sexta-feira, 2 de maio de 2014

A GAPAC E OS DESAFIOS DE UMA CIDADE...



Chega um momento na vida profissional em que sentimos a necessidade de mudar os rumos de nossa carreira. Pode ser para ganhar mais, encarar outros desafios ou perseguir nossos objetivos. Foi assim, que em 1997 a trajetória de uma representante comercial mudou, para assumir um trabalho voluntário a fim de cuidar de doentes de AIDS.

Tudo isso aconteceu na cidade de Castilho, com apenas 14 mil habitantes na época e hoje com mais ou menos 18.200 habitantes. Esta cidade fica no Noroeste Paulista/SP divisa com Mato Grosso do Sul, e é minha cidade natal.

Cidade de Castilho, SP.

Há 17 anos mudei de rumo em pról de vidas, e às vezes me vejo perguntando, porque fiz tudo isso, numa cidade pacata e muito preconceituosa igual a tantas cidades do Brasil. No dia 15/07/1997 fundei o GAPAC- Grupo de Apoio e Prevenção a AIDS de Castilho, a princípio o objetivo da entidade era apenas o de cuidar de doentes de AIDS  e  portadores do vírus HIV.


Manifestação no centro da cidade de Castilho, SP.
Mas no início esse objetivo não pode ser cumprido, devido à uma rejeição muito grande, até mesmo por parte dos doentes, pois eles não queriam revelar que eram portadores do vírus. Ingenuidade minha, quase desisti de tudo, pois aparentemente ninguém queria ajuda. Então, tomei a melhor ou a pior decisão da minha vida: fui para Praça da Matriz, (pensa no tamanho da confusão na cidade) montei uma banca com alguns preservativos que venceriam em apenas 06 meses e uma prótese de pênis para a demonstração do uso dos preservativos.


Ação da GAPAC,  sob a liderança de sua diretora, Rosângela Silva.
Nunca fui tão 'xingada' e humilhada como naquela ocasião, mais sabia que esse seria o melhor caminho para enfrentar os meus medos e mostrar para o que vim: “Educar”. Mostrar que a prevenção é a única arma contra as doenças. Como os políticos da cidade perceberam que eu não iria desistir, fizeram uma indicação para o repasse de uma subvenção para a entidade. Assim, aluguei uma casa e iniciei os trabalhos com a comunidade.



Trabalho de orientação para os jovens da cidade, através de trabalho voluntário.
Mudei de estratégia, indo em busca dos jovens, mostrando a eles  formas e meios de sensibilizá-los para uma mudança de comportamento eficaz e responsável. Depois de todos esses anos conquistamos o nosso espaço e respeito por parte da comunidade. Hoje trabalhamos no enfrentamento contra a Exploração Sexual Infanto-Juvenil.


Palestra na GAPAC com a profa. Christiane Gioppo, da UFPR.
A entidade trabalha ainda com outras questões, como a dependência química: para tanto são realizadas reuniões sócio-educativas com familiares na prevenção da co-dependência. Além disso, há atividades da SIPAT em  empresas privadas e públicas, capacitação de multiplicadores em prevenção, e também a elaboração e confecção de materiais educativos.


Meu nome é Rosângela Maria Silva. Sou pedagoga, tenho 46 anos, solteira e mãe de uma menina linda de 20 anos. Minha principal função na atualidade é a de Conselheira Tutelar, e diretora da GAPAC.

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