Luz, câmera e ação
Hoje, véspera de natal, vamos falar de poesia... mas a poesia que nasceu nas grandes telas. Passearemos pelo nascimento das imagens cinematográficas e seus inventores.
A data é 28 de dezembro de 1895 e o lugar é o Salão Indiano do Gran Café, nº 14 do Boulevard des Capucines, em Paris. Neste dia 33 espectadores puderam assistir, pasmos, às primeiras projeções de imagens realizadas pelos irmãos Lumière: um trem que a estação chegava. França, o berço de diversos outros movimentos, contribuiu também, ao fim do século XIX, com o que hoje conhecemos como Cinema. É evidente que se formos buscar uma origem precisa, assim como todos os inventos, temos em inúmeras partes do mundo e diferentes tempos, inventores e estudiosos que já se detinham desta busca pela projeção de imagens em movimento. Um ano antes dos Lumière, Thomas A. Edson, nos EUA, inventou o Kinetoscope, era uma caixa com cerca de 15 metros de filme, que girava em alguns tambores. Uma pessoa olhando por um pequeno orifício poderia ver as imagens em movimento que ali apareciam.
Contudo, Edson, acreditando que seria algo passageiro, não patenteou o invento, economizou cerca de R$ 300,00 (com referências atuais) necessários para os direitos internacionais. (Temos aqui um claro exemplo da importância de se ter os direitos sobre o que você produz) Dois anos depois, Edson tomou ciência da importância do feito e continuou a invenção. No que se refere a narrativa do cinema, foi George Méliès o primeiro a tomar frente de um cinema que, não apenas mostrou o cotidiano, mas inovando e incrementando com histórias, o primeiro que se tem notícias.
Com os irmãos Lumière o cinema encontrou sua forma de captar imagens em movimentos e trazer isso pra realidade, enquanto com Méliès, o cinema se viu diante sua vocação, tornar sonhos em realidade. Foi este que levou ao público as primeiras projeções em que as pessoas podiam sonhar em ir a Lua, por exemplo, (Le Voyage dans la lune - Viagem à Lua, 1902). Imaginem que aqui temos uma realidade no fim do século XIX, assim, seria o mesmo se comparássemos nossa realidade (século XXI) com carros voadores que pudéssemos comprar com mais acessibilidade.
Foi com esse alvoroço que as salas de cinema; com um pianista, um projetor e um narrador; começavam a ter mais frequentadores. “Viagem à Lua”, narra a história de 5 astrônomos que vão à Lua e são capturados por selenitas. A história do filme de Méliès foi baseada em um livro de Jules Verne (1828-1905), um escritor francês considerado o precursor do gênero ficção científica. Nessa simples história, Méliès inclui o imaginário, e começa a desenvolver técnicas de cinema que até hoje são utilizadas: fusão, sobreposição, exposição múltipla de imagens… Evidente que esses recursos foram se aperfeiçoando ao longo dos tempos e hoje conhecemos o cinema tal como ele é.
Deixo vocês com o curta-metragem de Meliès, desejando a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações! Nos vemos em breve!
Renato Dering é escritor, mestre em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo graduado também em Letras pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como Professor em Literatura pela Universidade Federal de Goiás - Campus Jataí. Desenvolve pesquisas na área de Literatura e Cultura, Contística, Literatura Brasileira Contemporânea e Cinema.
Contato: renatodering@gmail.com
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