domingo, 11 de novembro de 2012

A Estória e o Poeta

          


Esta é a história de Estória, uma história que não tinha sido, mas sempre quis ser. Ela nasceu na cabeça de um escritor que não tinha leitores nem tampouco admiradores. Não é possível estimar a idade de Estória, pois nem seu criador tem estes cálculos, o que ele sabe é que há muito tempo queria dar a ela uma vida. Até então, Estória era um mero embrião. O escritor se chamava Poeta, mas nem assim conseguia espalhar sua escrita, nem por isso era frustrado.
Poeta não sabia o motivo, mas só era capaz de escrever poesias. Talvez seu nome fosse um carma, mas esta ideia logo foi descartada, Poeta não acreditava em carma, ressurreição ou qualquer carga que fosse carregada pra outra vida. Não sabia nem se possuía de fato, esta vida que vivia.
O grande problema de Estória era que seu criador não conseguia escrever uma história, uma crônica, nem mesmo um conto sequer. Tudo que Poeta escrevia era poesia, e Estória não tinha o menor orgulho de seus “irmãos” com rimas, afinal o que tem de belo numa poesia? Achava que bonitas eram as folhas recheadas de letras, uma história de verdade. Mas o problema ainda não era esse...
Para que Estória recheasse as páginas brancas de um livro, era preciso ser e ela não era. Pelo menos ainda não. Poeta apenas teve a ideia de criar uma história, mas não teve a ideia de qual história criar. Achava que tinha perdido a habilidade de escrever em prosa, como fazia nas redações da escola, aliás, de onde saíram suas melhores notas. A confusão de Poeta deixava Estória furiosa. Ora, se não sabia o que fazer com ela, porque a criara? Ele respondia com a mesma sinceridade com que era perguntado, “as ideias nos atingem sem aviso, e em boa parte das vezes, passam tão rápido que não vemos nem a cor!”. Mas na verdade ele tinha visto a cor, só não lembrava qual era.
Determinado á dar uma história para Estória, Poeta sentou-se em frente ao computador e apesar de adorar a caneta e o papel, digitar era mais rápido do que escrever, portanto poderia pegar a ideia quando ela passasse em sua mente/frente. Do outro lado de sua cabeça (o lado de dentro), Estória começava a questionar sua existência e principalmente seu criador. Tentou buscar outras histórias, perdidas como ela, para que pudessem se unir e se rebelar contra Poeta. Poeta não pensava que a criara, mas que era apenas seu causador. Uma história há de se encaixar na forma de Estória, mas o tempo passava e lá nos confins de sua cabeça, Estória , já acompanhada de outras perdidas, armava uma cilada. Uma revolução armada em busca da história tão esperada.
A esta altura, Poeta não sabia o que fazer, a pressão definitivamente não o ajudava a escrever, e  além do que, julgava-se inocente e pensou que Estória poderia ser mais paciente, aguardar a inspiração chegar até ele e então lhe daria uma vida. Mas os planos eram outros. Descobriu que havia dezenas, talvez centenas de estórias inacabadas, de ideias indecisas com datas imprecisas, enfim...sua mente agora era uma confusão organizada, a revolução estava preparada e explodiria a qualquer segundo. Poeta suava frio e pensava numa resposta para todas aquelas estórias, mas o barulho dos protestos impedia seus pensamentos e por este motivo não conseguia construir argumentos concretos que convencessem o grupo revoltado a reverem seus conceitos.
As exigências eram claras, todos ali dentro queriam ideias novas e diferentes para que continuassem vivas. Estória, líder do movimento pedia insistentemente uma solução, ou no mínimo uma retratação de Poeta que ousou ter algumas ideias sem fim e por isso tinha os deixado assim...estórias sem forma, enfim...monstros disformes que o questionavam agora. Era necessário um fim, Poeta sabia muito bem disso, mas as conclusões não apareciam, as repostas não existiam, ou não podiam ser vistas de onde estava, precisava de um lugar sereno. Pensou nalguma ilha que pudesse existir em sua mente, alguma trilha que o levasse ao mundo das histórias novas e finitas, mas sentiu-se impotente diante do horizonte á sua frente. Decidiu pela rendição. Os manifestantes tomariam conta de sua mente. Seria assim, infelizmente.
Quando soube do acontecido, quando esta ideia passou pela cabeça de Poeta, Estória teve um estalo de sabedoria e pediu uma reunião em sigilo. Conseguiu. Frente á frente, criador e criatura, as coisas começaram a caminhar. Estória contou que já se sentia viva, e assim como as outras agora tinha uma história, houve uma epifania coletiva.
As ideias agora, estavam unidas por uma única e intensa história. Era sobre um escritor chamado Poeta que escrevia muita poesia e pouca prosa até que um conflito fez com que escrevesse a melhor história já escrita, sobre uma história que não era...mas agora tinha se tornado viva e preencheu todas estas linhas. Poeta e Estória fizeram história na literatura e juntos construíram novas, vivas, ricas e fictícias vidas...todas dentro de uma única cabeça. A cabeça de Poeta!

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O ciclo interminável da corrupção

O governo impõe impostos
e ainda dispõe de votos
para continuar impondo modos
de modo que o povo vota
para pôr sua própria desgraça em voga
vagando como uma massa disforme
que pede, leva  porrada e absorve
enquanto os claros culpados, absolve...
A impostura das pessoas
revela sua própria culpa
e propõe que o esquema continue
O sistema diminui o cidadão
e aumenta gradualmente a corrupção
o homem se corrompe e então
vota novamente naquele
que vagamente pensa na população
e que na verdade sofre de vaidade
o que me faz supor
que sua riqueza é miserável
e perpetua o ciclo interminável
de um governo impostor.
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De autoria desconhecida

Sou um autor
desconhecido
Escrevo meus poemas
aos gritos
para que todos
saibam meus conflitos
E que isso
faça com que reflitam
pois a poesia
É um exercício
Da filosofia
que eu respiro
e que está viva
nos meus escritos
Espero no mínimo
que arranque um suspiro
de quem lê este livro.
Será um prazer
ter em ti, mais um amigo.

(á proposito, me chamo Vinícius)





Vinícius Henrique Masutti é natural de Pato Branco, Paraná, Brasil. Mas é uma espécie de nômade, pois já viveu no Mato Grosso do Sul e hoje faz seus versos em Cuiabá, Mato Grosso. Lá faz um trabalho de garimpo poético, redescobrindo os poetas daquela terra. Escreve artigos para o jornal "Diário de Cuiabá", o mais antigo do estado. Estuda Filosofia na Universidade Federal do Mato Grosso, porque como gosta de afirmar,  "Filosofia é poesia porque poesia é reflexão". Vinícius pratica poesia e filosofia.

A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.

3 comentários:

Unknown disse...

Bacana Vinicius, tem que visitar Roo meu camarada !

11 de novembro de 2012 às 23:48
adriana maria damo disse...

Adorei!!Sinta-se aplaudido em pé por mim e por todos aqueles que vibram com uma leitura inteligente.....Parabéns por mais essa conquista!!!!

12 de novembro de 2012 às 08:31
Lucas Vitorio disse...

Excelente. Essa cabeça de poeta...

12 de novembro de 2012 às 19:08

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