quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Economia solidária e veganismo



Na última sexta-feira, aconteceu uma oficina do Programa Memória dos Paladares com o título "Economia Solidária e Veganismo". A ideia foi discutir a opção de muitas pessoas de optarem pelo vegetarianismo e Veganismo. A oficina aconteceu na UFABC, campus Santo André, no Laboratório-cozinha do Programa.
Por meio de uma roda de discussão, chamado pelos integrantes como "Caldeirão das Memórias", os participantes conheceram um pouco mais da história do veganismo e também explicaram como se deu a transição entre nossa cultura alimentar, que valoriza bastante a carne vermelha, para uma cultura alimentar baseada na opção não só de não se comer carne, mas também seus derivados, ovos, leites, etc. Segundo os participantes, isso foi uma escolha racional, afinal, o sistema montado para a criação e matança de animais é extremamente cruel. O crescimento da população mundial foi um dos fatores citados para se optar pelos vegetais. A criação de gado e outros tipos de animais consome uma grande energia, além de prejudicar o solo dedicados a esse tipo de atividade.
Do ponto de vista da economia solidária, iniciativas como a Casa da Lagartixa Preta, uma espécie de Cooperativa, estabelecida em Santo André, que possui uma horta agroecológica e elabora diversas atividades com o objetivo de promover a colaboração e repensar práticas que agridam o Planeta.
Na segunda parte da oficina, os participantes recitaram músicas e poemas que tinham relação com os alimentos. Percebeu-se uma grande produção musical onde o verbo comer, beber, devorar tem uma conotação metafórica, podendo significar o desejo, a necessidade humana.
O Laboratório-cozinha do Programa Memória dos Paladares continua aberto e pretende, em 2013, continuar com tais iniciativas para refletir sobre práticas alimentares e promover performances artísticas e culturais.
Abaixo, curiosidades sobre o veganismo/ vegetarianismo:






E entre as músicas declamadas, estava essa abaixo (trecho) em que o próprio gosto do amante permanece como sensação, mudando com o decorrer do tempo de amargo para salgado e finalmente doce, em uma contemplação sinestésica dos sentimentos de paixão e desejo expressos pelo sentido do paladar:


Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão.
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que a tua correnteza não tem direção.


(Daniel Na Cova Dos Leões / Legião Urbana)



SAIBA MAIS
Sobre a Casa da Lagartixa Preta:

A Casa da Lagartixa Preta “Malagueña Salerosa” é um laboratório para nossas práticas e nossos conhecimentos; para desenvolver o que acreditamos ser importante para uma vida autônoma coletiva e para a transformação da sociedade em que vivemos, na medida em que compreendemos que a transformação coletiva e individual não ocorre separadamente, mas são partes complementares entre si.
A Casa é também um espaço de fortalecimento de relações de amizade, onde há a abertura para troca com outros coletivos e indivíduos, um espaço para expor ideias e práticas do coletivo e de outr@s companheir@s que acabam não tendo espaço em outros lugares. Um espaço para experimentar e difundir essa quebra da lógica da nossa cultura não só no meio libertário, mas no bairro, nas nossas famílias, amigos não-ativistas ou militantes e tantos outros.

Outro fator importante de ter um espaço como esse é a aliança com outros grupos. Assim como temos o nosso laboratório e nossa prática, outros grupos também se colocam na construção do seu e, dessa maneira, a troca fica mais palpável, mais prática e mais real. Criando a rede de trocas autônomas e independentes mais rica e mais forte, onde podemos ficar nos outros espaços-laboratório e trocar conhecimentos práticos e receber outros na Casa da Lagartixa para o mesmo fim, fortalecendo nossos laços, nosso conhecimento, nossa prática e nossa autonomia.

Na Casa da Lagartixa Preta...

Tem uma Horta agroecológica. Onde antes havia terra com muito entulho, hoje tem muitas ervas medicinais, temperos, bananeiras, mamoeiro, goiabeira, feijão, milho, couve, hortaliças e muitas plantas espontâneas com as quais sempre aprendemos algo novo.
Tem uma biblioteca onde pretendemos realizar tanto curso de línguas quanto grupo de estudos mais políticos, tudo aberto a qualquer pessoa interessada.
Coletamos água da chuva e usamos para regar a horta e dar descarga no banheiro.
Tratamos a água da pia da cozinha, desviando o cano de saída para um círculo de bananeiras na horta.
Construimos um galpão para guardar todas as ferramentas e o banco de sementes. 

A Casa é autogerida pelo coletivo Ativismo ABC. De acordo com nossos princípios, o aluguel é pago com a realização de uma festa mensal, com as doações de gente que apóia o espaço e com contribuições voluntárias de pessoas que participam do coletivo. Nossas decisões são tomadas por meio do consenso, dando espaço para o erro e o acerto.
Dessa forma nos propomos a construir um outro mundo possível lado a lado a outros grupos e espaços, sejam eles anarquistas, camponeses, moradores do bairro e qualquer outro e outra que acredita ser necessária uma mudança social mais profunda.


Visite a Casa:

Rua Alcides de Queirós, nº 161, Bairro Casa Branca,

Santo André/SP. CEP 09015-550






















Ana Maria Dietrich é coordenadora da Contemporartes- Revista de Artes e Humanidades.

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