quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A ANTROPOMORFIZAÇÃO DE FRANÇOIS ROBERT



Através de suas fotos, Francois Robert nos leva a imaginar diferentes padrões de rostos de maneira lúdica. Fotografando diversos objetos, Francois consegue fazer com que nossas mentes estimulem a interação com as imagens, encontrando sempre um rosto diferente. Já houve , tempos atrás, até uma comunidade no Orkut , chamada “Eu vejo rosto onde não tem” que possuía membros que basicamente enxergavam rostos e faces de pessoas em objetos comuns do dia-a-dia.
Esse fenômeno chama-se pareidolia, para os psicólogos, e envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. É comum ver imagens que parecem ter significado em nuvens, montanhas, solos rochosos, florestas, líquidos, janelas embaçadas e outros tantos objetos e lugares. Ela também acontece com sons, sendo comum em músicas tocadas ao contrário, como se dissessem algo. A palavra pareidolia vem do grego para, que é junto de ou ao lado de, e eidolon, imagem, figura ou forma.



Em situações simples e ordinárias, este fenômeno fornece explicações para muitas ilusões criadas pelo cérebro, por exemplo, discos voadores, monstros, fantasmas, mensagens
gravadas ao contrário em músicas entre outros. O fenômeno psíquico, diante de uma figura com dados aleatórios, pode variar segundo o ângulo do observador. Para uma criança, por exemplo, uma figura notada talvez possua formas que tragam à lembrança animais de estimação, personagens de desenhos animados ou qualquer outra coisa condizente com a faixa etária de compreensão sobre coisas. Para uma pessoa com uma faixa etária superior, a mesma figura assume formas diferentes conforme a capacidade criativa de associação de formas.


Dependendo das figuras observadas, podem assumir um aspecto muito subjetivo que varia de observador para observador ao passo que outras mais claramente nítidas, possuem uma mesma interpretação ótica em comum entre vários observadores. Portanto, muito tem que ver com a condição psicológica de cada observador, do que se passa em sua mente.


Voltando ao nosso fotógrafo, ele retratou na série Faces essa nossa surpreendente capacidade cerebral de formar rostos em objetos comuns. Reconhecendo olhos, bocas e narizes em detalhes de ferramentas, tomadas ou até casas, levando a nossa imaginação a atribuir uma personalidade humana a estes objetos.


Todo mundo, alguma vez na vida, já observou pessoas imaginárias surgindo enquanto olhava para as nuvens. Ou de quantos rostos apareceram numa simples caixa de ferramentas. Eu mesma faço sempre isso, já vi até figuras animadas em azulejos de banheiro, com movimentos, conversas e tudo o mais!


Francois recorda bem o primeiro rosto que viu, era um cadeado, em 1977. Desde então, dedicou-se a registar todos os que encontrava: sorridentes, enigmáticos ou até tristes. O fotógrafo captou este mundo das expressões emocionais formadas pela nossa imaginação, pormenorizando a forma surpreendente como se associa caras humanas a estes objetos. E a verdade é que surgem, como por magia, por toda a parte: estão em casas, ferramentas, tomadas, esfregão ou sapatos.



No livro Face to Face  reuniu mais de 150 fotografias deste projeto. A edição obteve tal êxito que acabou por esgotar e levar a uma nova publicação - Faces da Chronicle Books. Desde 2004, estas imagens já passaram também por várias exposições na Suiça, Alemanha e Holanda. Veja abaixo, mais algumas dessas faces curiosas, captadas pelo fotógrafo:











O fotógrafo François Robert, nascido em La Chaux-de-Fonds, Suíça, é conhecido por seu trabalho comercial. Sua fotografia fine-art é igualmente provocativa e abrange uma ampla gama de assuntos, desde impressões de transferência evocativas Polaroid, fotografias de viagens, e naturezas-mortas. Entre as publicações de Robert estão:  GRAPHIS (artigo) de 1979, antes e depois  o livro 1981, UM DIA NA VIDA DA AMÉRICA (1986), A COR DA MODA (1992), Communication Arts (artigo) de 1988 e GRAPHIS 335, Outono de 2001. Seu livro mais famoso e que foi amplamente vendido na Europa e os EUA foi FACES publicado pela Chronicle Books. Seu livro mais recente é CRUZES publicados pela Graphis. Alguns dos clientes de Robert incluem Crate & Barrel, Coca-Cola, Chicago Board of Trade, a BP, a Sappi papel, Bentley Prince Street, Herman Miller, a Polaroid Corporation, Western Union e Yale Medical School. Francois estudou design gráfico, e atualmente vive nos Estados Unidos.



Fonte: Obvius.






Izabel Liviski é Fotógrafa e doutoranda em Sociologia pela UFPR.
Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem, participa do  Grupo de Estudos de Gênero da mesma universidade.
Escreve a Coluna Incontros, quinzenalmente, às quintas-feiras na Revista Contemporartes.















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