terça-feira, 11 de dezembro de 2012

... SÓ O ROSTO É INDECENTE ...

Só o rosto é indecente, do pescoço pra baixo poderíamos andar nus
Pós-moderna, pós-dramática ou performativa, a proposta com Falsos Pudores é a de se aproximar daquilo que o Lehmann chamou de “o teatro no ponto do desaparecimento”, espécie de movimento dos anos 80 e 90 que não pensava mais o teatro como a realização de um grande ato, num grande palco, mas que continuava, mesmo assim, sendo teatro.
Durante o processo investigativo, um encontro e várias inquietações. As inquietações davam conta da discussão acerca dos procedimentos teatrais, da fusão dos elementos significantes, do desinteresse pela complexidade psicológica da personagem ficcional e a potencialização das relações entre ator e personagens, entre personagens e linguagens. Dava conta do deslocamento da hegemonia da escrita, da revisão do papel preponderante do texto na construção do espetáculo ocidental-brasileiro-baiano e passando a tomá-lo como  um suporte de maior flexibilidade. Experimentações bastante diferentes do que havia feito em meus últimos trabalhos como em Salmo 91 e mesmo em A Alma encanatadora do Beco. E isso é fascinanate no teatro, essa capacidade de deslocamentos, de trânsitos nas esperimentações estéticas.
O encontro deu-se para uma visita à obra de Nelson Rodrigues, afinamos olhares e perspectivas, lemos, vimos e cantamos um universo que se descortinava de maneira transversal e interdisciplinar, como tinha que ter sido.
Falsos Pudores, que ficou em cartaz em Salvador até o último domingo, na Casa Preta, nasceu assim, mestiço, híbrido, enviesado. Uma dramaturgia não apenas textual, mas cênica, intertextual, citacional, inorgânica – para pensar com Burger; e performativa – para pensar com Féral.
O texto é curto, mas as imagens não, que são da Izabella Valverde e da Jô Stella.
Djalma Thürler é um artista multidisciplinar.

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