... SÓ O ROSTO É INDECENTE ...
Só o rosto é indecente, do pescoço pra
baixo poderíamos andar nus
Pós-moderna,
pós-dramática ou performativa, a proposta com Falsos Pudores é a de se aproximar daquilo que o Lehmann chamou de
“o teatro no ponto do desaparecimento”, espécie de movimento dos anos 80 e 90
que não pensava mais o teatro como a realização de um grande ato, num grande
palco, mas que continuava, mesmo assim, sendo teatro.
Durante o
processo investigativo, um encontro e várias inquietações. As inquietações
davam conta da discussão acerca dos procedimentos teatrais, da fusão dos
elementos significantes, do desinteresse pela complexidade psicológica da
personagem ficcional e a potencialização das relações entre ator e personagens,
entre personagens e linguagens. Dava conta do deslocamento da hegemonia da
escrita, da revisão do papel preponderante do texto na construção do espetáculo
ocidental-brasileiro-baiano e passando a tomá-lo como um suporte de maior flexibilidade.
Experimentações bastante diferentes do que havia feito em meus últimos
trabalhos como em Salmo 91 e mesmo em
A Alma encanatadora do Beco. E isso é
fascinanate no teatro, essa capacidade de deslocamentos, de trânsitos nas
esperimentações estéticas.
O encontro
deu-se para uma visita à obra de Nelson Rodrigues, afinamos olhares e
perspectivas, lemos, vimos e cantamos um universo que se descortinava de
maneira transversal e interdisciplinar, como tinha que ter sido.
Falsos Pudores, que ficou em cartaz em
Salvador até o último domingo, na Casa Preta, nasceu assim, mestiço, híbrido, enviesado. Uma dramaturgia não apenas
textual, mas cênica, intertextual, citacional, inorgânica – para pensar com
Burger; e performativa – para pensar com Féral.
O texto é curto,
mas as imagens não, que são da Izabella Valverde e da Jô Stella.
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