domingo, 19 de agosto de 2012

Poesias de daufen Bach.

         



I_
os jardins estão espremidos entre o perfume
                                                 e a existência.
no fundo do tempo uma primavera esquecida
                                                                  &
os dedos animais de éter, músculos e ossos
a se contorcerem .

nas ladeiras encobertas de espumas,
uma doçura horrível, melancólica, reluz uma paisagem
                                                   contínua de saudades
que se interpõe à vida e o silêncio compacto de um retrato
devastado por uma alegria que muda de cor.

tento durar pelo tempo, acender para a imortalidade
                                                  de um momento.
enquanto engulo uma drágea de minha Lyrica pela manhã,
enganando minha lúcida epilepsia

antidepressiva Lyrica, falsas portas de uma paz extinta
do sonho que se volatizou numa chama única
fundindo o ardido de teus olhos nas lágrimas
que sempre descem pelo vazio dos dias e das noites.
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II_
um exercício, esse, o de ser silencioso
e encontrar na ironia irreprimível
a doçura do segredo
e nas chuvas, nas últimas chuvas,
onde o azul do céu é mais azul,
sonhar pelos meses e cair das alturas
onde as palavras são trevas inocentes.
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III_
digamos que nos jardins das tulipas
ficou na memória, oculto,
                    o entusiasmo do mundo
e uma clareira se fez ao lado da fonte.

digamos a nós mesmos, digamos,
que os nossos pés acostumados a orvalho
                                                    relva
                                                         &
ao caminhar tranquilo da sombra
protegeram-se das pedras e absorveram
essa melancolia perene que não se extingue...

(no sono de olhos abertos, a musa segue
curvando-se sobre os arcos de flores).



 daufen bach. Escritor, poeta  e editor da revista literária Biografia. Nasceu no inverno de 1973, numa casinha humilde no pé de uma serra, num lugarejo denominado Romeópolis no município de Ivaiporã, interior do Estado do Paraná-Brasil. É o primeiro filho de uma família agricultora de 6 irmãos. Exerceu durante muito tempo atividades “rudes”. Foi agricultor, peão, carregador de caminhão e servente de pedreiro...  Sempre estudou em escola pública e escreve desde os 12 anos.  Sua obra é amplamente conhecida através meio virtual, alcançando mais de 50 países, tendo, inclusive, textos traduzidos para o espanhol, italiano, búlgaro e francês.



A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.

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