sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Teatro Expressionista:Montar um espetáculo exercitando a criação de personagens a partir da interpretação Naturalista.





Nos bastidores da montagem “O Despertar da Primavera” de Frank Wedekind ( Metodologias de Estudos).

Paulo Oseas 

Fotos: Katia Peixoto

I. Introdução


O roteiro abaixo é uma tentativa de fazer uma “analise estética” de um processo de montagem, bem como “sintetizar” vários dos temas que temos visto em sala para o palco. Como já foi dito, o espetáculo O Despertar da Primavera, pela turma dos alunos do 4 e 6  Semestres de Arte Cênicas da Faculdade Paulista de Artes, servirá como “objeto de estudo”. Contudo, a ideia é que esse roteiro possa ser adaptado para qualquer outro espetáculo “com outra proposta estética” que será montado na Faculdade Paulista de Artes, já que, de certa forma, através dele estou tentando fazer uma “síntese” de minhas aulas.
Acima de tudo, a ideia é colocar em prática coisas que temos visto em sala de aula (Teoria) para o palco (Prática).
Também, até mesmo por estarmos no campo da estética – e é sempre bom lembrar, estamos falando da “ciência da percepção e da sensibilidade” –, vale lembrar que estamos convidados a abusar da imaginação. Contando que saibamos como explicar as observações teoricamente, através de conceitos estudados nas aulas.
Desnecessário lembrar que, aqui, não há espaço para o simples “gostei” ou “não gostei”. E, muito menos, estamos no campo da “crítica jornalística”, que, quando bem feita, parte de uma análise semelhante, mas envereda por outros caminhos.
O objetivo fundamental do exercício é tentar compreender como os códigos que serão propostos abaixo foram utilizados pela Direção (Paulo Oseas) e  Alunos/Atores  para expressar sua mensagem; como estes códigos “dialogam” entre si (criando novos sentidos e significados) ou, ainda, como esta “orquestração de códigos” buscou dialogar (ou impactar) com a sensibilidade do público[1].


Ensaio de maquiagem.
foto: Katia Peixoto


II Questões conceituais


Procuramos: Professor/Diretor e Alunos/Atores refletir sobre os elementos (expressionistas) que compõem as personagens, lembrando algumas das características de outros exemplos do movimento vistos em aula – Nosferatu, Dr. Caligari, a figura de “O grito” (de Munch), o “vampiro” de Dusseldorf: figuras “arquétipas”, mergulhadas no “grotesco” e na “demência”; que circulam entre a piedade e o estranhamento.


III Um pouco sobre “O Despertar da Primavera Um grupo de adolescentes vive as excitações, prazeres e dúvidas próprias da idade, na passagem para a vida adulta, as contradições familiares e a escola. A rebeldia própria dos jovens revelarem-se de modo contundente e poético, criando um drama cheio de ação e sensualidade.

Como tenho insistido, toda análise estética (ou interpretação de uma obra) precisa ser feita em relação ao “contexto histórico” (elementos da história/realidade) e do “imaginário” (ideias, distintas correntes de pensamento, mitos, concepções filosóficas e estéticas – inclusive do “autor” e/ou movimento ao qual ele se filia). Por isso, antes mesmo de começarmos a análise, se nosso objetivo fosse realizar um estudo mais amplo, seria preciso pesquisar estas informações, pois, como lembra David Ball:

“Todo tipo de informação de que se puder dispor é útil; informações extrínsecas à obra: sobre o autor, sobre a época, sobre o contexto cultural de que o texto emergiu, e assim por diante. As informações mais proveitosas provêm das outras obras do mesmo autor”. (Ball, 2009: 113).

Como, no nosso caso, se trata de um roteiro, centrado na análise dos códigos em si serão oferecidas apenas algumas informações básicas e/ou orientações sobre o contexto e o imaginário:

No caso de uma peça, é sempre importante considerar o “contexto” num duplo sentido. Qualquer montagem é sempre o resultado de uma relação “dialética” (divirtam-se recuperando o conceito em suas mentes....) entre o “contexto de produção”, ou seja, o momento em que o texto foi escrito e montado pela primeira vez, e o “contexto de realização”, isto é, a montagem atual, no caso, a dos alunos da Faculdade Paulista de Artes. Uma orientação geral é ficar atento para como essa relação “contraditória” entre dois momentos históricos ganham forma no palco. Ou seja, como a turma de alunos e a direção, em vários momentos, “atualiza” elementos do espetáculo para se referir diretamente a questões da nossa atualidade. Como também, e principalmente no caso deste roteiro, é fundamental buscar entender como a encenação criada por Frank Wedekind é um reflexo de sua época e das ideias que estavam em voga naquele momento. Para refletir sobre a relação do “contexto de realização”.


Neste sentido, cabe lembrar que “O Despertar da Primavera” é um texto escrito pelo alemão Frank Wedekind entre os anos 1890-91, e aborda de maneira contundente a delicada fase de transposição entre a infância e a adolescência em uma sociedade que trata o “não adulto” como um “não sujeito” tomado por muitas obrigações e obediências e nenhum direito.

A partir da obra de Wedekind, temos a possibilidade de ampliar as experimentações, a contextualização das personagens acerca das questões humanas na criação das cenas do espetáculo.
Avaliamos que tais metodologias pedagógicas são fundamentais para o aluno/ator e para o processo de desenvolvimento intelectual e prático de um futuro professor ou de um ator profissional.
Despertar nos alunos o interesse pela pesquisa cênica com objetivo de relacionar as principais questões abordadas na obra “O Despertar da Primavera” de Frank Wedekind e as influencias do movimento expressionista. Sua técnica dramatúrgica atualmente é discutida como ―precursora‖ do Expressionismo no teatro

Expressionismo. Movimento estético de origem alemã que ocorreu no início do século XX, em oposição ao Expressionismo extrema Realismo. Os adeptos desta tendência procuravam refletir a face subjetiva dos eventos através da distorção da realidade objetiva, da fragmentação da narrativa, superpondo cenas como no processo cinematográfico, conferindo um caráter simbólico e às personagens, entre outras criações. Podem ser incluídos nesta tendência os dramaturgos
August Strindberg*, Ernst Toller (1893-1939), Oskar Kokochka (1886-1980), Eugene O’Neill*, Elmer Rice 1892-1967), entre outros.

As observações feitas pela Direção e pelos alunos podem ser utilizadas para entender melhor as referências e escolhas estéticas feitas pela turma, como também para compreender a relação que se pretende estabelecer com a realidade contemporânea. A direção optou pelo despojamento sem perder de vista o traço amargo que permeia a obra trágica do autor. O espetáculo apoia-se na interpretação dos alunos/atores em suas possibilidades expressivas, musicais, corporais e vocais.


ð A montagem de Paulo Oseas, que contou com a coreografia do aluno Henrique Santana (o intérprete do personagem Melchior), De forma colaborativa foi planejado que cada aluno/ator abordasse cada segmento que compõem o espetáculo, ou seja, coreografia, música, cenário, figurino, maquiagem, iluminação, etc. Não apenas pensar só na interpretação, mas despertar capacidades criadoras e Aguçar os sentidos: visão, audição, tato, olfato e o sentido poético, enfim, Proporcionar uma experiência coletiva prazerosa, de modo que os participantes sintam-se cativados pela prática teatral. O espetáculo é o conjunto de ideias artísticas sugeridas por todos. Uma referência mencionada na coreografia igualmente foi o “Expressionismo”

ð A “trilha” foi composta no processo da montagem, a partir de “temas” que foram sendo construídas para os diferentes personagens, situações, cenas, etc., principalmente em função dos diferentes “tons” dados pelos protagonistas. No decorrer do processo, estes “temas” foram sendo modificados, subvertidos ou combinados de acordo com o sentido desejado.
ð Os Alunos: Bruna Brunette e Denis Snoldo têm formações artísticas bastante diversas, consequentemente, suas referências estéticas são múltiplas e se entrelaçam na composição da trilha.

A Direção destaca que alguns dos principais elementos dos códigos musicais que foram utilizados para construir a trilha e expressar os significados foram os seguintes:

§  As variações na melodia, ou seja, na sequência de sons e pausas que, geralmente, constrói o “sentido” da música;
§  As variações na harmonia, ou seja, no encadeamento dos acordes (criando, por exemplo, momentos “consoantes” ou “dissonantes”).
§  A utilização de ritmos diferenciados, ou seja, de variações na duração e acentuação dos sons.
§  Outro elemento importante na composição foi dado pelas possibilidades relacionadas aos timbres e tonalidades que estão bastante relacionados aos muitos instrumentos presentes em cena.
Como orientação geral, preste atenção tentando identificar como estes elementos são utilizados identificar personagens, indicar passagens de tempo, situações, “estados mentais”, etc.

III. Os elementos da análise


No final do texto, há uma indicação bibliográfica que serviu de referência para a preparação deste roteiro.Um texto fundamental, neste sentido, é A análise dos espetáculos, de Patrice Pavis, por isso partes deste livro serão esporadicamente citados, para ajudar nas orientações, a começar pelo própria de “análise”.
Segundo Pavis, fazer uma análise implica na “identificação das áreas do espetáculo e de sua organização”, buscando entender as “relações mútuas no interior da encenação e a maneira com a qual esses elementos se recompõem misteriosamente na cabeça do espectador”, algo que necessita, obrigatoriamente, de uma “multiplicidade de métodos e pontos de vistas” (Pavis, 2010: X e XI).
No nosso caso, como se trata de um exercício, a proposta é “decupar” o espetáculo, ou seja, decompô-lo em seus códigos básicos, ficando na fase inicial da análise, como também destaca Pavis:

“Analisar, de fato, é decompor, cortar, fatiar o continuum da representação em camadas finas ou em unidades infinitesimais, o que evoca mais o trabalho de um açougueiro ou de um ‘despedaçamento’ do que uma visão global da encenação e pela encenação” (Pavis, 2010: 05).

A ideia, aqui, é analisar os códigos isoladamente, sempre com o objetivo de tentar compreender como as características ou particularidades de cada um deles foram utilizadas pela montagem; como eles foram manipulados para dar “forma” (aquilo que é denotado, através de um determinado “significante”) ao “conteúdo” (o que é conotado, através de seu respectivo “significado”) que eles queriam expressar.
Como já foi apontado em sala, esta terminologia (“significante”, “significado”) foi herdada da Semiologia (ou ainda, Semiótica ou “teoria dos signos”). E por isso mesmo, é sempre bom lembrar que “a semiologia não é um compartilhamento de códigos comuns ao autor-ator-encenador [ou seja, os emissores] e ao espectador [o receptor] que decodificaria mecanicamente os sinais emitidos em sua intenção”. (Pavis, 2010: 08).
Ou seja, existe uma infinidade de fatores (sociais, psicológicos, ideológicos, culturais, etc) que intervêm no processo que vai das “intenções” dos emissores e a forma como os receptores “percebem” esta mensagem. Um destes fatores, para o qual eu gostaria que vocês dessem especial atenção na feitura deste exercício é o olhar do espectador (que inclui, no caso, o de vocês próprios).
Pavis recorda que qualquer análise é influenciada pelo “olhar subjetivo do espectador, olhar nunca neutro”, já que este olhar carrega as concepções de mundo, idéias, gostos e preferências (morais, ideológicas etc) do espectador. (Pavis, 2010: 19). Sendo assim, ao final deste exercício, espero que estejam todos convencidos de que quanto mais “formado” (ou “informado”) for o “olhar” do espectador, mais profunda será sua capacidade de se relacionar e, consequentemente, analisar o espetáculo.


Figurino e caracterização


Pavis lembra que as peças do figurino, geralmente, “confirmam ou infirmam os outros dados materiais do espetáculo”, podem cumprir diversas funções como “caracterização do meio social, época, estilo, preferências individuais”, “localização dramatúrgica para as circunstâncias da ação”, “identificação ou disfarce do personagem” ou, ainda, “localização do gestus global do espetáculo, ou seja, da relação da representação, e dos figurinos em particular, com o universo social”. (Pavis, 2010: 164). O mesmo pode ser dito sobre os vários elementos da caracterização, o penteado e demais elementos.
Máscaras se repetem ou repercutem em vários níveis do espetáculo. Elas estão na abertura do espetáculo; estão presentes nas transições e até mesmo no centro da narrativa (se considerarmos o grafite “O Grito” como uma espécie de “mascaramento”).  Identificar o significado de sua presença, tentando, ainda, refletir se esta ideia de “mascaramento” pode ser uma “chave de leitura” para o que “expressionista”  Wedekind “expressa” com sua história.

O figurino e a caracterização (incluindo o penteado, por exemplo) dos vários personagens também são codificados em várias situações.
Na mesma linha, outra possibilidade bastante farta em exemplos é tentar identificar o significado desejado com o figurino em cada um dos personagens, inclusive nas alterações que eles sofrem no decorrer da história. Existe uma transição entre a estética expressionista e uma releitura inspirada nos anos 90

Cenário, objetos de cena e iluminação.
Com colaboração do Aluno de Artes Plásticas: Pedro Branco assinando a Cenografia. Evidentemente, e até mesmo porque a “interdisciplinaridade” é um aspecto fundamental de qualquer montagem “Acadêmica”
O cenário é um elemento de evidente destaque na montagem do Espetáculo “O Despertar da Primavera”. O Palco Nu esta inteiramente integrado a toda encenação. Em alguns momentos objetos de cena e outros elementos dos cenários assumem um sentido significativo.

Analisamos os seguintes elementos teóricos, destacados pelo autor de Palco & Platéia (Camargo: 2003, 184 – 192)

“Um cenário adquire vida e passa a participar ativamente do conjunto do espetáculo quando se junta a ele, quando se integra num conjunto que envolve movimento, luz, cor e ritmo. O cenário não é um elemento estático e repetitivo, mas logo que se insere no tempo e se transfigura à medida que participa da evolução dramática”

“Observamos que o cenário não constitui um aglomerado de formas e volumes indissociado do homem. Ao contrário, é uma extensão do ser, um signo diretamente ligado aos caracteres, às paixões e às vontades. A rampa por onde descem os mais fortes, o trono destinado ao rei, o corredor, de onde saem os condenados e a floresta encantada dos gnomos, à beira da estrada, onde os andarilhos esperam Godot não são simples instalações, com a função de situar as cenas em algum lugar, mas elementos orgânicos, ativos, vinculados aos seres, ao espaço, ao tempo, às ações”.

Assim como o cenário, a iluminação tem um papel bastante expressivo, “dialogando com” ou incidem sobre os demais códigos (reforçando os significados, transformando-os ou contrapondo-os), como também lembra Camargo: “os elementos visuais do palco modificam-se completamente quando recebem luz, principalmente quando direcionada sobre eles (...). O poder de recortar, esculpir, esconder e revelar, dentre muitos outros efeitos que se podem obter com auxílio dos refletores, transforma completamente o espaço e os elementos que estão inseridos nele”. (Camargo, 2003: 196).

Música

A música, evidentemente, compõe um elemento de suma importância nesta montagem do Espetáculo O Despertar da Primavera. É uma música “diegética” (ou seja, presente na cena, em contraposição a extra-diegética, como seria, por exemplo, uma trilha sonora reproduzida eletronicamente) e, acima de tudo, não apenas integrada mas, sim, “participante” da encenação, o que é bastante coerente com a estética Expressionista que permeia a obra.

Segundo Pavis, são várias as possibilidades e/ou funções estéticas da música numa encenação teatral. Os efeitos musicais podem servir como “criação, ilustração e caracterização de uma atmosfera”; podem torna-se “um verdadeiro cenário acústico”, quando “alguns acordes situam o lugar da ação”; podem cumprir o papel de “um efeito sonoro cujo objetivo é tornar uma situação reconhecível”; pode servir como “pontuação” ou “marca” da encenação ou, ainda, como “um efeito de contraponto (...) que comentam ironicamente a ação”. (Pavis, 2010: 133).

Voz, fala e sonoplastia.

As variações na fala têm sempre um papel significativo no espetáculo. Atente, por exemplo, para as possibilidades abaixo, tentando identificar o significado das variações em aspectos “melodia”, “volume”, “tom” ou até mesmo “prosódia” (sotaque, acentos, aspectos e entonações singulares).

Em momentos a fala ou o texto foram codificados de tal forma a estabelecer um diálogo com o público contemporâneo ou, também, para estabelecer uma ponte entre o contexto de produção da peça e o contexto atual.

Importante também o papel que o silêncio cumpre em diversos momentos do espetáculo.





Gesto


Utilizarei aqui a definição de “gesto” apresentada pelos autores O universo do teatro: “a gestualidade dramática tem que incluir também, porque significativas, as posições do corpo quando estático. Nesse caso, o gesto define-se como sendo toda a atitude corporal, animada ou não”, sendo que, no decorrer do espetáculo, ele pode, ainda segundo os autores, ter uma função “pragmática” (empurrar um objeto, abrir uma ponta, voltar andar etc); pode adquirir um valor “simbólico” ou, ainda, pode ter uma função “didática” (pontuar o pensamento, traduzir ou trair os sentimentos de um personagem) ou de mera “identificação”, do status social do personagem, sua época, estilo, etc (Real Ouellet & Rigault, 1980: 48)[2]

            Há um elemento da montagem que eu irei enquadrar como “gesto”,             entendendo-o, também, como “atitude em cena”: o ato de fumar. Em termos estéticos, o conceito de “redundância” pode ser definido como o uso repetido de um código, como forma de construir, exatamente através de sua “insistência”, algum novo sentido/significado, que expressa algum conteúdo ou ideia importante para a leitura da obra.


ð  Outros gêneros que se entrecruzam na encenação proposta pela direção são o Expressionismo e o Naturalismo (Interpretação Naturalista). Evidentemente, os códigos (do figurino ao cenário; da voz à música) relacionam-se com os padrões destes diferentes gêneros, que ora se confundem, ora assumem confrontam. Como estamos estudando o Expressionismo, é interessante dar especial atenção para como as concepções e formas estéticas deste movimento, em particular, se manifestam no espetáculo (até mesmo porque eles se fazem presentes em elementos importantes da montagem, como a maquilagem). É importante refletir como estas opções estéticas influenciam na articulação e manipulação da totalidade dos códigos teatrais.


   Bibliografia de apoio e referência

BALL, David. Para trás e para frente: um guia para a leitura de peças teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2009.

CAMARGO, Roberto Gill. Placo & Platéia: um estudo sobre proxêmica teatral. Sorocaba (SP): Editora TCM, 2003.

            
           PAVIS, Patrice. A análise dos espetáculos: teatro, mímica, dança, dança-                                                                                                                                              São Paulo: Perspectiva, 2010 (2ª edição)


ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral: 1880 – 1980. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1998.



         
“Transformar texto em espetáculo” PAULO OSEAS 
          
            Palavras do diretor
Hoje levamos a todos o resultado de mais um espetáculo no Curso de Teatro da Faculdade Paulista de Artes.
Neste semestre produzimos para o público a montagem de um clássico do dramaturgo Alemão Frank Wedekind,o texto é considerado o mais importante da dramaturgia universal a tratar do assunto adolescência. Wedekind é um dos precursores do movimento expressionista alemão. 
“O Despertar da Primavera” Um grupo de adolescentes vive as excitações, prazeres e dúvidas próprias da idade, na passagem para a vida adulta, as contradições familiares e a escola. A rebeldia própria dos jovens revelarem-se de modo contundente e poético, criando um drama cheio de ação e sensualidade. A direção optou pelo despojamento sem perder de vista o traço amargo que permeia a obra trágica do autor. O espetáculo apoia-se na interpretação dos alunos/atores em suas possibilidades expressivas, corporais e vocais.
Neste trabalho recebi a confiança dos alunos/atores que trabalharam para transformação de papel em espetáculo teatral. Sempre achei que teatro tivesse relação direta com alquimia: aquela busca no querer transformar coisas,quando a mistura de uma “fórmula” é composta de muita paciência,muito querer e muita paixão. O grupo trabalhou como alquimistas e produziu mais uma peça no curso de Teatro da Faculdade Paulista de Artes. Fico feliz em participar de mais um processo com alunos/atores realmente interessados naquilo que se propuseram a realizar:

“Transformar texto em espetáculo” PAULO OSEAS




[1] O principal objetivo é que se entenda, através do roteiro, que “a representação teatral é um conjunto (ou um sistema) de signos de natureza diversa que depende se não totalmente, pelo menos parcialmente, de um processo de comunicação, uma vez que comporta uma série complexa de emissores (numa ligação estreita entre si), uma série de mensagens (...), um receptor múltiplo, mas situado num mesmo lugar”. A autora ainda destaca que, no caso do teatro, sempre falamos em “emissores”, no plural, já que envolvem, no mínimo, o “autor + encenador + técnicos + autores”; já a mensagem comporta, no mínimo, duas dimensões (o texto escrito e a montagem, em si, ou seja, a transformação do texto em espetáculo). (Ubersfeld, 2005: 09/10).
[2] Também leve em consideração as observações de Roberto Gill Camargo sobre o tema: “os gestos ilustram as falas, acompanham o significado das frases e palavras, negam o que esta sendo dito, revelam as emoções do falante, demonstram o que o ouvinte está pensando ou sentindo, mas também têm a capacidade de substituir as falas e expressar pensamentos, intenções e sentimentos através de inscrições silenciosas. O gesto constitui um poderoso meio de comunicação, seja como elemento dependente da fala ou como elemento autônomo e capaz de veicular significados por conta própria”. (Camargo, 2003: 111).



Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italianoprincipalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.

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