligente e propositado trocadilho com o verbo conhecer em inglês,“meet”. "Meat America" pode representar o pior lado da sociedade americana, mas também representa o orgulho americano pelo próprio estilo de vida.
Fonte: Obvius.
Izabel Liviski é Fotógrafa e Professora de Sociologia, disciplina em que é Doutoranda pela UFPR. Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e da Cultura, e Linguagens Visuais. Escreve a coluna INCONTROS quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.
ah, é também vegetariana...
3 comentários:
Muito interessante Bel, gostei muito das fotos “Elvis” e a da “frigideira com os ovos e bacon” pois retratam com humor a cultura da sociedade em que ele vive. Como é comum em sua coluna, as matérias possibilitam uma reflexão sobre os mais variados temas.
21 de junho de 2012 às 15:06Grata,
Beijos,
Mônica
Adorei as fotos e o artigo, seu trabalho sempre me encanta... parabens
22 de junho de 2012 às 18:59Desta vez me ocorreu uma sensação estranha, pois as imagens me lembraram que bem poderia haver pedaços humanos em algumas fotos. O canibalismo (não aquele literário) está ficando moda e isso também mostra a "sombra" de uma humanidade que está chegando ao pior de seus limites.
28 de junho de 2012 às 17:41Desculpe o comentário de mau gosto, mas me pareceu no contexto.
PUCCI
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