O MUNDO DA ARTE - QUANDO A REALIDADE À VOLTA É ACOLHIDA E REELABORADA
A natureza esta aí para ser admirada,
copiada, transmutada. É ela, a natureza, que com toda a sua variedade fornece a
matéria prima. Pode-se compreender a natureza em duas distintas
manifestações – a externa e a interna. Aquilo que cerca a vida humana e, aquilo
que o humano interpreta dessa energia vital. A natureza externa é rica em cor,
forma, variedade, quantidade e materialidade.
figura 1: da autora
A natureza interna se expressa pelos
valores individuais, de acordo com a emoção, a poética , a crença, o
conhecimento e a sociedade. Essa, sociedade, perpetua seu próprio tempo e
espaço, em representações simbólicas que a caraterizam. Assim, Picasso produziu
Guernica, Oiticica os Parangolés, Tarsila do Amaral o Abaporu.
A arte é esse processo criativo transformador,
onde a materialidade é empregada em toda a sua sutileza, ironia e
sustentabilidade. Algumas produções nos remetem à intervenção pessoal que
transmuta a realidade da paisagem, onde o entusiamo pictórico revela novas
cenas e composições sob a poética do artista.
figura 2 e 3: detalhe obras de Hannemann de Campos
São inúmeros os artistas e, centenas
de vezes maior a produção de arte. Cada um produz a sua maneira. Alguns, chegam
a fama em vida, enquanto outros, somente após a morte. Vários jamais serão
mencionados e, outros tantos se perdem pelo caminho. Muitos são os que
produzem, criam, manifestam suas expressões
artísticas. Em muitas dessas criações estão presentes as formas da roda e do círculo. A
roda e o círculo remetem ao principio do movimento e se aproximam das técnicas
modernas, onde o próprio mecanismo industrial parece estar mencionado. São
formas que expressam a dinâmica e a energia.
figura 4 e 5: Detalhe obra de Beatriz Milhares e exposição de suas obras.
A artista, Beatriz Milhares, abusa
das formas redondas e na feitura de sua obra existem algumas apropriações que
são aos poucos agregadas, tais como - colagens de papéis de bala,
chocolate, rendilhados, entre outros.
O artista cria pela
escolha, distribuição e deformação dos materiais. A deformação dos materiais já
pode ser alcançada por sua distribuição na superfície do quadro. Ela ainda é
apoiada pelo corte, pela dobra, por sua cobertura e repintura ... cordões , um
traço de pincel ou lápis, uma linha, arame, uma cobertura de tinta ou papel
manteiga adesivado em camada de verniz, algodão para dar maciez. (p. 22)
figura 6: Detalhe obra de Hamilton Manete.
O artista, em suas andanças pela
urbe, descobre e se apropria dos restos de construções civis e faz do reuso, um
olhar poético para compor a sua obra. O
processo do fazer artístico tem sua vitalidade na relação com o outro, uma
vez que a obra não observada, possivelmente, morre na clausura de si mesma. Considerando, que o
objeto de arte é uma representação que
necessita do olhar do outro. E, por certo, a produção contemporânea vive o
acumulo das cidades, nela se presentifica e, portanto a representa.
O merz, ao contrário, é a arte por meio da revalorização dos detritos da civilização. Tudo estava de
algum modo morte e importava construir algo novo a partir dos cacos.....
figura 7 e 8: detalhe obras Os gêmeos.
Os irmãos caracterizam em sua
produção toda, a ânsia urbana e as questões da vida em cidade se manifestam de
forma a personificar todo drama da
existência de forma poética. O pictórico dialoga com texturas que remetem
imageticamente à ideia de inúmeros recortes que se agregam para compor toda uma
cena onde cada detalhe se integra. O acumulo se faz presente de forma
organizada e, o reuso, incorpora um mesmo procedimento. São, por vezes,
assemblagens multicoloridas.
figura 9. Detalhe obra de EfigÊnia
Rolim de Moura.
Efigênia Ramos Rolim transforma papéis de bala, plásticos e
outras sucatas em bonecos, animais, bolsas e roupas. Através de um falar
repleto de rimas, Efigênia cria um universo fantástico e encantado, cativa seus
ouvintes contando suas histórias com ajuda dos objetos que criou, dando a eles,
de fato, vida. Sua produção ultrapassa as barreiras entre as Artes Cênicas e
Visuais, e sua singularidade é propiciada pela forma que trabalha os “restos”
da realidade.
Todos tem em comum o fazer artístico,
o produzir arte contemporânea. Hélio Oiticica (1937-1980), em 1962, comentou:
Schwitters inaugura um dos maiores
caminhos da arte de hoje, de onde derivam o Novo Dadaísmo, a arte bruta (em
parte), o materialismo etc.enfim toda a arte designada pelo termo inglês,
assemblage. (p.15)
Segundo, o artista brasileiro a
produção do alemão, Kurt Schwitters(1887-1948), eram valorosas contribuições
para a transmutação da arte, afirmando:
(...) jóias de arte contemporânea ,
pois usa aí para se expressar meios até então desconhecidos e, se usados, havia
sempre o fator cor a apoiar pictoricamente o que estava colado (jornal, papéis
em textura, etc)... No fundo reduziu o pintar ao colar e a poesia ao puro soar.
(p.15)
Em tempos de escolha, pensar a cultura e toda a sua
diversidade possibilita reflexões:
A justificativa da vida
e o objetivo da arte é a criação do novo
homem, que construirá a nova sociedade... nós reconhecemos no desenvolvimento da arte definitivamente
uma direção uniforme à abstração....
Bibliografia
KURT SCHWITTERS (1887/1948) – O artista MERZ.
Figuras: Arquivo pessoal.
0 comentários:
Postar um comentário
Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.