sábado, 29 de dezembro de 2012

TV 2.0



A coluna Drops Cultural recebe a colaboração do repórter Felipe Menicucci refletindo sobre a relação entre as mídias sociais e a televisão. 

Hoje, o ato de sentar no sofá, pegar o controle remoto e ligar a TV não vem sozinho. A cada zapeada na programação, o perfil nas redes sociais é sempre atualizado. A necessidade de assistir está acompanhada da vontade de comentar.

Uma pesquisa internacional, feita em 40 países, mostra que 62% das pessoas estão conectadas enquanto assistem à TV. No Brasil, esse índice ultrapassa a média e chega a 73%. Entre os assuntos mais comentados, as novelas, programas de TV aberta e seriados ocupam os primeiros lugares. Esses dados indicam que mudamos a forma como nos relacionamos com a TV. Ao invés de meros espectadores, queremos participar, mudar o final do capítulo ou ser compartilhado por mais pessoas.

Sabendo desse novo filão, as emissoras não deixam barato. Muitos programas de entretenimento permitem a participação ao vivo via twitter. No jornalismo, a participação do telespectador ajuda na elaboração de pautas e sugestão de temas. Os famosos “povo-fala” hoje são feitos pela internet. Comunidades e grupos no facebook ajudam jornalistas em busca de fontes. A parceria informal entre jornalista e telespectador cria um novo vínculo com o telejornal: a partir do momento em que você ajuda a produzir o conteúdo, fideliza a audiência.

Se a internet complementa a forma como a TV se organiza, um mérito é dado exclusivamente aos fenômenos virtuais: a notícia mudou de formato. Novidades, fatos inéditos são repassados, primeiramente, nos 140 caracteres. Depois, passam na telinha. A agilidade da internet forçou a TV a ser mais reflexiva. Por exemplo: do twitter vem a notícia de um acidente de carro. Na TV, mais tarde, a apuração detalhada: o trecho da pista é o mais perigoso, falta sinalização, o asfalto é ruim e a prefeitura não reforma há anos.  

Se os livros estão em risco, como dizem, essa é uma preocupação que a TV não precisa ter. Muito pelo contrário. Enquanto muita gente investe nas telas com muitas polegadas, outros se dão por satisfeito com uma antena no celular e um pacote de dados 3G. O suficiente para uma curtida instantânea.   


Felipe Menicucci é bacharel em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é repórter da TV Integração, afiliada da Rede Globo. 

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