O filme norueguês, "Blind", em cartaz nos cines de SP, traz a visão que mais vale.
Somos uma incógnita complexa formada de
cromossomas e genes numa composição celular organizada e "colada" pelas
moléculas de carbono. Somos também, a mescla de uma composição alegórica do
mundo: da influência do espectro cosmos,
pontuada desde Tales de Mileto e, posteriormente descrita por inúmeros físicos
quânticos; da nossa velha herança
cultural, social, espiritual, filosófica e outras tantas mais. Nós fazemos
parte de um todo em constante mutação que nos chega pela permissão de nossa
mente.
Porém, nossa mente vai eleger aquilo que pode ou não nos ser revelado pelo viés do consciente, deixando encoberto a enorme gama do inconsciente. Como aqui vou falar de cinema, a psicanálise freudiana, com interpretações dos sonhos e hipnose, ou a teoria das sombras junguiana não serão enfatizadas, mas poderia, caso houvesse interesse de alguém da área.
Porém, nossa mente vai eleger aquilo que pode ou não nos ser revelado pelo viés do consciente, deixando encoberto a enorme gama do inconsciente. Como aqui vou falar de cinema, a psicanálise freudiana, com interpretações dos sonhos e hipnose, ou a teoria das sombras junguiana não serão enfatizadas, mas poderia, caso houvesse interesse de alguém da área.
O que acontece na mente da personagem e o que acontece no mundo real - Exercício constante para o expectador de "Blind" |
Essas considerações iniciais são apenas
para pensarmos que nossa imaginação nos é cara e muitas das vezes penosa. Nossa
imaginação está sempre aberta a influências múltiplas que são captadas a todo
momento e acumuladas na memória. Provavelmente não temos como
comensurar aquilo que guardamos na memória, dado a complexidade de sua forma, captação
e armazenamento.
A audição .. mundo interno, o olhar ... mundo externo - paradigma entre o mundo real e o imaginário permeiam os personagens de "Blind" |
Se sentimos o mundo pelos cinco canais de
sentidos, tendo a visão como provavelmente o maior responsável pela imagem, no
sentido forma, quando se perde a visão conservamos a memória visual daquilo que
foi visto no passado. O que acontece quando essa memória visual para de receber
estímulos ? Ela se esvai com o tempo? A imaginação, sem novas demandas visuais, vai se tomando mais
livre para compor outros percursos. Essa nossa liberdade de composição visual é
ressaltada no filme “Blind”.
O imaginário é a visão que
mais vale. Foi essa frase que ficou em minha cabeça após assistir "Blind",
filme norueguês que está em cartaz nos cinemas de SP. O roteirista Eskil Vogt
teve sua estreia como diretor e se deu muito bem.
Com alguns prêmios já na
bagagem de Blind, Vogt chegou a sentir-se surpreso com o sucesso do filme. Com
histórias isoladas que posteriormente se cruzam, o filme traça um itinerário
incomum entre o real e o imaginário e tece um ótimo jogo de adivinhações que
mexe com as estruturas estagnadas de conceitos sobre sexualidade, beleza e
solidão. Super recomendo !!!!
Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
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